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Wild Arms (PS1) e o verdadeiro valor da amizade

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Em uma era dominada pelo medo do fracasso, aqueles que não se deixam levar por esse sentimento estão fadados a terem uma vida fúnebre e solitária. Criar, inovar, improvisar e sonhar são atitudes repreendidas arduamente por não se encaixarem nos padrões de uma sociedade que, secretamente, sonha com dias melhores, mas não possui determinação para buscar seus objetivos. Em Wild Arms, o destino reserva uma jornada especial para alguns destes renegados, mostrando-lhes que a verdadeira amizade é capaz de fazer-lhes superar qualquer obstáculo.

O caçador de sonhos

E nossa história começa com o órfão Rudy Roughknight, um jovem de apenas 15 anos que vive sob os cuidados do prefeito da vila de Surf. Com um coração extremamente generoso, Rudy se empenha para ajudar todos os moradores da pacata vila a realizarem suas tarefas diárias.

Contudo, a coragem de um guerreiro pode prejudicar-lhe em determinadas ocasiões. Quando uma criança resolve se aventurar em uma caverna ao sul da vila e os moradores se recusam a ajudar, pois julgam ser perigoso demais, o instinto heróico fala mais alto em Rudy, que decide sair da zona de conforto e resgatar o pobre garoto. Mesmo enfrentando perigosos monstros, os dois retornam à salvo, graças ao uso de uma arma extremamente rara que Rudy possui, denominada ARM (um acrônimo para Advanced Relic Machine). Ao perceberem que estão diante de um jovem extremamente poderoso, os moradores expulsam-no de Surf, obrigando-o a seguir um caminho repleto de pedras e espinhos.

O cavaleiro Fenril

Virtuosos cavaleiros em defesa do reino de Arctica, os Fenril Knights foram peças importantes para a manutenção da paz em Filgaia. Atualmente, estão vivos apenas nas histórias que são contadas de geração para geração.

Aterrorizado pelo seu passado, o único dos cavaleiros que sobreviveu ao ataque contra o castelo de Arctica percorre o mundo sem direção, como um mero caçador de recompensas. Jack Van Burace e seu companheiro, o rato Hanpan, buscam desvendar segredos milenares para se obter o verdadeiro poder. Vingança é um dos pratos que está no cardápio deste personagem. Após ser obrigado a deixar sua amada Elmina para morrer nas mãos dos vilões de Filgaia, Jack não descansará até penalizar todos os culpados por suas más lembranças. Entretanto, alguns eventos o farão repensar sobre suas atitudes, mostrando-lhe que a paz interior deve ser alcançada de outras maneiras.

A princesa rebelde

Quando se nasce em um castelo e tem-se o rei de Adlehyde como pai, seu destino certamente será a Abadia de Curan, onde os ensinamentos mágicos são essenciais para sua formação pessoal. Cecilia Lynne Adlehyde começa a se questionar se este nobre caminho é uma dádiva ou apenas uma maldição que a acorrentará a um castelo por toda a vida; se todos que estão à sua volta se aproximam apenas por seu sangue azul, ou se possuem algum sentimento verdadeiro dentro de seus corações.

Ao completar 16 anos, a princesa volta para sua terra natal e decide experimentar a vida de uma caçadora de sonhos com seus dois novos companheiros. Unidos pelo destino, Rudy, Cecilia e Jack saem para uma busca exploratória na tumba de Lolithia, um golem adormecido. Porém, a aventura se transforma em tremenda dor de cabeça quando sua cidade é atacada e destruída por cavaleiros malignos em busca da dominação mundial.

Após ver seu pai morrer devido aos ataques, Cecilia decide partir com seus amigos em uma missão nada fácil para recuperar o que lhe foi tomado e evitar que Filgaia seja destruída, dando início a uma jornada que trilhará um novo caminho para a herdeira do trono.

Dominação ou destruição?

Quando o assunto é despertar sua criadora e fazer de Filgaia seu novo lar, os Quarter Knights não medem esforço algum. Estes quatro desleais cavaleiros do apocalipse provarão que qualquer um que ousar atrapalhar seus planos pagará com a própria vida (inclusive aqueles do próprio grupo).

Inicialmente, a equipe de demônios formada por Zeikfried, Alhazad, Belselk e Lady Harken tem como objetivo despertar a rainha de sua raça, conhecida como Mãe, que teve seus poderes selados em estátuas espalhadas por Filgaia. Contudo, a lealdade à rainha desaparece num passe de mágica quando esta revela que seu único desejo é a destruição. Centenas de planetas foram destruídos por suas mãos, e este também seria o destino de Filgaia.

