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Chrono Trigger (SNES) ainda é a aventura perfeita e no tempo certo

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Chrono Trigger é um clássico do Super Nintendo, mas que foi relançado algumas vezes ao longo dos anos, inclusive para PlayStation 1, Nintendo DS e, mais recentemente, para iOS e Android.

Lançado em 11 de março de 1995, Chrono Trigger já nasceu clássico por uma série de razões que nós vamos esmiuçar ao longo desse texto. Pra começar, o período era muito favorável para a Squaresoft (hoje Square Enix) e para os RPGs eletrônicos. Até o lançamento do PlayStation 1, o Super Nintendo era conhecido como o lar dos RPGs, seguindo uma fórmula muito concreta que unia trilhas sonoras envolventes, histórias complexas e cheias de reviravoltas, além de personagens muito carismáticos. O vídeo abaixo é da abertura de PS1, que tem algumas cenas animadas a mais.

Foi nesse período que nós tivemos jogos brilhantes como Final Fantasy V, Final Fantasy VI, Secret of Mana, Tales of Phantasia, Terranigma, Lufia II e várias outras obras primas do gênero.

Uma vez que o solo era fértil e a situação favorável, sobrava espaço para ousar e tentar inovar. A jogada de mestre da Squaresoft foi unir as mentes responsáveis pela popularidade do gênero, todas em um mesmo jogo.

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Quando você tem Hironobu Sakaguchi (criador de Final Fantasy) e Yuji Horii (criador de Dragon Quest) trabalhando juntos, já é meio caminho andado para a criação de algo grandioso. Mas aí você acrescenta a genialidade de Akira Toriyama (criador de Dragon Ball) e uma trilha sonora de tirar o fôlego, assinada por Yasunori Mitsuda e Nobuo Uematsu, e ninguém segura: é épico na certa!

A receita do sucesso

Com o Dream Team reunido, faltava definir sobre o que seria o jogo. A princípio, o time pensou em criar algo que pudesse ser aproveitado como parte da franquia Seiken Densetsu (Secret of Mana, por aqui), lançando o jogo para o drive de disco do Super Famicom. Mas como o aparelho nunca chegou a ver a luz do dia, o projeto acabou saindo em cartucho mesmo.

O elemento central de Chrono Trigger também não foi aprovado de imediato. A ideia de criar um jogo que falasse de viagens no tempo não pareceu original o bastante. Ainda bem que eles voltaram atrás, pois é justamente essa linha temporal confusa que faz de Chrono Trigger um verdadeiro clássico.

Outro ponto muito marcante é o seu elenco de personagens. Ainda que seja Crono o protagonista, não é possível classificar nenhum dos outros personagens como secundários, mesmo os que entram em um ponto mais avançado da história. Desde o sapo cavaleiro Frog, passando pela carismática inventora Lucca, até o sombrio e nebuloso Magus, todos são extremamente cativantes e têm um papel importante na trama.

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Os personagens

Vamos conhecer, um a um, os heróis viajantes do tempo:

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1. Crono

O protagonista. Toda a história começa porque Crono decide ir até a Feira do Milênio para ver a nova invenção de Lucca.

Valente e destemido, Crono domina o elemento luz e tem ataques poderosíssimos, inclusive combinados.

Seu nome na verdade deveria ser Chrono, como no título. Mas uma limitação de caracteres no original japonês (e que não foi corrigida na localização para o inglês) acabou mudando para Crono. Repare que o nome dos personagens nunca passa de 5 letras.

2. Marle

Marle é a princesa do reino de Guardia, mas que gosta de sair por aí vestida como plebeia, apenas para passear. Acaba trombando com Crono na Feira do Milênio e entrando junto na enrascada. É uma personagem apaixonante e muito corajosa, dona das magias de cura e gelo.

3. Lucca

Amiga de infância de Crono, Lucca é a inventora do grupo. Ela que criou a máquina do tempo na Feira do Milênio, e acabou gerando toda essa confusão.

