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Mega Man e o meu desenvolvimento como gamer

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Quase todo mundo se lembra do primeiro título que jogou na vida, aquele que lhe ensinou os caminhos nesse fantástico mundo do entretenimento virtual. Comigo não é diferente. A primeira vez que segurei um controle de videogame aconteceu enquanto descobria Dinossaur Land, em Super Mario World. Foi o encanador gordinho e seu irmão magricela de roupas verde que me fizeram descobrir a fantasia de se jogar um bom gamer, além de aprender, de forma básica, a jogar, por assim dizer.

Contudo, foi com uma outra série, iniciada no saudoso Super Nintendo, que descobri os caminhos e o prazer de um bom desafio, assim como desenvolvi habilidades mais aprimoradas, elevando a experiência de jogo e me preparando para títulos cada vez mais profundos e complexos. Confira a minha jornada com o Blue Bomber e a descoberta de novas maneiras de se divertir com os games.

Nova fase

As minhas primeiras tentativas de controlar um personagem em um videogame foram com o famoso Mario, no game Super Mario World. Por muito tempo, talvez quase um ano, dediquei-me a concluir sua aventura naquelas terras mágicas. Fase por fase, mundo por mundo, foi longa e árdua a tarefa, mas bem prazerosa. Porém, uma vez aprendidas as habilidades necessárias para vencer Bowser e seus comparsas, o game foi se tornando fácil. E mesmo criança, conseguia detoná-lo sem maiores dificuldades. Foi neste momento que as coisas começaram a mudar e resolvi aceitar o convite para tentar superar desafios maiores.

Um amigo, um pouco mais velho e mais experiente nos videogames, pareceu observar que eu, mesmo bem jovem, dominava, com certa facilidade, as habilidades daquele gordinho encanador e me fez o convite de acompanhar a sua própria jogatina num jogo que ele dizia ser “explosivo”. Com toda curiosidade do mundo, nem pensei, e logo aceitei o chamado. Era fim de tarde, depois de um dia inteiro de estudo, quando tínhamos marcado de nos encontrar na locadora mais perto de casa. Chegando lá, meu amigo já estava a minha espera, bem em frente ao clássico Super Nintendo que aprendi a jogar Mario.

Seguindo a boa e velha tradição da locadora, o aprendiz apenas observava o mestre. E logo me vi completamente surpreendido com o jogo. Era Mega Man X, primeiro título do famoso herói azul da Capcom. Foi impossível não se envolver com o jogo e com a forma como aquele amigo explorava os cenários.

Um novo herói

Se não fosse pela progressão lateral, Mega Man X pouco lembraria as aventuras dos irmãos Mario. Tudo era mais frenético e moderno. Armas, robôs, luzes, prédios e invenções mirabolantes, sem falar na trilha sonora arrasadora. Não tinha como não se impressionar. Aquele homem/robô azul era futurista e cativante.

Ao mesmo tempo que me via impressionado e envolvido com o jogo, ficava, por assim dizer, completamente descrente de que conseguiria jogar aquilo, principalmente depois de observar a agilidade necessária para fazer os movimentos rápidos que meu amigo fazia.

 

Nada contra o gordinho de vestes vermelha, muito pelo contrário, sou um grande fã da sua série. Mas Mega Man era a modernidade, o desafio e o estilo que um jovem na época buscava nos videogames. E foi com esse fascínio e medo que resolvi entrar de vez nessa fantástica jornada na pele, ou melhor, na armadura do Blue Bomber, também conhecido como o simpático azulzinho de nome Mega Man.

Aprendendo com o mestre

Observava meu amigo pular, deslizar, atirar e vencer vários inimigos com agilidade e técnica. Era muito para quem tinha aprendido apenas a correr e a saltar. A diversidade de Maga Man era indescritível para um jovem que a pouco tinha aprendido a correr sobre um dinossauro verde.

