O primeiro título da série Mega Man X foi lançado em 1994, praticamente junto com Mega Man VI, de Nintendinho. Essa proximidade bizarra entre os dois jogos se justifica pelo fato de não estarem no mesmo sistema, além de algumas leves mudanças na proposta do jogo mais novo.
Enquanto a versão 8 bits repetia a fórmula e se aproveitava da base instalada do NES em todo o mundo, seu irmão mais novo (e muito radical) prometia trazer mudanças para a franquia. E trouxe!
Uma ode aos Maverick Hunters
Mega Man X surgiu com a proposta de modernizar o personagem e o enredo, tirando de cena o humor tipicamente japonês das engenhocas do Dr. Wily e abrindo espaço para personagens e chefes maiores e mais poderosos. O próprio Mega Man (que não é o mesmo da série clássica, que fique claro) ganhou uma série de upgrades com o passar dos anos, através de armaduras e poderes cada vez mais devastadores. Hadouken e Shoryuken estão no pacote!
O último título canônico de Mega Man X foi lançado em 2004 para PlayStation 2. Mega Man X8 resgatou, com honras, tudo aquilo que Mega Man X7 havia perdido, depois de uma longa série de sucessos no Super Nintendo (X1 a X3) e PlayStation (X4 a X6). Sendo assim, são 24 anos de história resumidos em dois jogos, a exemplo do que a Capcom já havia feito com a série original e, mais recentemente, com Street Fighter.
Todos os jogos estão lá de maneira impecável, reunidos em dois pacotes: Mega Man X Legacy Collection engloba os quatro primeiros jogos, enquanto Mega Man X Legacy Collection 2 traz os quatro últimos. Evidentemente, do meu ponto de vista Véio, o coração pendeu muito mais para a primeira parte, mas é de suma importância jogar ambas as versões, por um simples motivo: História, com ‘h’ maiúsculo. E a Capcom bateu forte nesse ponto, que eu considero ser um acerto muito grande.
Ambas as versões trazem o modo Museum, onde é possível passear pela história do personagem e da franquia, com direito a rabiscos originais das etapas de criação. Esse tipo de material só chega até o jogador através de livros pesados e caros, que normalmente só são encontrados na gringa. Quem curte artworks sabe o que é correr atrás das pré-vendas da Amazon e afins, e eu sei que você também é desses.
Recentemente, nós lançamos a Revista Jogo Véio Nº 2, cuja matéria de capa foi sobre Mega Man, abordando a série clássica. Lá, nós dedicamos bastante espaço das páginas para artes conceituais e rascunhos dos criadores, como forma de enriquecer o material e ajudar o leitor a mergulhar no contexto da época. Essa foi a mesma leitura que fiz do Museu preparado pela Capcom, devidamente categorizado por jogo e com qualidade suficiente para ver na tela da TV ou monitor. Isso é respeito pela história dos videogames e por sua própria história. Óbvio que o Jogo Véio aplaude esse tipo de conteúdo!
Também está disponível um tocador de música com faixas de todos os jogos, além de trailers clássicos e o OVA The Day of Σ, que reconta a origem da franquia e mostra com detalhes como Sigma se tornou um Maverick. São 24 minutos de pura ação, com um traço que lembra bastante as cenas em anime dos jogos de PS1. Esse OVA foi lançado originalmente com o remake de Mega Man X (Maverick Hunters) para PSP, sendo obrigatório para qualquer fã da série.
Com a mão na massa
Em ação, os jogos funcionam de maneira igual às suas versões originais, sem tirar ou adicionar nenhum pixel. Na verdade, os fãs da crocância podem ficar tranquilos, já que é possível jogar com os gráficos em sua forma bruta, sem filtros e scanlines, na resolução original. Para os menos puritanos, dá pra estragar o jogo esticando a tela e utilizando um filtro que suaviza as bordas. Mas isso torna a experiência incompleta. Não faça isso!
Jogando da maneira correta e sem destruir a beleza dos sprites, você pode usar molduras feitas a partir de artes originais dos jogos, mais ou menos como era nos tempos dos fliperamas com os jogos de luta. Isso adiciona alguns pontos a mais de nostalgia na sua experiência!
Se você sentir que está meio fora de forma e precisa dar uma calibrada na mão antes de encarar os 64 chefões, dá pra recorrer ao modo Rookie Hunter pra dar uma facilitada no jogo sem destruir a experiência.
Mas a cereja do bolo mesmo é o modo X Challenge, uma das maiores loucuras que já vi em todos esses anos de videogame. Imaginem a loucura que é enfrentar dois chefes ao mesmo tempo, vindos normalmente de jogos diferentes (mas com algo comum entre eles geralmente).
Esse modo conta com três níveis de dificuldade e tem um placar online com a pontuação de jogadores de todo o mundo. A loucura funciona da seguinte forma: o jogo deixa você escolher três armas entre nove disponíveis, para então enfrentar uma série de três duplas de chefões.
Dica: Não façam como eu que vi que a primeira dupla era formada por dois robôs de gelo (Chill Penguim e Frost Walrus) e escolhi um monte de armas de fogo. Depois da luta, não dá pra trocar as armas escolhidas! Aliás, foi hilário lutar contra dois chefes tão diferentes em tamanho. Não dava pra aplicar a estratégia nem de um, nem do outro, restando spammar tiros e desviar feito um louco. A adrenalina foi lá em cima e eu acabei viciando nesse modo. Sério, eu daria um abraço na pessoa que chegou em uma reunião de executivos da Capcom e disse: “Seria legal se a gente colocasse um modo em que dá pra enfrentar dois chefes ao mesmo tempo, né?” — É! Acertou em cheio!
Outras duplas inusitadas surgiram da união de chefes como Storm Eagle e Storm Owl (dois chefes voadores chatíssimos) ou Volt Kraken e Shield Sheldon. Essas batalhas, aliás, acontecem nas arenas dos próprios chefes.
Mega Man X Legacy Collection 1+2 está disponível a partir de 24 de julho para PlayStation 4, Xbox One, Switch e PC (Steam). A versão que nós utilizamos para a análise foi a de Steam, gentilmente cedida ao Jogo Véio pela Capcom.