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Rom Hacks lançados de maneira oficial

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Passados mais de trinta anos desde o lançamento do Famicom, é possível afirmar que a distância entre o gamer oriental e o ocidental está cada vez menor. Eles aprenderam a gostar de jogos realistas e FPS, assim como nós abraçamos os RPGs e os jogos mais caricatos, frutos de mentes brilhantes como Hideo Kojima, Shigeru Miyamoto, Shigesato Itoi (Mother), Goichi Suda (Killer 7, No More Heroes) e tantos outros.

Se hoje o mundo gamer está passando por um processo de miscigenação, nas décadas de 1980 e 1990 as escolas americanas e japonesas de game design claramente enxergavam os videogames de maneira bastante distinta. Um título que fazia muito sentido para nós, podia representar um fracasso de vendas para os japoneses, e vice-versa.

A solução encontrada para resolver esse “problema” foi restringir alguns títulos de cruzarem os oceanos, ou adaptá-los para que se tornassem mais facilmente atraentes para outros públicos. Nesse caso, a opção mais rápida e barata era apenas trocar os sprites dos personagens e tudo certo: um jogo novinho, pronto para as prateleiras.

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Quem foi craque nesse processo, pelo menos por aqui no Brasil, foi a Tec Toy (hoje se escreve tudo junto, TecToy). A empresa brasileira fez diversas adaptações especiais para cativar o mercado interno, lançando títulos como Mônica no Castelo do Dragão (baseado em Wonder Boy in Monster Land), Geraldinho (personagem do cartunista Glauco, adaptado a partir de Teddy Boy) e outros.

Que tal recordar com a gente dez clássicos que foram lançados em outros países com sprites, animações e até mesmo seus títulos trocados? Tem muita coisa boa na lista!

10. Super Mario Bros. 2 / Yume Kojo: Doki Doki Panic (NES/Famicom)

Começamos pelo caso mais famoso de todos pra ajudar o véio leitor a entender as motivações das empresas por trás da manobra.

Passado o sucesso estrondoso de Super Mario Bros., os japoneses logo receberam uma nova versão do título, mas com um nível de dificuldade ligeiramente superior.

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Imaginando que o público norte-americano não lidaria bem com o nível de desafio proposto, em vez de lançarem o jogo por aqui, trataram de adaptar uma versão de um outro título que nada tinha a ver com o original. Dessa forma, Yume Kojo: Doki Doki Panic teve seus quatro personagens originais (de origem árabe, bem no estilo Aladdin) trocados por Mario, Luigi, Toad e pela Princesa Toadstool. Os dois últimos, estreando como personagens jogáveis.

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Posteriormente, o Super Mario Bros. 2 do ocidente foi lançado nos EUA como Super Mario Bros. USA. Já o Super Mario Bros. 2 japonês, veio pra cá como Super Mario Bros. The Lost Levels, dentro da coletânea Super Mario All-Stars, do Super Nintendo.

9. Probotector / Contra III (SNES)

A série Contra é considerada um dos clássicos do gênero Run and Gun, e ficou muito famosa nos arcades e consoles caseiros de todo o mundo. Mas o terceiro título da franquia, curiosamente, teve seu nome e sprites trocados no continente europeu.

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Probotector, como o jogo ficou conhecido por lá, trocou os personagens humanos pela dupla de robôs RG011 e RD008. Dessa forma, tanto as cenas in game quanto a introdução e o final do jogo tiveram que ser redesenhadas.

Localizar os jogos na década de 90 na Europa era algo bastante difícil, já que cada país tinha suas próprias leis para lidar com certos temas. Na Alemanha, por exemplo, Contra foi barrado por ter personagens humanos atirando uns nos outros.

Contra III, por acaso, não tinha nenhum inimigo humano, mas o jogo acabou renomeado e alterado para evitar problemas legais.

Mais pra frente as leis nesse sentido se abrandaram e os europeus passaram a receber os jogos com o nome Contra, como no resto do mundo.

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8. Turma da Mônica / Wonder Boy (Master System/Mega Drive)

A heroína dentucinha dos quadrinhos brasileiros já foi citada na introdução, mas merece seu lugar de destaque por ter estrelado não apenas um, mas três jogos com sprites trocados. Em todas as três vezes, a série de origem foi Wonder Boy:

  • Mônica no Castelo do Dragão / Wonder Boy in Monster Land (Master System);
  • Turma da Mônica em O Resgate / Wonder Boy III: The Dragon’s Trap (Master System);
  • Mônica na Terra dos Monstros / Wonder Boy in Monster World (Mega Drive).

A série de jogos Wonder Boy mistura o clássico gênero de plataforma com algumas pitadas de RPG, permitindo que o personagem adquira novos equipamentos através do uso de moedas que caem dos inimigos.

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Até mesmo a espada do protagonista foi adaptada, transformando-se no fiel companheiro da Mônica, o coelho azul de pelúcia Sansão.

7. Black Belt / Hokuto no Ken (Master System)

Publicado originalmente no Japão entre 1983 e 1988, Hokuto no Ken é um dos maiores ícones do gênero de luta dos mangás. Contudo, seu sucesso no ocidente foi tardio, razão pela qual a Sega decidiu adaptar o jogo para um roteiro mais genérico e, teoricamente, de fácil compreensão.

Kenshiro, o protagonista do mangá, foi transformado no carateca Riki (que inclusive luta a caráter, vestindo um quimono e descalço). Sua missão é salvar a sua namorada das mãos do vilão Wang (Raoh, no original).

