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Sexta-feira na locadora de videogames

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Todo dia é dia de jogar videogame. Basta um tempinho livre depois do trabalho, seja lá que dia da semana for, para encontrarmos uma desculpa para uma jogatina. 30 minutos, uma hora, a noite toda. Também tanto faz. O que vale é jogar. Mas, no tempo das locadoras de videogame, um dia em específico era ainda mais especial.

Tempo de jogar

Não bastava jogar na locadora uma ou duas vezes por semana. Tinha que ir lá todos os dias. Não importava se não tínhamos dinheiro, sempre dávamos um jeito de jogar ou de apenas sentar para bater um papo. Era um ritual quase sagrado.

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Depois da escola (ou durante, se você gostava de emoção), a noite, em feriados. A locadora era o espaço da cidade que a garotada se divertia e gostava de estar. Jogar lá era tão especial, que até mesmo quem tinha um console em casa costumava jogar na locadora, só para se divertir com os amigos.

Esses donos de consoles, aliás, eram fiéis clientes do espaço de jogatina. Além de pagarem por minuto, eram responsáveis por uma boa parte da renda extra da locadora, pois costumavam alugar os games para jogar em casa.

O tempo não para

Como costumavam fechar as portas no sábado, as locadoras precisavam arrumar alguma forma de continuar lucrando, mesmo sem estar funcionando. E uma das alternativas, para alegria geral de quem não queria parar de jogar nenhum dia, era incentivar o aluguel de jogos na sexta-feira. O grande atrativo encontrado, contudo,  era estender o prazo de entrega. Ou seja: alugue na sexta e entregue só na segunda.

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Ai já viu. Com uma baita promoção dessas, a garotada lotava as locadoras nas sextas. Era quase uma Black Friday permanente, com gente quase brigando pelos lançamentos. lembro do alvoroço que foi aqui na minha cidade quando chegou o Mortal Kombat 3. Era um cartucho para o pessoal jogar na própria locadora e outro para aluguel. Esse último chegava ter filas de espera que demoravam semanas.

A sexta era mesmo um dia mágico. Depois de uma semana inteira de estudos enfadonhos na escola, o pessoal se reunia no fim da tarde para colocar as conversas em dia e jogar muito. A demanda era tão grande, que a maioria das locadoras costumava fechar as portas mais tarde. O final de semana só estava completo se começasse com uma ida à locadora na sexta.

Desequilíbrio

Com dezenas de garotos jogando, outros tantos conversando e um monte tentando alugar jogos com prazo estendido, a sexta-feira era uma loucura na locadora. Porém, tinha um problema nessa promoção no aluguel dos jogos: os games alugados desfalcavam a locadora para os que jogavam no próprio espaço da empresa.

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Ah, isso era terrível. A maioria dos principais títulos eram alugados na sexta-feira. Quando eu não tinha videogame em casa, já ficava imaginar qual seria o jogo alternativo que eu escolheria para jogar no final de semana na locadora, pois os melhores eram todos alugados. Quando tinham mais de uma cópia, tudo bem. Mas quando não, era um pesadelo.

Anos depois, quando comprei o meu primeiro Super Nintendo, é que consegui desfrutar desse “privilégio” do aluguel na sexta. Mesmo assim, ficava com uma dor no coração de tirar Super Mario World 2: Yoshi’s Island da locadora quando todos queriam ajudar o Baby Mario a voltar para casa.

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Nunca se jogava tanto em casa quanto nesses três dias de alegria que eram o final de semana. Sem obrigações nenhuma, era o momento de descontar as poucas horas que nossas mães permitiam jogar depois da tarefa de casa durante a semana. Eu, por exemplo, chegava a guardar as horas da semana para jogar tudo de uma vez de sexta a domingo, pois a minha mãe só permitia jogar uma ou duas horas por dia, dependendo do humor dela.

Segue o jogo

Enquanto as sextas eram aguardadíssimas, as segundas-feira eram um pesadelo para quem alugava jogo na locadora. Não tinha conversa com o dono: alugou na sexta entregava na segunda, sem choro. Às vezes faltávamos poucas fases para terminar o jogo, ou simplesmente não conseguíamos nos despedir daquela jornada, mas tínhamos que voltar para entregar o cartucho na locadora. O pior era que se atrasasse a entrega, a multa era altíssima. Isso quando não tinha uma suspensão para completar.

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Bons tempos, não eram? Uma pena que as locadoras de videogame não tenham resistido aos problemas que as assolaram. Porém, as histórias que vivenciamos nesses templos da diversão permanecem vivas em nossas melhores lembranças. E isso, sim, nada é capaz de apagar. Agora me deem licença que hoje é sexta-feira, dia de começar a jogar e só parar na segunda.


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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