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Com uma carreira meteórica, Bubsy foi criado pela Accolade para rivalizar com os principais mascotes da década de 1990, prometendo ser o herói definitivo das plataformas. Contudo, a sua trajetória oscilou entre lampejos de criatividade e escolhas que quase acabaram com todas as vidas que um gato virtual pode ter.

Gato-ouriço

A década de 1990 nos videogames foi marcada pela ascensão dos mascotes/heróis. Devido o sucesso de personagens como Mario e Sonic, os protagonistas da Guerra dos Consoles, boa parte das desenvolvedoras investiram na criação dos seus próprios heróis, aqueles que representariam a imagem e os ideais da empresa para os gamers.

Nessa perspectiva, a Accolade, empresa fundada por Alan Miller e Bob Whitehead em 1984 após saírem da Activision, também resolveu investir na criação do seu próprio personagem. Essa dura missão ficou sob os cuidados de Michael Berlyn, escritor e designer americano fã de jogos de plataforma.

Para a Accolade, o novo personagem teria que ser moderno, ousado, carismático e facilmente reconhecido pelo público. E, na época, ninguém se encaixava melhor nessa descrição do que Sonic, o ouriço — que no Brasil virou porco espinho.

Com a missão de criar um novo Sonic, Berlyn e o seu time de desenvolvedores passaram 14 horas seguidas jogando Sonic The Hedgehog de Mega Drive, durante alguns dias, absorvendo o máximo de informações sobre o personagem e buscando inspiração para criar os próprios conceitos para o seu novo herói.

Estilo felino

Estava definido: o novo mascote seria veloz, feroz, radical, com cores fortes, atitude radical, mas sem perder a inocência infantil, e seria um animal. Dessa mistura, surgiu Bubsy, o gato selvagem de pelo laranja, vestido com uma blusa branca com estampa de exclamação, dentes à mostra, garras, e capaz de correr em uma velocidade absurda.

A criação de Bubsy parecia um sucesso para a Accolade. Tanto que. bastante satisfeita com o resultado do personagem, a empresa investiu pesado em marketing, principalmente nas revistas de videogame da época. No Brasil, por exemplo, Bubsy foi capa da primeira edição da revista Progames.

Anunciado por algumas matérias da época como “o novo Sonic”, Bubsy fez a sua estréia nos videogames em 1993, no game Bubsy in Claws Encounters of the Furred Kind, lançado para Super Nintendo e Mega Drive. E, como seus criadores esperavam, o jogo fez bastante sucesso — quase o game gerou uma série animada chamada “What Could Possibly Go Wrong?”, mas acabou cancelada após um episódio piloto pouco inspirado.

A jornada de Bubsy

Com gráficos bonitos, trilha sonora competente, dificuldade elevada, variedade de estágios e excelente animação, principalmente nas mortes do herói, Bubsy in Claws Encounters of the Furred Kind foi bem acolhido pela crítica e pelos jogadores, sendo considerado um ótimo jogo de plataforma, com excelentes avaliações.

Nesse primeiro título, Bubsy é capaz de correr quase tão veloz quanto o Sonic, planar como o Mario faz quando está equipado com a Cape Feather, atacar os Woolies (alienígenas inimigos) com o próprio corpo e recolher as bolinhas de lã espalhadas pelos estágios. Tudo o que um bom jogo de plataforma deveria ser na década de 1990.

O personagem agradou aos jogadores, o que encorajou a Accolade a dar uma sequência direta para o game, chamada Bubsy 2. O jogo foi lançado para Mega Drive e Super Nintendo em 1994, com direito a um port para o Game Boy. Infelizmente, essa segunda aventura — que não contou com o time original de desenvolvedores — não conseguiu o mesmo prestígio de seu sucessor, sendo criticado pela falta de diversidade, péssimo level designer, quase nenhuma novidade em relação ao primeiro Bubsy e jogabilidade confusa.

Depois da baixa recepção de Bubsy 2, o personagem protagonizou um terceiro e divertido game. Lançado em 1994, Bubsy in Fractured Furry Tales, era mais uma aventura 2D, mas com interessantes elementos de puzzle. Contudo, essa versão foi exclusiva do Atari Jaguar, e mesmo vendendo todas as sessenta mil cópias produzidas, não conseguiu evitar que o personagem começasse a cair no esquecimento.

O último título de Bubsy nos videogames é com certeza o mais polêmico. Lançado para Playstation em 1996, Bubsy 3D: Furbitten Planet tentou ousar com uma jornada completamente em três dimensões. Porém, com a falta de referências — Super Mario 64 ainda era uma novidade —, o jogo pecou em apresentar boas mecânicas, sendo, até hoje, considerado uma das piores experiências proporcionadas por um jogo eletrônico.

Sete vidas

Em menos de cinco anos, Bubsy foi de grande promessa à fracasso absoluto, sendo considerado um clássico por aqueles que o conheceram na geração 16-bit, mas um gato sem vida por os que experimentaram a sua versão poligonal. Verdade mesmo é que o personagem permaneceu adormecido por muito anos.

A primeira tentativa de ressuscitar Bubsy aconteceu em 2015, quando os dois primeiros jogos foram relançados para PC na coletânea Bubsy Two-Fur. Já a segunda pegou os fãs de surpresa. A Tommo (antiga Accolade), em parceria com a Black Forest Games, anunciou o retorno de Bubsy em 2017.

O novo jogo do personagem se chama Bubsy: The Woolies Strike Back e será lançado para PC e PlayStation 4 no dia quatro de setembro de 2017, marcando a retomada de um velho clássico da década de 1990 ao cenário gamer, para a alegria dos veios de plantão.

E você, caro leitor? Lembrava do Bubsy? Tem alguma boa recordação com os seus games? Foi um dos que jamais conseguiu esquecer as alucinações da versão para PlayStation? Está ansioso por o seu retorno? Conta aí para gente nos comentários. 


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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