Durante muito tempo a LucasArts foi referência quando o assunto são jogos de aventura. Entre os anos 80 e o início dos anos 2000 a empresa lançou no mercado diversos clássicos. E um dos mais conhecidos, e também mais queridos, certamente é Sam & Max Hit the Road.
Lançado em novembro de 1993, o game traz a irreverente dupla de policiais freelancers em busca de um Pé Grande que desapareceu de um parque de diversões. Pra isso eles vão visitar lugares um tanto inusitados da América como A Maior Bola de Barbante do Mundo e um Museu de Celebridades Vegetais em busca de pistas.
E no post de hoje vamos justamente relembrar e conhecer mais sobre este excelente jogo de aventura. Além de falar sobre as origens de Sam & Max, vamos revisitar também a sua primeira aventura nos games.
Dos quadrinhos para os videogames
Apesar da sua alta popularidade entre os fãs de adventures das antigas, a dupla Sam & Max não nasceu nos games. Na verdade, a estreia deles na cultura pop foi em 1987 nos quadrinhos Sam & Max: Freelance Police criados pelo artista Steve Purcell.
Em 1988 Purcell entrou para a LucasArts para trabalhar como artista e game designer, além de ter se tornado um contribuidor da newsletter trimestral The Adventurer, que tinha como objetivo informar os clientes sobre as principais novidades da empresa, incluindo os seus lançamento de jogos.
Foi também nesse período que Sam e Max foram feitos na engine SCUMM, mas não em um jogo propriamente dito. Purcell criou versões animadas dos personagens e um cenário de escritório para que os programadores novatos pudessem aprender a trabalhar com a nova engine.
Foi só em 1992 que a LucasArts decidiu que estava na hora dos policiais freelancers ganharem o seu próprio jogo. A empresa estava em alta com sucesso dos seus lançamentos mais recentes, The Secret of Monkey Island e Maniac Mansion, e a tirinha de Sam & Max na The Adventurer estava sendo bastante elogiada pelos fãs, portanto, as possibilidades de sucesso eram altas.
Não demorou para Sam & Max Hit the Road entrar em desenvolvimento. Baseado na história dos quadrinhos de 1989 Sam & Max On the Road, ele foi desenvolvido com base na engine SCUMM e contou com design de Sean Clark, Michael Stemmle, Steve Purcell e Collette Michaud.
Na estrada com Sam e Max
A história de Sam & Max Hit the Road começa quando a dupla recebe a missão de investigar o misterioso desaparecimento de um pé-grande chamado Bruno que era mantido congelado e exibido como atração em um parque de diversões. No seu encalço também surge um cantor de country narcisista chamado Conroy Bumpus que quer capturar um pé-grande para exibir no seu mais novo número musical.
Logo nos primeiros minutos de jogo, os fãs da LucasArts já vão notar uma grande diferença no gameplay. Diferente de outros títulos de aventura clássicos da desenvolvedora, ele aposta em um sistema de ícones que representam os verbos.
Ao clicar com o botão direito do mouse na tela você vai alternando entre esses verbos. E o inventário fica em uma interface separada, que é acessada ao pressionar a tecla “i” ou clicando em uma caixa no canto inferior esquerdo da tela.
Durante todo o tempo o jogador controla o cão Sam, sendo Max apenas um dos “verbos utilizáveis” do jogo. E assim você deve ir interagindo com os itens e personagens encontrados nos interessantes cenários pré-renderizados em cartoon que compõem as diferentes áreas do game.
A interface de conversa também foi alterada, trocando os menus baseados em texto presentes nos jogos anteriores por ícones que representam diferentes tópicos de uma conversa.
Em determinados momentos da sua investigação, você irá se deparar com alguns minigames como uma atração do parque que é, basicamente, um Whac-A-Mole com ratos, ou um jogo de golfe no qual o objetivo é formar um caminho atraindo jacarés. O objetivo da inclusão desses minigames no jogo foi quebrar o ritmo do point and click, oferecendo ao jogador algo rápido e divertido. Até por isso alguns deles são totalmente opcionais, como o que você acessa ao visitar a autoestrada no mapa principal.
E por falar em mapa, a navegação entre as diferentes localidades é bem simples. De onde você estiver, basta escolher a ação de “Usar” no carro e depois escolher para onde os investigadores devem ir no mapa mundi que se abre.
O gameplay de Sam & Max Hit the Road trouxe mecânicas diferentes e que foram aprovadas pelos jogadores, tanto que muitas delas foram reaproveitadas em jogos posteriores da desenvolvedora, como o próprio The Dig.
Sam & Max Hit the Road: Mais um grande título da LucasArts
A combinação de um gameplay prático e uma ambientação muito bem trabalhada fizeram do título de estreia de Sam & Max nos videogames um grande sucesso entre o público e a crítica. Em 1998 a conceituada revista PC Gamer o colocou como o décimo melhor jogo de computador, sendo considerado pelos editores “a melhor aventura gráfica para PC.”
Ele foi um dos primeiros jogos da LucasArts a ter uma parte sonora completa, com todas as falas dubladas e trilha sonora de alta qualidade – porém apenas na versão em CD. Sam foi dublado por Bill Farmer, comediante conhecido como a voz do Pateta da Disney, enquanto Max ganhou a voz de Nick Jameson, que já tinha experiência com games, dublando personagens em Day of the Tentacle e Indiana Jones and the Fate of Atlantis.
A trilha sonora carregada de jazz foi composta pelo time de veteranos da LucasArts Clint Bajakian, Michael Land e Peter McConnell.
O visual de cartoon e os protagonistas antropomórficos podem fazer este parecer um jogo infantil à primeira vista. Mas, apesar do tom nada sério, suas piadas são mais adultas e podem desagradar aqueles que não gostam de histórias com humor ácido.
Sam & Max Hit the Road é um título fundamental para os fãs de games de aventura. Se você gosta desse gênero, recomendo muito que jogue para conhecer este que foi um ponto de mudança entre os jogos point and click.
Infelizmente ele só foi ganhar uma sequência em 2006 quando a Telltale Games – com uma equipe composta por grande parte do time do jogo original – lançou a aventura em episódios Sam & Max Save the World.