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Rogue Legacy: a perfeição na imperfeição

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Já faz tempo que estou devendo falar sobre um jogo que, arrisco dizer, pode ser considerado um clássico dos indies modernos: Rogue Legacy. Um daqueles games que você guarda com carinho pro resto da vida. Exagero? Pode ser. Mas a pluralidade da vida tem dessas coisas, o que se torna especial para você, não necessariamente acaba se tornando especial para outra pessoa. E vice-versa. Mas uma coisa é certa, Rogue Legacy é um ótimo jogo de plataforma.

O legado

O jogo começa com um flashback e aproveita para te ensinar os seus comandos básicos. No flashback, você comanda um lendário cavaleiro, seu ancestral. Ao longo da aventura descobrimos que ele se chama Johannes e entrou no Castelo Hamson a mando do rei, seu pai, atrás dos tesouros contidos dentro de suas muralhas.

Mesmo não sendo um jogo novo, não pretendo contar spoilers sobre a história. Johannes encontra seu pai dentro do castelo e por motivos desconhecidos (pelo menos no início do jogo), acaba matando-o, tornando-se para sempre um traidor. Assim acaba o flashback e logo em seguida a frase “Comece o seu legado.” aparece na tela.

O primeiro personagem que você controla depois desse pequeno tutorial, é um descendente direto de Johannes. Logo que você morrer (você vai), mais um descendente. E  assim, a missão para descobrir o que aconteceu e limpar o nome da sua família, vai sendo construída. Cavaleiro, bárbaro, mago, tanto faz. São nove classes distintas, todas com suas vantagens e desvantagens que impactam diretamente como vai ser sua abordagem naquele pedaço da história. É só escolher um dos três descendentes apresentados e pronto, de volta à ação. Mas nem tudo são flores no Castelo Hamson.

Linhagem problemática

Coprolalia (tendência involuntária de falar palavrões), Color Blind (daltonismo) e Dwarfism (nanismo)

Rogue Legacy começa a brilhar quando você percebe que (quase) não existe herói perfeito no jogo. Todos eles vem com traits, que neste caso, são feições e/ou características congênitas derivadas de sua descendência. Há 94% de chance do protagonista vir com uma delas e 55% de vir com duas. E são várias. Trinta e sete, para ser mais exato.

Claro que não são todos os traits que afetam somente o visual do jogo ou do herói como nas imagens acima. Alguns afetam fundamentalmente o gameplay, como o trait chamado Vertigo, que deixa tudo de ponta-cabeça ou o Near-sighted (miopia), onde toda a tela com exceção de uma aura em volta do jogador, fica embaçada.

Há também os que alteram a constituição física e capacidade do seu herói. Um bom exemplo é o trait chamado Dextrocardia, que inverte seus valores máximos de mana e HP (pontos de vida). Imagine um cavaleiro ou bárbaro com 100 pontos de HP e 500 de mana. Pois é.

Tirando as anomalias conflitantes (gigantismo/nanismo, miopia/hipermetropia, etc.), existem várias combinações possíveis de traits. Aliadas às características inerentes de cada classe, permitem uma variedade enorme de heróis e, consequentemente, de gameplay. Ainda não está satisfeito? Pois bem, como todo bom rogue-lite, todas as salas do castelo são geradas aleatoriamente. Sabe aquela sala com um baú contendo uma blueprint de capacete? Bem, ela não estará no mesmo lugar. Na verdade, ela nem vai existir na próxima vez que você jogar, exceto se você pagar o arquiteto para manter tudo no mesmo lugar.

Blueprint, arquiteto? Wtf? Se você nunca jogou Rogue Legacy, não deve fazer a menor ideia do que estou falando. O que nos leva a outro ponto alto do jogo: seus sistemas de apoio.

Upgrades, equipamentos, runas e mais!

Se matar monstros em Rogue Legacy é bom, fazer isso com um herói cheio de upgrades é melhor ainda. Ainda bem que podemos contar com várias formas de fortalecer seu personagem:

Manor (mansão): é aqui que você desbloqueia os NPCs que vão ajudar (e muito) na sua jornada. Novas classes também podem ser adquiridas e as já existentes, melhoradas. E claro, aumentar seus pontos de vida, mana, chance de dano crítico, etc. Tudo ao alcance de suas mãos, se você tiver moedas de ouro suficientes para tal.

NPCs: depois de liberados, cada um tem uma utilidade diferente para que você possa se fortalecer:

The Blacksmith (ferreiro): Lembra das blueprints? É aqui que você vai achar serventia para elas. Cada blueprint que você encontrar, o ferreiro pode transformar em um item novo. Ele é o responsável pelas armaduras e armas do jogo. As armaduras são divididas em elmos, peitoral, botas e capa. Cada parte da armadura possui 15 variações diferentes, todas elas adquiridas através das blueprints. As espadas funcionam da mesma forma, também com 15 opções. E para você conseguir as blueprints? Majoritariamente são encontradas em baús, como recompensa ao derrotar chefes e sub-chefes.

The enchantress (feiticeira): Na tenda da feiticeira você consegue colocar runas em seus equipamentos. Cada peça de sua armadura e arma podem ser incrementadas com uma runa cada. Há uma gama de 11 runas para cada item e seus efeitos são diversos. Variam desde a habilidade de pulo duplo (ou triplo) até aumentar ou diminuir a dificuldade dos inimigos. Os 11 tipos de runas são iguais para todas as partes do equipamento, o que permite acumular o mesmo encantamento duas ou mais vezes. Runas são encontradas explorando as salas do castelo, dentro de um baú especial, o baú das fadas. Esse baús ficam bloqueados até que você cumpra o desafio proposto na sala que ele se encontra. Como por exemplo, alcançá-lo em x segundos ou sem levar dano, e por aí vai.

Architect (arquiteto): Esse cara te ajuda bastante na hora de progredir no jogo. Ao custo de 60% do valor arrecado em moedas, ele consegue travar o layout do castelo, mantendo todas as salas exploradas e teleportes encontrados. Porém, os inimigos voltam. Mesmo assim é uma mão na roda quando você tem um objetivo traçado e está com dificuldades em alcançá-lo.

Um platformer, um indie, um game de respeito

Mesmo com todas essas opções, ainda tem mais coisas para serem descobertas no jogo. 342 descendentes e mais de 74 horas de jogo depois, ainda me encontro jogando Rogue Legacy vez ou outra. O game tem vários desafios para quem já o zerou várias vezes, garantindo a diversão mesmo depois de tanto tempo. Você pode tentar a sorte enfrentando versões “remixadas” dos chefes, achar todas as runas e blueprints, completar os upgrades e etc. Mas não é focado em nenhuma dessas missões “end-game” que volto a jogar e sim, pelo puro e simples fato de entrar em contato novamente com esse game fantástico.

Rogue Legacy foi lançado em 2013 e atualmente pode ser encontrado por R$27,99 no Steam, mas não é difícil achá-lo mais barato durante as grandes promoções da plataforma. Foi lançado também para Xbox One (R$29) e Playstation ($16,99). Espero sinceramente que vocês tenham gostado do texto de hoje e que possam dar uma oportunidade ao game. Até a próxima!

 


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Eduardo Paiva

Gamer desde sempre, redator desde agora. Jogou de Top Gun, Enduro e Pitfall até Dragon Age, Assassin’s Creed e GTA V. Formado em Ciência da Computação, ainda não desistiu do sonho de desenvolver seu próprio jogo e se aprofundar nesse complexo processo de criação.

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