Jogar The King of Fighters R-2 foi, por anos, exclusividade dos donos de um Neo Geo Pocket. Sonho de consumo dos colecionadores, o portátil foi uma tentativa da SNK de bater de frente com o Game Boy, mas apostando no sucesso de suas próprias franquias.
Agora, em 2020, o game foi adaptado para o Nintendo Switch, aproveitando-se de sua portabilidade para oferecer uma experiência melhor e muito mais versátil que a original. Mais do que isso, tira da obscuridade um bom jogo de luta, que até então só era jogado de maneiras não-oficiais.
KOF’ 98 na palma da sua mão
The King of Fighters R-2 é baseado na versão 98’ dos arcades, repetindo diversos trios, personagens selecionáveis, golpes e cenários. Nos fliperamas, esta versão marca a transição entre as sagas Orochi e NESTS, sendo considerada uma edição comemorativa. Na prática, isso tem um significado: porradaria de qualidade.
Mesmo com os controles simplificados do Neo Geo Pocket, que tem apenas dois botões de ação, é possível diferenciar entre golpes fracos e fortes. Para isso, basta pressionar os comandos de leve para um ataque fraco, ou segurar o botão por mais tempo para usar a versão mais poderosa.
Especiais, esquivas, rolamentos, combos e provocações estão presentes no jogo e entregam uma experiência bastante satisfatória. Lembre-se: na época do lançamento de KOF R2, ainda não tínhamos nenhuma opção razoável para jogar a série de maneira portátil.
Quase todos os modos de jogo da versão original estão disponíveis, inclusive o curioso modo Making, que permite que você customize os golpes e crie seu próprio lutador. O único modo que ficou de fora foi o DC Mode, que permitia conexão com um Dreamcast.
Um elenco tradicional
O jogo conta com 18 personagens jogáveis, incluindo aí algumas versões secretas, além do chefão Omega Rugal. Esses lutadores estão divididos entre os já tradicionais trios, embora você também possa jogar no sistema 1 vs 1.
Os times disponíveis são:
Team Kusanagi: Kyo Kusanagi, Saisyu Kusanagi e Shingo Yabuki
Super Babe Team: Athena Asamiya, Yuri Sakazaki e Kasumi Todoh
New ST Team: Terry Bogard, Ryo Sakazaki e Mai Shiranui
Orochi Team: Yashiro Nanakase, Shermie e Chris
Solitários: Leona e Iori Yagami
Além dos personagens secretos: o chefão Omega Rugal, o trio Orochi (Yashiro, Shermie e Chris) e as versões clássicas de Kyo, Ryo, Terry, Mai e Yuri.
O visual fofinho (Super Deformed) dos personagens ajuda a compensar os gráficos simples e a paleta de cores chapada do console. Esse mesmo recurso foi utilizado nas versões do jogo lançadas para Game Boy, muito mais simples que KOF R2, mas igualmente divertidas.
Os cenários são réplicas dos de KOF ‘98, com óbvias adaptações devido às limitações do portátil. A paleta de cores do cenário é mais diversa e detalhada que a dos personagens, que fica entre o preto, branco e uma cor adicional. Já nas cutscenes e apresentações, as representações de cada lutador foram melhor trabalhadas.
Músicas e efeitos sonoros são bastante limitados, mas bons para uma versão 8-bit. Temas clássicos como Psycho Soldier, de Athena Asamiya, e Still Green, de Shingo Yabuki, deixam aquele gostinho bom para quem conhece as músicas originais.
E o que o Switch traz de novo?
Seguindo a cartilha das coletâneas e ports de games clássicos para os consoles atuais, KOF R2 traz alguns features interessantes. O primeiro é a possibilidade de jogar partidas multiplayer, já que no original isso só era possível usando um cabo específico. No Switch, basta usar os joycons para tirar um racha com a turma!
Além disso, skins do próprio Neo Geo Pocket estão disponíveis para serem utilizados como molduras para a tela. Fica um pouco bizarro ver uma telinha dentro da outra, mas é o tipo de perfumaria que a gente não reclama. E pra quem não gosta, basta desabilitar e esticar a tela até preencher toda a área vertical do Switch (sem esticar ou quebrar a proporção).
Para os menos pacientes, existe uma função embutida que permite rebobinar a jogatina por alguns segundos, a exemplo do que a própria Nintendo fez no Switch Online. Esse também é um feature dispensável, mas que a gente não reclama por estar lá.
Por último, é possível acessar o manual do jogo de maneira digital. Dessa forma, fica fácil consultar informações sobre o game sem interromper a jogatina. Sentimos falta dos já tradicionais modos “Museum”, com rascunhos e artworks vindos diretamente dos desenvolvedores. Também seria legal ter um modo online, especialmente em período de quarentena.
The King of Fighters R-2 é parte da série NeoGeo Pocket Color Selection, que conta também com Samurai Shodown! 2.
A key utilizada neste teste nos foi gentilmente cedida pela assessoria de imprensa da SNK.