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Banjo-Kazooie (N64) e a era de ouro da Rare nas plataformas 3D

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Com personagens carismáticos, mundos enormes para explorar, dezenas de movimentos especiais, itens para colecionar e uma jornada inesquecível, Banjo-Kazooie deu sequência, no Nintendo 64, ao excelente trabalho da Rare ao lado da Nintendo na década de 1990, sendo um dos jogos de plataforma 3D mais bem produzidos da geração e uma página importante na história dos videogames.

Super passado

Depois do sucesso da série Donkey Kong Country no Super Nintendo, que vendeu milhões de cópias e surpreendeu os jogadores com lindos gráficos pré-renderizados, a Rare aproveitou a sua tecnologia gráfica para desenvolver um novo jogo, conhecido apenas como Project Dream.

O game, que também fazia uso da tecnologia ACM (Advanced Computer Modeling), era protagonizado por um garoto chamado Edison, e misturava elementos de RPG, ação e exploração em belos cenários isométricos. Certamente, seria mais um grande título para o Super Nintendo, mas, devido à chegada do Nintendo 64, o projeto foi se tornando ultrapassado para a nova geração, tendo que migrar para o novo console da empresa.

Já no Nintendo 64, Project Dream continuou em desenvolvimento, sofrendo diversas modificações até que, em 1997, depois do time de produção se encantar com Super Mario 64, o sonho da Rare se transformou e a empresa criou um dos melhores jogos de plataforma 3D da história do Nintendo 64, e um dos jogos mais queridos da segunda metade da década de 1990. Surgia, em junho de 1998, Banjo-Kazooie.

Era uma vez

A história de Banjo-Kazooie começa quando a bruxa Gruntilda, uma das criaturas mais feias de Spiral Mountain, pergunta ao seu caldeirão se existe alguém mais bonita do que ela. Sem pestanejar, a resposta vem rapidinho: a “garota” mais bonita do que ela é a ursa Tooty.

Desesperada para obter a beleza de Tooty, Gruntilda rapta a ursinha. Mas Tooty não ficaria desamparada, pois seu irmão Banjo é avisado por Bottles, amigo de Tooty, sobre o sequestro. Pronto para salvar a irmã, Banjo sai em uma jornada cheia de desafios ao lado de Bootles, de Mumbo Jumbo (Shamã mestre de Gruntilda) e da sua companheira fiel, Kazooie, em um game de plataforma recheado de itens, cenários, inimigos e plataformas.

Raro mundo

Com a missão de salvar Tooty em mente, o jogador controla Banjo e Kazooie por diversos mundos enormes, precisando coletar uma vastidão de itens para liberar novas rotas e ainda desbloquear novas habilidades que permitem acessar novos estágios e completar mais missões.

O estilo de jogo segue a fórmula consagrada por Super Mario 64 dois anos antes, na qual um personagem navega por cenários 3D interligados por um ambiente central que dá acesso às rotas. A ação é toda em três dimensões, tendo o jogador que se preocupar em atacar inimigos, saltar plataformas e resolver pequenos quebra-cabeças.

Diferente de Super Mario 64, contudo, a ênfase do jogo não está inteiramente na precisão dos saltos e na superação dos obstáculos. Embora existam diversos momentos que exijam movimentos coreografados, o foco do game está na exploração dos cenários para conseguir completar as missões. E nisso, Banjo-Kazooie é especial.

Basta entrar no primeiro mundo, e dar uma boa olhada pelo cenário, para perceber a enorme variedade de itens para coletar e lugares para explorar. São notas musicais, inimigos e personagens espalhados por todos os cantos. Tudo milimetricamente planejado, do jeito que a Rare se especializou em fazer.

Multitarefa

Para explorar os nove cenários do jogo, Banjo e Kazooie possuem uma enorme variedade de movimentos e até transformações, sendo boa parte desbloqueados com o progresso do jogo. Entre as principais açõesda dupla animal estãosocar, pular, correr, voar, nadar, rolar, atirar ovos, entre outros. As possibilidades de jogo são enormes e, praticamente, todas serão exigidas ao longo das missões.

Fora os movimentos coordenados da dupla, os protagonistas ainda possuem várias transformações que mudam a aparência e a forma de controlar os protagonistas, como as formas de cupim, crocodilo, abelha, e morsa. Cada uma com habilidades próprias e jogabilidade diferenciada.

Explorando

Dentro das fases, é preciso completar uma série de pequenas missões para avançar, como recuperar 10 jiggies, 100 notas musicais, cinco Jinjos coloridos. Só assim é possível avançar no jogo e desbloquear novas áreas.

