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Killer Instinct e a brutalidade com selo Nintendo no SNES

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Conhecida por censurar diversos elementos dos games para os seus consoles, a Nintendo chutou o balde com Killer Instinct, jogo de luta extremamente violento e brutal que saiu dos arcades para se tornar um clássico da porradaria no Super Nintendo. Vamos relembrar?

Ah, e se você curte jogos de luta, aproveita e dá uma lida na Revista Jogo Véio Pocket Nº 1, com 50 clássicos do gênero!

Parceria de peso

Em 1994, o mercado de videogames vivenciava intensamente o momento de transição entre as gerações 16-bit e 32-bit. Os jogos poligonais começavam a despontar com o PlayStation e o Saturn, e o Nintendo 64 já era bastante aguardado. Foi nesse período que a Nintendo fechou uma parceria com com a Midway e Rare para o desenvolvimento de jogos para arcade que utilizassem a tecnologia “Project Reality”, que seria usada no Nintendo 64.

Foi da primeira leva de jogos a utilizar a tecnologia de 64-bit que surgiu Killer Instinct, game de luta com gráficos pré-renderizados que tinha lançamento previsto para arcades e Nintendo 64. O jogo até saiu para os fliperamas da vida, mas, devido o adiamento do console de 64-bit da Nintendo, o projeto foi portado para o Super Nintendo e para o Game Boy, tornando-se um dos últimos grandes jogos da Nintendo para o seus videogames da época.

Quebrando barreiras

Depois de ser muito bem recebido nos arcades, Killer Instinct foi lançado para Super Nintendo no dia 30 de agosto de 1995. Como era de se esperar, o jogo apresentava diversas modificações em comparação com o original, principalmente gráficas, para que o jogo pudesse rodar no console. Porém, o trabalho de adaptação foi um sucesso, tornando o game uma versão digna de respeito.

Se compararmos aos arcades, a versão de Super Nintendo teve os personagens reduzidos, várias texturas foram removidas, efeitos de som e luz praticamente deixaram de existir, o som foi simplificado e o zoom e as escalas também foram retiradas.

Contudo, utilizando todo o poder de processamento do console, com auxílio do Mode 7, o game conseguiu renderizar muito bem os personagens e reproduzir os gráficos pré-renderizados através de visuais pseudo-3D simulados, preservando a identidade visual do jogo original e proporcionando uma experiência visual muito acima da média na época.

E, para completar a alegria dos fãs, o cartucho vinha na cor preta, acompanhando de um CD com a trilha sonora nas primeiras cem mil cópias vendidas nos EUA. Um luxo só.

Torneio moderno

Assim como a maioria dos jogos de luta, Killer Instinct possui um enredo simples, mas suficiente para explicar as motivações para os combates. Nesse caso, o Killer Instinct é um torneio organizado pela corporação Ultratech que tem como objetivo testar a força de suas criações contra grandes lutadores do mundo todo.

Se isso já não fosse o suficiente para tornar o torneio bem maluco, a empresa ainda libera um temível monstro chamado Eyedol da sua prisão depois de experimentos com uma tecnologia que cria ligações entre diferentes dimensões.

Essa história é meio doida, não é? Mas ainda mais “exótico” são os personagens desse torneio. O elenco é um dos mais variados e excêntricos — no bom sentido, se é que é possível — dos videogames.

São 10 lutadores mais o chefão. São eles: Jago, o monge/ninja; Combo, o boxeador bombado; Spinal, o esqueleto pirata; Thunder, o punk maluco; Glacius, a geleira guerreira; Fulgore, a máquina de destruição; Cinder, o tocha-humana; Sabrewulf, o lobisomem; Orchid, a musa mascarada; Riptor, um dinossauro lutador; e Eyedol, o monstrão da Ultratech.

Hora do combate

Killer Instinct não fugia muito da fórmula dos jogos de luta da época. Dois personagens se enfrentam em um cenário lateral, onde o que acabar com a energia do adversário primeiro, vence. Porém, alguns detalhes sutis tornavam os embates mais divertidos e únicos.

A primeira alteração no modelo padrão das lutas vem da forma como é preciso vencer o adversário. Ao invés dos dois rounds ou de duelos entre trios, basta acabar com as duas barras de energia do oponente, sem ter o próprio life reabastecido durante a luta.

Outra característica do game são os combos, que geralmente exigem apenas combinações de botões sequenciadas para gerar os movimentos mais longos. Os combos, aliás, são um dos pontos mais fortes do jogo. Tem Ultra Combo (sequência avassaladora de golpes seguida de um especial incrível) e o Combo Breaker. Esse último interrompe a sequência do adversário com estilo, seguido de um grito maravilhoso do locutor da luta — a narração é um show a parte.

Por fim, além dos golpes, combos e especiais, KI também possui movimentos de finalização no melhor estilo dos Fatalities de Mortal Kombat — com direito a finalização de estágio também. E assim como a sua fonte de inspiração, os “No Mercy” eram extremamente brutais e violentos, com sangue jorrando para todo o lado. E sim, tudo isso rodando num console da Nintendo.

É Rare, véio

Embora tenha passado por um intenso processo de adaptação para rodar no SNES, KI ainda é um jogo tecnicamente impressionante. A combinação de modelos pré-rendezirados com cenários que simulam ambientes 3D causa uma excelente impressão de profundidade.

É possível vizualiar as diferentes camadas no fundo do cenário e sentir o “peso” do personagem durante as lutas, como poucos jogos eram capazes de fazer em um console 16-bit.

A trilha sonora também não fica atrás. As canções são bastante diversificadas, dando o clima de cada cenário. E todas são bem arranjadas, sendo possível identificar os instrumentos de forma orgânica. A música tema, por exemplo, é um arraso. As vozes do locutor e dos personagens, embora não tenham a mesma nitidez do arcade, são de fácil compreensão, deixando as lutas bem agitadas.

Eterno

Divertido, bonito, complexo na medida certa e violento — como um bom jogo de luta tinha que ser —, Killer Instinct foi um dos últimos grandes títulos lançados para o Super Nintendo, fazendo a alegria dos jogadores que adoravam umas boas lutas virtuais.

Bem recebido pelos jogadores, o game ainda recebeu uma continuação aclamada nos arcades e no Nintendo 64 (Killer Instinct Gold) e se transformou em uma das séries mais adoradas da década de 1990. Um grande jogo, que, inclusive, faz parte da nossa revista Jogo Véio Pocket, com 50 jogos de luta para você relembrar ou conhecer.

E você, véio leitor? Quais as suas lembranças dessa obra incríveil? 

Ítalo Chianca

Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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