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Castlevania (NES): o surgimento de uma lenda

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Desenvolvido pela Konami para o Family Computer Disk System em 1986, e portado para o NintendoEntertainment System (NES) no ano seguinte, Castlevania deu início a uma das séries mais aclamadas da história dos videogames e iniciou uma saga que atravessa gerações proporcionando desafio, exploração, ação e aventuras inesquecíveis.

Há 100 anos…

Reza a lenda que a cada 100 anos o temível Conde Drácula renasce de seu sono eterno para trazer caos e destruição ao mundo. Mas, tão milenar quanto o seu renascimento é a luta interminável do clã Belmont, uma família de caçadores de vampiros, para exterminar esse maligno ser.

Com o retorno de Drácula, o jovem Simon Belmont, descendente dessa tradicional família de caçadores de vampiros, surge como o único capaz de enfrentar Drácula e toda a sua horda de monstros que habitam as redondezas do seu imponente castelo localizado na Transilvânia.

Com muito treinamento e em posse do Vampire Killer, um chicote capaz de estraçalhar qualquer ser das trevas, Simon parte em uma dura jornada, enfrentando todo tipo de criatura e superando as inúmeras adversidades de locais tenebrosos para, enfim, desafiar o seu maior inimigo.

O mundo das sombras

Com o retorno de Drácula, diversas criaturas do mundo das sombras despertam, tornando o caminho de Simon Belmont até o centro do castelo uma verdadeira provação de força e perseverança, exigindo do jogador extrema habilidade com os comandos do jogo.

Ao longo da aventura, nós deparamos com morcegos, zumbis, panteras negras, homens-peixe, medusas, corvos, cavaleiros, esqueletos, águias, múmias, fantasmas, corcundas, cabeças de dragões, o Frankenstein e até a própria Morte. Praticamente todo o universo de terror representado em livros e filmes até aquele momento marca presença ao longo do jogo.

O mesmo pode ser dito dos cenários, pois passamos por florestas, castelos, calabouços e cavernas. Tudo isso com uma ambientação incrível, com destaque para os detalhes nas construções, nas árvores ao fundo, nas rachaduras das paredes e nas cores de vitrais e pinturas.

O caminho das pedras

Para concluir o game, é preciso passar por seis estágios, cada um mais complicado e desafiador do que o outro. O primeiro, que serve de introdução para as mecânicas do jogo, tem início no jardim do castelo, com uma floresta ao fundo e com o caminho iluminado por pedestais. O resto da ação acontece no interior do castelo, com suas janelas enormes e cortinas rasgadas, tudo para dar um clima mais sombrio.

O segundo estágio se passa dentro de um castelo de paredes de tijolos avermelhados, com lustres que despencam, fantasmas e cavaleiros para todos os lados, e uma Medusa medonha no final de um labirinto de escadarias. Depois desse duelo, o jogador chega ao terceiro estágio, uma longa ponte suspensa em ruínas com dezenas de morcegos para atormentar Simon e jogá-lo para baixo.

No quarto estágio, é a vez de começar numa caverna enfestada de criaturas aquáticas que saltam a todo momento enquanto o jogador desvia de morcegos. Saindo dessa caverna claustrofobia, Simon ainda enfrenta vôos rasantes de águias enquanto se aproxima do duelo contra Frankenstein.

A caçada final

O quinto estágio é um calabouço extremamente resistente, com paredes acinzentadas, portões envelhecidos e caveiras penduradas por toda parte. O caminho é aterrorizante. Mas, mais do que isso, esse cenário prepara o jogador para um confronto com a própria Morte antes de seguir até o topo do castelo onde o verdadeiro inimigo repousa.

O último estágio é um pesadelo. Morcegos gigantes protegem uma ponte que desmorona a cada passo. Em seguida, esqueletos e águias farão de tudo para derrubar o jogador enquanto é preciso fazer acrobacias pelas engrenagens do relógio central para, finalmente, ter acesso ao último lance de escadas até ele, o conde Drácula, com a lua ao fundo e um caixão no centro da sala. Esse é um confronto épico, que poucos são capazes de superar.

Como nos velhos tempos

O nível de dificuldade em Castlevania é altíssimo. Os inimigos surgem de todas as direções, possuem, geralmente, movimentos mais rápidos do que os do protagonista, a movimentação de Simon Belmont é truncada e os confrontos contra chefes são um terror até aprender o estilo de luta de cada um deles. Mas, dominando os itens e a jogabilidade, é possível passar menos raiva.