Completar essas missões é uma tarefa árdua e bastante trabalhosa. Mas, a Rare deu liberdade total para o jogador fazê-las como bem entender. Não existe uma única forma de conseguir os itens ou de explorar o mundo. O estágio está lá para você explorar do seu jeito e na sua velocidade. Em alguns raros casos se torna uma tarefa meio enfadonha, mas há sempre o que fazer e quem encontrar, já que diversos personagens diferentes habitam as fases.

A interação com outros personagens traz um ar de novidade constante para a aventura, ao mesmo tempo em que traz vida para os mundos. Poder encontrar novos amigos e bater aquele papo bem louco — a “dublagem” é um show à parte —, quase sempre com trocadilhos e piadas, é, geralmente, um momento de diversão entre as missões mais tensas.

Vida em três dimensões

Cada mundo, item e personagem possuem uma beleza magnífica, principalmente se comparados aos jogos da primeira leva do Nintendo 64. São diversas texturas, cores, efeitos de luz e sombra e uma excelente modelagem dos personagens tornando Banjo-Kazooie um dos jogos mais bonitos do Nintendo 64.

Para quem jogou Super Mario 64, por exemplo, deve lembrar dos objetos chapados, com cores únicas e formas mais retas. Em Banjo-Kazooie, as formas possuem mais detalhes, as cores mais tons e as texturas são bem diversas, ajudando a dar vida aos mundos. O efeito de iluminação também é bastante interessante e convincente, embora não tenha o mesmo primor dos últimos jogos do console.

A movimentação de Banjo é suave, contando com dezenas de animações diferentes para cada tipo de ação. Somando isso ao fácil controle do herói, temos um jogo bastante agradável de jogar, tirando por alguns momentos em que a câmera realmente atrapalha bastante — problema constante na maioria dos jogos de plataforma 3D.

Completando a beleza gráfica, temos uma trilha sonora digna das mais completas do Nintendo 64. Instrumentos exóticos, melodias que grudam na memória e musicas que se adaptam aos momentos do jogo tornam a exploração ainda mais instigante. Isso sem falar da infinidade de efeitos sonoros, como as “vozes/grunidos” de todos os personagens, que são únicas, mesmo para criaturas que aparecem alguns segundos durante o jogo.

Vasto mundo

O mundo de Banjo-Kazooie é vasto e desafiador. A aventura tem início na Spiral Mountain, área onde aprendemos os primeiros comandos do game. Em seguida, vem Gruntilda’s Lair, que é o “hub” do jogo, onde os nove mundos são interligados.

A primeira fase é a Mumbo’s Mountain, lar do adorável Mumbo Jumbo, o shaman que tem a habilidade de “ensinar” novas transformações ao Banjo. Em seguida, temos a Treasure Trove Cove, uma ilha deserta gigante com o imponente navio de Blubber e um castelo de areia submerso chamando atenção.

O jogador também explora os esgotos de Clanker’s Cavern; o pântano de Bubblegloop Swamp, com as suas piranhas e crocodilos; a congelante Freezeezy Peak, com o seu boneco de neve gigante ao centro; o deserto escaldante de Gobi’s Valley; a mansão mal-assombrada de Mad Monster Mansion; a dificílima Rusty Bucket Bay, com seu imenso navio em águas poluídas; e, por fim, a árvore de Click Clock Wood, que leva até o confronto final contra Gruntilda.

Cada fase apresenta mecânicas próprias, variedade de ações e até inimigos próprios, tornando a exploração bastante divertida, mesmo quando as missões parecem intermináveis e um pouco repetitivas.

Clássico

Aprimorando muitos dos conceitos apresentados pelos primeiros jogos de plataforma 3D da década de 1990, esbanjando carisma, possuidor de uma qualidade técnica poucas vezes vista no Nintendo 64, e protagonizado por uma dupla adorável capaz de quase tudo por uma boa aventura, Banjo-Kazooie se tornou um clássico da geração 32/64-bit.

Seu jogo de estréia vendeu milhões de cópias, sendo um cartucho quase obrigatório para os donos do N64 da Nintendo. Seu enorme sucesso rendeu mais uma continuação na mesma geração, chamado Banjo-Tooie, e mais dois títulos para Game Boy Advance: Banjo-Kazooie: Grunty’s Revenge e Banjo-Pilot.

Contudo, depois que a Micrsoft adquiriu a Rare, a dupla passou, e passa, por um período sombrio, contando apenas com o esquecível Banjo-Kazooie: Nuts & Bolts para o Xbox 360. Todavia, a primeira aventura do urso com uma ave na mochila será lembrada pela sua extrema qualidade e beleza, reinando absoluto nos corações de quem gosta de uma ótima exploração em três dimensões nos videogames.

Revisão: Rafael Belmonte


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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