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Review: Ash of Gods: Redemption

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Na análise de hoje vamos fazer um tour pelo velho continente, mesmo que virtualmente, para conhecer o trabalho da Aurum Dust, estúdio indie de desenvolvimento de games com membros situados pela Europa (principalmente na Rússia) e que nos presenteia com um RPG de combate estratégico por turnos. A história é rica em detalhes e um mundo foi criado exclusivamente para o jogo, que se chama Ash of Gods: Redemption. E já chega mostrando todo o potencial qua a Aurum Dust tem para oferecer.

Com fortes influências de The Banner Saga, mas com temática enraízada na cultura eslava, confesso que o game já me ganhou na tela de menu principal, onde uma animação suave rola ao fundo acompanhada de uma canção folk criada exclusivamente para o game.

Apresentação

Com inspirações nos estúdios DisneySoyuzmultfilm (famoso estúdio de animação soviético dos anos 60), o trabalho visual do game é fantástico. Os personagens são distintos, com características individuais e postura corporal que transmite traços de sua personalidade e classe no jogo.

Muito bem detalhadas, as ilustrações possuem contornos suaves e sombras bem definidas, porém, igualmente leves. Os cenários, desenhados a mão, não ficam atrás e a riqueza de detalhes ajuda a apresentar o mundo no qual se baseia o game. Desertos e florestas, cidades abandonadas e grandes capitais, a variedade de localidades é enorme.

Todo trabalho de animação e combate dos personagens foi feito utilizando captura de movimentos e posteriormente desenhados e coloridos frame a frame, demonstrando toda a atenção que a equipe teve com os detalhes. O resultado não poderia ser outro: movimentos fluídos e dinâmicos sem perder o estilo cartunesco da proposta.

Com nomes já conhecidos na criação de músicas para games, como o do polonês Michał Cielecki (The Witcher, Bulletstorm, Shadow Warrior), as músicas criadas para Ash of Gods seguem na linha folk, ajudando o jogador a se ambientar no clima tenso do jogo, ao mesmo tempo que transmitem tranquilidade e serenidade. A trilha e os efeitos sonoros complementam a narrativa da história, que por muitas vezes é complexa e fácil de se perder, devido à quantidade de detalhes que é apresentada de uma só vez.

A Colheita

Sem entregar muito a história apresentada, um evento do passado chamado The Reaping, que quase levou a extinção de todos habitantes de Terminus (mundo onde o jogo é ambientado), volta a atormentar a vida de todos. E dessa vez, as chances de não acontecer uma catástrofe são menores ainda.

A narrativa é apresentada no melhor estilo visual novel, com muitos diálogos, decisões a serem tomadas (que mudam os rumos da trama) e caminhos a percorrer. Logo, você se vê envolvido na história que te bota à frente de três grupos distintos de personagens, cada um com seu protagonista e líder.

O primeiro personagem a ser apresentado é o escriba e curandeiro Hopper Rouley. Em seu passado, teve implicações diretas nos acontecimentos do último evento, que para efeitos de entendimento e contexto no jogo, chamaremos de Colheita.

Thorn Bernin, capitão da guarda real, é um habilidoso guerreiro, honrado e de boa reputação, que logo se vê diretamente impactado e envolvido nos acontecimentos recentes.

O último personagem apresentado é o eikon (uma das etnias do jogo) Lo Pheng. Sendo do Clã das Sombras, passou por intensos e duros treinamentos para se tornar um assassino de aluguel. Sem demonstrar emoções, é extremamente perigoso e de sangue frio, assim como todos que receberam o mesmo treinamento e prestam seus serviços por voluptuosas quantias de ouro.

Narrativa

Todos os três citados, logo formam seus grupos com personagens das mais variadas classes e por motivos igualmente variados. Com o desenvolvimento da história e avanço no jogo, vemos por várias vezes as histórias se entrelaçando e complementando, mesmo que todos tenham começado em lugares distintos de Terminus.

A narrativa dividida e separada por capítulos, pode incomodar alguns, mas traz um excelente respiro que ajuda a diversificar os locais e personagens, ao mesmo tempo que vai oferecendo novas peças para montar o quebra-cabeças que é a história principal do jogo: a iminente Colheita e todas as consequências que são trazidas com ela.