Eles apenas não contavam que, onde não há confiança, as estruturas começam a se romper de dentro para fora. O destino dos Quarter Knights é um caminho obscuro cheio de sacrifícios, traições e chocantes revelações, onde, inclusive, segredos sobre o passado de Jack e Rudy serão desvendados.

A Robin Hood de Filgaia

Em um certo ponto no jogo, o caminho de nossos heróis se cruza com o da belíssima Calamity Jane, a caçadora de recompensas mais famosa de todo o planeta, e seu fiel companheiro, McDullen Harts. Ela oferece ajuda em troca de dinheiro e outros tesouros que serão coletados pelo caminho, mostrando ser uma fria mercenária.

Entretanto, como todos estão cansados de saber, as aparências enganam. A garota durona que ganha a vida saqueando tesouros é na verdade a doce Jane Maxwell, uma jovem de 14 anos que vive na cidade de Court Seim e se tornou uma caçadora de sonhos apenas para bancar o orfanato da cidade, onde é vista como uma heroína (logicamente, as crianças não conhecem a origem do dinheiro que as mantém vivas).

Com esta bela jovem, você aprenderá a lição mais valiosa que este game pode oferecer-lhe. Certifique-se de não perder uma única palavra que Jane pronunciar.

Aspectos técnicos

Os gráficos de Wild Arms não são dos mais agradáveis. Com as limitações técnicas de 1996, este jogo utiliza isometria gráfica nos cenários, com renderização em 3D durante as batalhas. Você perceberá que os polígonos utilizados no modo de batalha se comportam de forma bem falha. A qualidade sonora e as faixas de áudio também não são atributos virtuosos.

Em seu sistema de batalhas, todos atacarão uma única vez em um turno (exceto se alguma habilidade for usada, como a “Dual Cast” de Cecilia ou “Double Command” de Jack) e a ordem de ataques é definida pelo atributo “agilidade”. Não há como trocar personagens em seu grupo e você obrigatoriamente terá que manter Cecilia como suporte.

Um ponto positivo a se relevar é o controle sobre as magias de Cecilia. Você coletará itens denominados “Crest Graphs” durante sua jornada. Estes podem ser trocados por uma magia que entrará em seu repertório em praticamente todas as cidades. Também é possível desfazer uma magia e receber um Crest Graph novamente. O uso de diferentes ferramentas com cada personagem também é uma característica marcante de Wild Arms. Bombas, relógios mágicos, patins, guitarras, varinhas mágicas e vários outros itens serão necessários para resolver puzzles durante o jogo.

A grande variedade de habilidades de cada personagem também é algo que vale a pena ser frizado, trazendo um equilíbrio para a limitação das opções táticas por conta da falta de personagens.

Se você é fã deste jogo, não deixe de conferir Wild Arms Alter Code: F (PS2), que trouxe toda a trama vivida pelos caçadores de sonhos com uma aparência de deixar qualquer gamer boquiaberto e alguns extras, como a possibilidade de jogar com outros personagens, como Jane, McDullen, a brilhante Emma e até mesmo o não tão perigoso vilão Zed.

Afinal, por que buscamos poder?

Mesmo com alguns pontos negativos quanto ao visual, o enredo deste RPG o encantará. É possível aprender valiosas lições de humanidade como nenhum outro jogo poderá ensinar-lhe.

Será que a salvação mundial é algo que todos devem buscar obrigatoriamente? Nascemos instintivamente fadados a salvar o planeta e, não importa o que aconteça, o coração de um guerreiro cheio de bondade falará mais alto apenas pela necessidade de combater o mal?

De fato, o verdadeiro sentido em encarar a árdua vida de caçador de sonhos é confortar aqueles que depositam confiança em você. Afinal, como disse o avô de Rudy, “o verdadeiro poder é o poder de proteger o que é estimado por você”.

Não deixe os poderosos ensinamentos deste clássico fora de sua vida. Veja qual será o destino de Filgaia e leia a carta de Cecilia ao fim do jogo, onde ela relata sua pouca experiência com verdadeiros laços afetivos. Será uma das histórias mais belas de sua vida.

Vídeo

Wild Arms – Gameplay – Fonte: World of Longplays

Dica

Na tela inicial, NÃO APERTE START antes de conferir uma cena especial com os Fenril Knights. Após a cena, aí sim é hora de começar a jogar!


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Lucas Rodrigues

Gamer desde que tem memórias de sua infância, a paixão pelos videogames iniciou-se no Mega Drive e teve seu ápice no PS1 com os JRPGs (a franquia Final Fantasy foi a protagonista). Trabalha como analista de sistemas e designer de jogos. Possui mestrado em Imagem e Som em andamento pela Universidade Federal de São Carlos, onde desenvolve pesquisas sobre o mercado independente de jogos brasileiros. Sempre escolheu o Squirtle como pokémon inicial e possui alinhamento Neutral Good.

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