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As regras das locadoras de videogame

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Conhecidas como espaços de encontro e diversão de crianças e jovens durante as décadas de 1990 e 2000, as locadoras de videogame também eram comércios, por mais que tivéssemos dificuldade para entender isso na época. E como todo estabelecimento particular que se preze, era preciso manter a ordem para que tudo funcionasse bem no templo da diversão gamer.

Se já é difícil manter a organização de um estabelecimento comercial, imagine controlar um frequentado por dezenas de crianças e adolescentes “enlouquecidos”. Pois é, a vida de dono de locadora não era moleza. Porém, para segurar a meninada, algumas regras eram criadas para manter a locadora sempre em harmonia. Vamos relembrá-las?

Olha a língua

Bastava entrar em qualquer locadora que se preze para dar de cara com a regra número um: É PROIBIDO FALAR PALAVRÃO. Escrito geralmente com caneta hidrocor, em uma folha de papel ofício, o improvisado e imponente cartaz era pregado bem visível no centro da locadora.

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Qualquer tipo de xingamento, palavrão e até gritos mais exaltados eram fortemente reprimidos pela regra. Não tinha negociação. Bastava começar a pronunciar uma das letras de algum palavrão e a galera toda se voltava para você, só esperando o término da palavra.

Se o jogador conseguisse se conter, a turma dava um suspiro de alívio. Mas se a palavra saía, mesmo sem querer, não faltavam traíras para entregar o delito ao dono da locadora. O melhor mesmo era evitar jogos injustos para conseguir terminar em paz. Caso contrário, depois de morrer pela 17ª vez na fase da moto em Battletoads, ser humano algum conseguia segurar uns belos gritos. Aí era só esperar a suspensão do tempo e a zuada da galera.

Escolha com sabedoria

Na época das locadoras, as informações sobre os videogames eram raras. Nada de ligar o celular e procurar na internet por novidades. O jeito era esperar pelas revistas especializadas, como a Gamers, a Super GamePower, a Nintendo World e tantas outras. Por isso, muitas vezes não sabíamos muito bem do que se tratava determinado jogo.

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Só experimentando para saber mais sobre aquele game de capa estranha – quando ele possuía capa na locadora. Porém, uma das regras da locadora era trocar de jogo o mínimo de vezes possível. Em alguns casos, o número de trocas de jogo era determinado pelo seu tempo de jogo. 30 minutos dava o direito de trocar de jogo duas vezes. Com uma hora de jogo, você poderia trocar de game quatro vezes.

O jeito era contar com a sorte para escolher um bom título e se divertir o máximo possível. Caso a escolha não fosse feliz, o jeito era passar intermináveis minutos com aquele Super Man 64 da vida.

Cuidado com as mãos

Se existia uma coisa que todo dono de locadora tinha era um cuidado excessivo com os consoles. E dos consoles, a parte mais protegida pelos donos eram os controles. O zelo era tanto, que existiam pelo menos duas regras só para eles.

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A primeira era ter que sempre lavar as mãos antes de jogar. Como a garotada passava o dia inteiro na rua e de lá mesmo corria para a locadora, era inevitável chegar com as mãos sujas. Mas os donos não faziam vista grossa e obrigavam qualquer um que tentasse burlar a regra. Ou lavava ou não jogava.

A segunda, e mais dura regra sobre os controles, ainda causa pesadelos em jogadores até hoje. A regra era clara: quem deixar o controle cair perde 10 minutos. Todos sabiam, todos tentavam evitar, mas todos já derrubaram o controle em algum momento de entusiasmo, raiva excessiva ou acaso do destino. Era o controle cair e o dono gritar: MENOS 10 MINUTOS. DA PRÓXIMA VEZ EU ENCERRO O SEU TEMPO, MOLEQUE. VOCÊ SABE QUANTO CUSTA UM CONTROLE DESSES?

Com que roupa eu vou?

Assim como os bingos, sinucas e bares eram uma tentação para os pais durante a semana, as locadoras também causavam forte atração em alguns jogadores. Não eram raros os garotos que corriam para a locadora sempre que conseguiam alguns trocados. E nessa ansiedade para jogar, era comum esquecer-se de vestir a camisa.

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Seja por pressa, descuido ou para fugir do calor – principalmente se você também mora aqui no Nordeste –, a garotada insistia em chegar à locadora sem camisa. Porém, era proibido ficar na locadora com o corpinho a mostra, principalmente caso o espaço também fosse frequentado por meninas. Era preciso manter o respeito no recinto. E a roupa também.

O simples fato de se vestir, porém, não era o suficiente. Era preciso ter cuidado até na escolha da roupa, pois segundo as regras das locadoras, era terrivelmente proibido jogar com a farda da escola. Essa regra era necessária para evitar que a turma que preferia jogar ao invés de estudar matasse aula para ficar na locadora jogando.

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Por mais que os mais “espertinhos” sempre encontrassem uma forma de burlar essa lei – nada que segunda camisa por baixo da farda não resolvesse –, essa norma evitava que grande parte da meninada fugisse durante o horário de aula ou parasse na locadora depois da aula, antes de voltar para casa.

Para o nosso bem

Mesmo muito duras, as regras eram necessárias para manter o ambiente sempre harmonioso e adequado para o público jovem que amava passar horas com os amigos jogando na locadora. Além disso, elas renderam boas e inesquecíveis histórias.

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Eu podia passar o dia inteiro falando sobre isso, mas prefiro saber as suas lembranças sobre essas regras. Passou por alguma situação inusitada? A sua locadora tinham regras ainda mais duras? Perdeu muito tempo derrubando controles? Conte para a gente.


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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