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Curiosamente, o mesmo fenômeno ocorreu com a adaptação do mangá para o Mega Drive: Hokuto no Ken – Shin Seikimatsu Kyūseishu Densetsu virou Last Battle, deixando de lado todo o roteiro da obra original. Pobre Kenshiro! (Abaixo, comparação entre Last Battle e Hokuto no Ken, feita pelo canal VC Decide)

6. Sapo Xulé vs Os Invasores do Brejo / Psycho Fox (Master System)

Mais uma da Tec Toy! Dessa vez, com um rom hack de Psycho Fox, título de plataforma cheio de personalidade, mas que não fez muito sucesso por aqui.

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No original, você controla uma raposa que tem a capacidade de se transformar em outros animais, sendo que cada um deles tem uma habilidade diferente. O tigre é o mais ágil, o macaco salta alto e o hipopótamo é capaz de quebrar alguns blocos com sua força avantajada.

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O Sapinho do pé fedido ainda estrelou outros dois jogos, também via rom hack da Tec Toy:

  • Sapo Xulé: S.O.S. Lagoa Poluída / Astro Warrior (Master System)
  • Sapo Xulé – O Mestre do Kung Fu / Kung-Fu Kid (Master System)

5. Street Combat / Ranma ½: Chonai Gekitohen (SNES)

A exemplo do item 7 dessa lista, Ranma ½ também sofreu do mal do “anime pouco conhecido”. Ou pelo menos, assim pensaram os seus produtores, ignorando que a obra máxima de Rumiko Takahashi sempre teve uma grande legião de fãs em todo o mundo, mesmo antes de a obra ser licenciada por aqui.

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Mesmo assim, o jogo foi adaptado para Street Combat, com o elenco reduzido a uma amálgama sem graça dos personagens de World Heroes, além de ter a trama toda descaracterizada.

O Ranma na versão masculina virou Steve, enquanto a versão feminina virou… Steve, só que sem armadura. Enfim, uma piada de mau gosto.

O que salva a nossa consciência é que esse não era o melhor jogo da série Ranma, já que Ranma ½ Hard Battle é muito mais divertido!

4. Dragon Power / Dragon Ball Shen Long no Nazo (Famicom)

Dragon Ball Shen Long no Nazo foi o segundo jogo de Famicom baseado na franquia de Akira Toriyama e o primeiro jogo baseado na série a ser produzido e distribuído pela Bandai.

Vejam bem, estamos falando do mangá de maior sucesso em toda a história, e mesmo assim nem ele foi capaz de escapar da implacável localização ocidental.

No mercado americano, o jogo foi transformado em Dragon Power, com uma nova trama totalmente diferente da original, fugindo assim do licenciamento da franquia e dos personagens da série.

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Definitivamente, eram outros tempos…

3. Alex Kidd: High-Tech World / Anmitsu Hime: From Amakara Castle (Master System)

Mais um jogo baseado em mangá que acabou transformado para vender mais. Aproveitando que o mascotinho da Sega estava em alta, decidiram lançar Princess Anmitsu por aqui como Alex Kidd, trocando os sprites e a trama.

No fim das contas o jogo até conseguiu as vendas que queria, mas ajudou um pouco a queimar a imagem do pequeno herói radaxiano. O jogo não estava à altura de Miracle World e Shinobi World, outros jogos de Alex, apresentando fases em estilo RPG e outras em plataforma. Nenhuma delas merece destaque.

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2. Universal Soldier / Turrican II (Multi)

Outro run and gun de sucesso, mas que teve o azar de cruzar o caminho de Jean Claude Van Damme.

Turrican II (Amiga, PC, Commodore 64) já estava pronto para ser portado para os consoles caseiros, quando alguém do staff da Accolade levantou a bola de transformar o título em uma adaptação do filme Soldado Universal.

Se em Probotector tivemos os protagonistas humanos se transformando em robôs, aqui aconteceu o contrário: os robôs se transformaram em soldados fuzileiros navais, assim como alguns inimigos e chefes. Pior: em alguns casos os sprites sofreram ajustes de tamanho, mas as hit boxes, não.

Pra fechar a tampa do caixão de bosta, três fases foram limadas do original e substituídas por outras piores, só pra amarrar a trama e deixá-la mais parecida com o filme.

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1. Decap Attack / Magical Hat (Mega Drive)

O sucessor espiritual de Psycho Fox, Magical Hat, também passou por uma metamorfose antes de ser lançado no ocidente.

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Baseado no anime de mesmo nome, lançado pelo Studio Pierrot, no original você controla um menino de turbante que precisa salvar o mundo do demônio Jiark. Mas uma vez que a história não era conhecida fora do território japonês, a trama acabou sendo toda reestruturada para dar vida a Decap Attack, só que transformando toda a atmosfera colorida do título em algo muito mais macabro e sombrio. Afinal de contas, você agora controla Chuck D. Head, uma múmia que usa a própria cabeça como arma.

Essa é uma das apropriações de engine mais bem feitas, já que a equipe de produção do jogo pelo menos se deu ao trabalho de redesenhar todos os cenários e inimigos, dando mesmo a impressão de que estamos diante de um outro jogo. Chega a ser louvável, além de ter feito bastante sucesso no ocidente.
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E aí, lembra de outros rom hacks que foram lançados de maneira oficial? Deixe as suas sugestões aí nos comentários!


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Eidy Tasaka

Redator e diagramador freelancer, apaixonado por jogos e revistas antigas, incentivado por um pai que sempre nutriu os mesmos vícios. Fã de RPGs japoneses e jogos de plataforma, divide seu tempo entre o Jogo Véio e as poucas horas de sono que possui.

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