Verdade seja dita, pular nesse jogo é um pesadelo. Os saltos são “secos”, sem a possibilidade de alterar a rota no ar. Mas o pior mesmo é quando o personagem sofre algum dando, sendo jogado para trás, o que ocasiona a maioria das mortes.

Controlar o caçador de vampiros é relativamente simples, com exceção dos pulos. O direcional movimenta o personagem, enquanto os botões de ação servem para saltar e atacar com o chicote. Além do Vampire Killer, vários itens podem ser utilizados e adquiridos ao longo do jogo, como corações para utilizar as armas, comida para encher o life, e até um cristal mágico para destruir todos os inimigos em cena.

O grande atrativo do arsenal, contudo, são as armas secundárias. Cada uma com suas próprias características servem para tornar o confronto contra Drácula, e o seu exército das trevas, um pouco mais justo. Ao seu dispor estão: Relógio, Adaga, Machado, Água benta e a Cruz. Crucifixos, Poções de Invencibilidade e melhorias para o chicote também fazem parte do pacote.

Atmosfera única

A princípio, quando lançado, Castlevania poderia parecer apenas mais um jogo de progressão lateral, como tantos outros lançados na primeira metade da década de 1980. Mas, além de guiar um herói por cenários enquanto salta plataformas e ataca inimigos, o jogo traz uma atmosfera única.

Toda a ambientação foi bem elaborada. Os cenários possuem detalhes caprichados, como lustres, vidraças, cortinas e algumas “texturas” diferentes para cada tipo de objeto. O visual é realmente marcante, transmitindo bem a sensação de ser um belo conto de terror.

Mesmo sendo um título do início da geração do console, o cuidado com os detalhes fez toda a diferença para recriar um cenário que já fazia parte do imaginário de quem admira obras de terror. Mesmo com poucos sprites, podemos facilmente identificar os inimigos. As cores, os objetos, os monstros e o castelo saltam aos olhos do jogador, ajudando bastante a criar a sensação de viajar ao passado da Europamedieval.

As melodias

A experiência de enfrentar Drácula nesse mundo macabro não seria a mesma sem a fantástica trilha sonora. Motivadora, frenética e cheia de energia, as canções de Castlevaniasão um dos maiores destaques do jogo. Cada faixa representa perfeitamente as situações que vemos na tela.

https://www.youtube.com/watch?v=JYfgpodCVHE

Quando Simon está prestes a enfrentar um dos chefes, por exemplo, o som pesado do órgão atenua a sensação de perigo e medo para deixar o confronto ainda mais intenso. Quando percorremos longos salões lotados de monstros, é inevitável não se sentir um verdadeiro caçador de vampiros com os riffs e batidas ritmadas das lindas melodias.

Versões

Castlevania foi portado para diversas plataformas em várias épocas. O jogo saiu primeiro no Japão para o Family Computer Disk System; depois saiu a versão em cartucho para o NES, em 1987; em 1993, o Famicon recebeu a sua versão em cartucho também, incluindo um modo “easy”.

Em 2002, foi a vez do PC ter a sua própria versão lançada na coletânea Konami Collector’s Series: Castlevania & Contra. Já em 2004, o portátil Game Boy Advance teve o jogo como parte da coleção Classic NES Series, publicada pela Nintendo. E, em 2017, com o lançamento do NES Classic Edition, o Nintendinho Mini da Nintendo, Castlevania figurou entre os 30 jogos disponíveis para o console.

Um clássico

Passadas algumas décadas desde o lançamento, é fácil apontar falhas na jogabilidade dura, nos pulos lentos e na falta de agilidade do ataque em Castlevania. Mas, se pensarmos no contexto de sua chegada, é fácil entender os motivos que levaram este game ao sucesso entre público e crítica.

Excelente ambientação, trilha sonora avassaladora, belos visuais, um ótimo protagonista, um vilão conhecido, ótimas sequências de ação e plataforma, e um desafio extremo fizeram de Castlevania um dos mais lembrados jogos do NES, e o tornaram o ponto de partida de uma série que acertaria em cheio, com uma estaca, o coração dos gamers em todo.

Castlevania
Desenvolvedora: Konami
Publicadora: Konami
Plataforma: NES/Famicon
Lançamento: 1986

Longplay

Revisão: Rafael Belmonte

Ítalo Chianca

Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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