Muito companheira, Lucca é especialista no uso de armas para combate, além de aprender magias de fogo.

4. Frog

Um cavaleiro muito honrado da guarda pessoal da Rainha Leene, por quem nutre um amor platônico. Em sua forma humana, era conhecido como Glenn. Foi transformado em sapo por Magus, e hoje busca vingança por isso e pela morte de seu amigo Cyrus.

Frog luta usando uma espada, além de magias do elemento água.

5. Robô

Crono e os outros o encontraram abandonado em um domo no futuro. Criado originalmente para auxiliar em tarefas pesadas, Robô acabou consertado por Lucca e decidiu se unir ao grupo dos viajantes no tempo.

Dono de uma personalidade forte, Robô se defende através de poderosos golpes físicos, raios lasers e bombas.

6. Ayla

Diretamente de um passado distante, eis que temos Ayla, uma mulher selvagem e líder de tribo. Seu povo está em confronto direto com uma raça de répteis inteligentes, os Reptites.

Ayla é bastante ágil e tem bastante força física. Ela se une ao grupo quando eles vão para o passado, para reparar a espada de Frog, Masamune.

7. Magus

O assassino de Cyrus, amigo pessoal de Frog/Glenn. Misterioso, Magus é um poderoso mago negro que se une ao grupo porque quer resolver as coisas diretamente com Lavos, o todo poderoso vilão de Chrono Trigger.

Uma história envolvente

Crono é o nosso herói e salvador do mundo, mas ele sequer sabe disso. Parecia um dia ensolarado como um outro qualquer, quando ele decidiu ir até a Feira do Milênio para ver a última engenhoca de Lucca, sua amiga e inventora do grupo.

No caminho, ele acaba trombando (literalmente) com Marle, a princesa do reino de Guardia, mas que está disfarçada como uma transeunte qualquer. Mesmo sem se conhecerem muito bem, eles acabam indo juntos conhecer a máquina do tempo de Lucca, mas algo muito estranho acontece: o pingente do colar de Marle interfere no funcionamento da máquina e ela acaba sendo lançada no tempo-espaço, sem rumo.

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Sem opções, só resta a Crono e Lucca irem atrás dela, mas o que eles não sabem é que esse é só o começo de uma saga épica e que envolve o destino de todo o mundo…


A história não é das mais originais, mas isso não interfere em nada na qualidade do jogo. Lidar com viagens no tempo é sempre um tiro no escuro, já que pode trazer resultados satisfatórios ou desastrosos, dependendo da forma como você lida com as diferentes linhas de tempo e espaço.

Crono Trigger usa a linha de tempo contínua, em que um evento alterado no futuro interfere diretamente no passado. Em algum momento da história isso acaba gerando um paradoxo, mas não é nada que incomode ou destrua a fluidez da trama.

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Todos os personagens têm backgrounds críveis e que acabam cativando o jogador. Claro que você vai acabar escolhendo os seus favoritos, enquanto outros vão ficar em segundo plano. Muito provavelmente um certo sapo vai ser um deles, mas isso não é um problema.

O próprio protagonista pode, eventualmente, ficar de fora da festa. Isso só mostra o quanto os demais personagens são importantes. E isso é algo bem raro.

Mecânicas do jogo

Como bom RPG japonês que é, Chrono Trigger usa o sistema de combates por turnos, só que através do sistema Active Time Battle, importado diretamente de Final Fantasy IV. Em vez de ter ataques alternados, você ataca quando a sua barra de ação está cheia, o que torna as lutas muito mais dinâmicas.

Outra diferença é que aqui você vê os inimigos no mapa, e pode até mesmo desviar-se deles caso não queira arrumar briga. Então não tem essa de dar dois passos e encontrar combates aleatórios. Você sabe onde estão as lutas e se você vai participar ou não, fica a seu critério.