Para quem jogou Dragon Age, dá para traçar um paralelo entre a Colheita e o evento principal da franquia, conhecido como Blight. Ambos afetam profundamente a vida em seus respectivos mundos, trazendo ameaças e consequencias arrasadoras.

Gameplay

Para quem já jogou The Banner Saga ou qualquer outro RPG de combate estratégico por turnos, não há muita novidade por aqui. Cada personagem possui uma classe e os golpes e skills são exclusivos de cada uma.

Temos habilidades que podem afetar diretamente os pontos de vida dos personagens e outros que atingem a energia (que é consumida para utilizar algumas das skills). Quando o personagem está sem energia, ele começa a sofrer dano em dobro em seus pontos de vida, o que garante boas opções de combate na hora de vencer a batalha.

A novidade fica por conta da utilização de cartas (que possuem seu próprio contexto no jogo) durante os embates. Você pode montar seu deck e utilizá-las de acordo com o seu turno de ativação. Algumas podem ser usadas desde o início, outra só à partir do segundo ou terceiro turnos e por aí vai.

Fragmentos de cartas podem ser conseguidos ganhando batalhas ou comprando em vendedores e lojas. Cada uma possui um certo número de fragmentos que devem ser coletados antes de se tornarem utilizáveis. Já outras, vem acompanhadas de personagens que se juntam ao seu grupo ao longo da jornada. A utilidade das cartas variam bastante: desde ações simples, como aumentar dez pontos de vida, até efeitos devastadores e que podem mudar o rumo da batalha, como trocar os pontos de vida com os de energia.

Durante os longos percursos trilhados pelo mapa do jogo, o gerenciamento de recursos é de extrema importância. Mas não se trata de suprimentos para alimentar seus companheiros. Um dos efeitos colaterais da Colheita e dos seres que aparecerem junto à ela, é corromper as pessoas que entram em contato direto, drenando suas energias, amaldiçoando-as ou até tornando-as insanas e agressivas.

Para combater seus avanços e amenizar as dores, um certo material deve ser utilizado como proteção, comumente encontrado em amuletos e medalhas: strix. Seu uso comedido garante alguns dias de vida a mais para todo mundo e quando acaba, seus personagens começam a ganhar lesões e redução de status até chegar à seu fatídico fim caso nada seja feito. Todos os personagens podem morrer, inclusive os protagonistas. Adquirir mais strixes é essencial para manter sua party saudável e viva, já que o recurso é consumido toda vez que se percorre o mapa.

Veredito

Tenho visto muitas avaliações negativas sobre Ash of Gods: Redemption, em sua maoria por considerar o game uma cópia de The Banner Saga. As influências da franquia aqui são inegáveis, inclusive são citados como forte inspiração para a criação do jogo. Não há muitas inovações e a similaridade com a saga nórdica é enorme, mas não considerarei um jogo ruim por causa disso.

Toda história é baseada no romance Terminus, criado pelo russo Sergey Malitsky, autor de vários outros contos de fantasia e a riqueza do mundo apresentado no game não perde seu brilho por conta das comparações a The Banner Saga.

Há problemas de tradução para a língua inglesa e os personagens às vezes fogem um pouco de sua personalidade, mas os pontos positivos do game acabam saindo triunfantes perante aos seus defeitos. A direção de arte espetacular, a trilha sonora original e marcante e o excelente trabalho de animação empregado em Ash of Gods não podem passar despercebidos.

É um ótimo game, com gameplay fácil de aprender e ao mesmo tempo com versatilidade suficiente para traçar estratégias. As três timelines distintas convergindo para o mesmo ápice, trazendo pontos de vista diferentes para os mesmos acontecimentos, fortalecem o enredo contado e fazem com que suas decisões levem em conta a jornada de todos os protagonistas.

Ash of Gods: Redemption está disponível no Steam desde o dia 23 de março e pode ser adquirido por R$47,49. Se interessou? Clique aqui para ir até a página de compra do jogo!


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Eduardo Paiva

Gamer desde sempre, redator desde agora. Jogou de Top Gun, Enduro e Pitfall até Dragon Age, Assassin’s Creed e GTA V. Formado em Ciência da Computação, ainda não desistiu do sonho de desenvolver seu próprio jogo e se aprofundar nesse complexo processo de criação.

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