Mesmo à primeira vista parecendo surreal, tudo aquilo significava um novo estágio de aprendizado e, por que não dizer, a aquisição de um novo status entre os jogadores locais. Quem frequentou as boas e velhas locadoras sabe da importância do status gamer naquele lugar. Ser bem visto e admirado como um grande jogador era um feito que, inclusive, trazia vantagens e admiração. Portanto, resolvi que precisaria aprender a jogar aquele título, de uma forma ou de outra, já que poucos conseguiam finalizá-lo.

Muitos dias de observação, estudo e conselhos, até que o meu amigo resolveu me “adotar” como discípulo. Isso significa que ele me ensinaria suas técnicas e macetes para superar qualquer desafio em posse da armadura X.

Entre conselhos, dicas e muita paciência perdida, meu “mestre” passava o que havia aprendido ao jovem amante dos games que seguia seus passos. Aquele universo moderno e eletrizante estimulava, como poucos, o sentimento de conquista e superação em um jogador. Cada novo chefe derrotado ou item descoberto era motivo de festa entre nós. Sentia-me como se estivesse viajando em aventuras distantes, como nos livros, mas desta vez assumindo o controle de um herói, e este por sua vez, dependendo unicamente das minhas próprias habilidades para se tornar mais forte e vencer as forças do mal.

Guerreiro X

No início, sempre jogava acompanhado do meu mestre. Em outros momentos, apenas observava sua vez de jogar. Mas aos poucos fui ganhando confiança para seguir meu próprio caminho e tentar enfrentar por conta própria os Marverick Hunters (inimigos do jogo). Em pouco tempo, era possível ver outros pequenos já me observando jogar, com aquele mesmo ar que eu tinha de admiração e espanto com as jogadas e com a velocidade com que vencia os obstáculos daquele jogo frenético.

Com prática, ajuda e estudos — gastava horas em busca de dicas e manhas nas antigas revistas de games da época — consegui, enfim, dominar por completo o jovem X e todas as suas habilidades. Da mesma forma que o pequeno robô, parecia que eu havia absorvido os poderes do chefe, no meu caso, do meu grande amigo/mestre. Acabava de me tornar um novo jogador, agora mais experiente e capaz de jogar títulos que exigiam um maior grau de domínio dos controles. Daí a importância de Mega Man e daquele velho amigo que me apresentou a franquia.

O herói de armadura azul passou a fazer parte das nossas vidas de forma definitiva. A paixão pelo Blue Bomber acabou por nos unir ainda mais, e, após derrotar os Marvericks em Mega Man X, tornou-se inevitável seguir a diante. Com isso, rapidamente passamos a enfrentar as várias empreitadas de Mega Man pelos videogames. Zeramos juntos Mega Man X2 do SNES e os três títulos do PSX: Mega Man X4, Mega Man X5 e Mega Man X6. Mais tarde, os seis títulos do NES, Mega Man 7 e RockMan e Forte.

Eterna paixão

Cada novo game era aquela sensação de exploração em busca de todos os corações, armaduras, passagens secretas e armas para derrotar os novos inimigos. Bastava um daqueles tradicionais vendedores ambulantes de jogos passar com a mochila cheia de CDs e cartuchos, para logo questionarmos se não teria um novo Mega Man.

Contudo, assim como muitas coisas na vida, os dias de exploração e ação foram perdendo sua magia, principalmente com os títulos de Maga Man para o PlayStation 2, que jogávamos por pura tradição. Os encontros em terras desconhecidas foram perdendo a frequência e a busca pelas partes das poderosas armaduras já não eram mais motivo de semanas de aventuras. Todavia, o que aprendi com esse herói esquecido, serviria como base para minhas outras jornadas no universo dos games.

As habilidades adquiridas com a precisão que o título exigia me fizeram aproveitar uma nova gama de jogos e me trouxeram muitas glórias nas locadoras da época. Sempre serei grato por aquele convite, há quase 15 anos, para conhecer um dos mais fantásticos e modernos personagens que a fantasia virtual já viu.

E lá estávamos, divertindo-nos e testando nossas habilidades, Mega Man, meu amigo Anderson, e eu.


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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