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Conforme seus personagens evoluem, você vai aprendendo skills de magia cada vez mais fortes, e inclusive algumas delas podem ser combinadas, gerando ataques duplos ou triplos. São várias formas de ataque combinado, então é bom ficar ligado na hora de montar a sua party, já que apesar de o jogo ter sete personagens, você só pode usar três deles por vez.

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Chrono Trigger acabou ficando famoso, inclusive aqui no Brasil, por conta de seus múltiplos finais diferentes. São quinze ao todo! Por se tratar de um jogo baseado em idas e vindas, você pode lidar com algumas situações usando métodos diferentes, e isso certamente vai influenciar na hora de concluir a aventura. Ver todos os finais leva algum tempo, mas é uma missão bastante recompensadora!

Aspectos técnicos beirando a perfeição

Na parte visual e sonora, Chrono Trigger dá uma verdadeira aula. Alguns cenários são de cair o queixo, como no tribunal onde Crono é julgado, ou em uma clareira em que o grupo faz uma fogueira para descansar. Na Feira do Milênio, logo no começo do jogo, você vai ver cenários mega coloridos, com balões e muita fanfarra. Já no futuro onde você encontra o Robô, a humanidade foi praticamente dizimada e os cenários são bastante escuros e sem vida. Até mesmo a música parece ecoar em meio às paredes de metal e concreto dos domos.

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Essa mudança de atmosfera entre um cenário e outro faz parecer que você está dentro de um filme, vivendo aquela aventura de verdade. Tudo é muito crível, tamanho o perfeccionismo empregado no jogo.

Ainda no aspecto visual, vale ressaltar que mesmo através de sprites 16 bits, o traço de Akira Toriyama é inconfundível e extremamente charmoso. O Crono, por exemplo, tem um quê de personagem de Dragon Ball que chega a confundir. Do mesmo modo, Lucca se parece bastante com a Bulma e Ayla, com a Launch.

A trilha sonora do jogo dificilmente fica de fora das listas de melhores músicas dos videogames. Aliás, ela quase sempre está entre as primeiras colocadas, sempre ao lado de Donkey Kong Country e outros clássicos dos 16 bits.

Esse foi o trabalho de estreia de Yasunori Mitsuda, e ele se provou tão à altura do trabalho, que acabou sendo encarregado das trilhas de clássicos como Xenogears e Chrono Cross. Nobuo Uematsu apenas completou o trabalho, quando Mitsuda precisou se ausentar por motivos de saúde. Mesmo assim, foi uma estrelinha a mais nessa grande constelação de gênios.

https://www.youtube.com/watch?v=veD_Q9M79bM

Músicas como “Memories of Green”, “The Wind’s Yearning”, “Corridor of Time” e “Frog’s Theme” são constantemente homenageadas por músicos em canais de vídeo e eventos especializados. E não é à toa. Ficou curioso? Tem algumas dessas músicas na nossa playlist do Spotify, aí do lado.

Considerações finais

Não tenho nenhuma dúvida de que não estamos diante de um jogo qualquer. Chrono Trigger foi um estouro para a época e ajudou a pavimentar de vez a paixão do público ocidental por RPGs eletrônicos. Sem ele, talvez não fôssemos tão apaixonados por Final Fantasy VI e VII, além de outros títulos futuros que acabariam bebendo da mesma fonte.

Alguns anos mais tarde, tivemos o lançamento de Chrono Cross (1999), já para o PlayStation 1. Também um excelente jogo, mas sem a excelência do título original.

Se você já jogou, jogue de novo e relembre o quão deliciosa pode ser a experiência de viajar no tempo para salvar o mundo. Se ainda não jogou, amigo e amiga gamer que está lendo este texto: isso é uma obrigação moral, com você mesmo e com a história dos videogames. Tá esperando o quê? Corra atrás do tempo perdido!


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Eidy Tasaka

Redator e diagramador freelancer, apaixonado por jogos e revistas antigas, incentivado por um pai que sempre nutriu os mesmos vícios. Fã de RPGs japoneses e jogos de plataforma, divide seu tempo entre o Jogo Véio e as poucas horas de sono que possui.

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