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Por que somos tão apaixonados por jogos antigos?

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Em 2015 nós fomos rendidos por um estrondo violento conhecido como The Witcher 3, com as aventuras do bruxo Geralt de Rivia. Trama bem articulada, missões convincentes, roteiro interessante, conteúdo praticamente inesgotável e mais uma pitada de outros ingredientes feitos especialmente pra deixar um gosto longo e duradouro na boca dos jogadores. É o chamado Triple A, aquele jogo que é capaz de catapultar as vendas de um console, enterrar de vez um concorrente desavisado, etc. Mas… Por mais grandiosas que sejam as aventuras dos consoles atuais, você seria capaz de dizer que um desses jogos é melhor ou mais competente que Golden Axe, The King of Dragons ou Knights of the Round? Difícil, não é mesmo?

Videogame x Videogame

Comparar os jogos de hoje em dia com os títulos lançados quinze ou vinte anos atrás muito provavelmente vai te levar a um beco sem saída, impreciso e sem propósito. Apesar de ambos serem jogos de videogame, são pesos e medidas tão diametralmente opostas que mal encontramos parâmetros para comparar uma obra e outra. Por mais que a mídia ainda seja a mesma, com aquela mesma estrutura console-controle-jogo do Atari 2600, lá da década de 1970, todo o entorno mudou. A maneira de se contar uma história, desenvolver um personagem, duração, objetivo e interação entre homem e máquina, tudo isso parece tão desconstruído e remodelado em um espaço curto de tempo, que nem parece que estamos falando da mesma coisa.

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Mas e a pergunta do título do texto, como fica? Por que diabos nós somos tão apaixonados por jogos antigos?

Bom, um dos pontos é justamente a desconstrução do conceito de ‘jogo antigo’. Dizer que nós gostamos deles apenas porque são ‘vintage’ é um baita demérito para os consoles clássicos. Do contrário, não teríamos uma nova geração de jogadores apaixonados por games de 8, 16 e 32 bits, nascidos depois dos anos 2000. Eles estão aí, vivendo hoje as aventuras que nós enfrentamos naquele tempo em que a Xuxa ainda era a Rainha dos Baixinhos, os quatro Trapalhões estavam vivos e o Brasil era o país do futebol. Não é apenas porque são antigos que nós gostamos deles. Na verdade, nós gostamos deles apesar de eles serem antigos. Nem tudo que é do tempo dos nossos pais nós encaramos com o mesmo carinho que vemos um videogame das primeiras gerações. Isso, é claro, a menos que você seja um verdadeiro apreciador das máquinas de escrever, dos telefones de ficha e das fitas cassete. Nesse caso, você está em um outro grupo e a conversa é bem diferente!

Alguns gêneros de jogos se tornaram completamente datados e hoje estão limitados apenas ao mercado de jogos indie. Games dos estilos Beat’em Up e Run n’ Gun, por exemplo, se perderam em meados da década de 90, pouco antes da virada para os gráficos tridimensionais. Mas será que eles se tornaram menos divertidos por isso? E se são bons, por que não vemos novos títulos desses gêneros hoje em dia? Se eu quero jogar Final Fight, Streets of Rage ou Cadillacs and Dinosaurs, que outra opção eu tenho senão recorrer aos meus videogames antigos?

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Não é possível afirmar com precisão até que ponto essa nossa preferência por jogos antigos está apoiada puramente no sentimento de nostalgia. Um exemplo disso é que eu não sinto saudades de Superman (Nintendo 64) ou qualquer outro jogo porcaria lançado em cartucho. Eu posso até lembrar com carinho da época, de uma revista que publicou um review bem humorado ou de um causo de um amigo que fez um péssimo rolo com esse jogo. Mas o software em si, não me evoca nada.

Bato na tecla: dizer que os jogos antigos são bons apenas porque são antigos é negar suas próprias qualidades e igualar obras que não possuem o mesmo nível de refinamento. É dizer que todo o esmero de um Shigeru Miyamoto da vida se compara ao desleixo de um desenvolvedor de fundo de quintal, só porque ambos lançaram seus produtos antes do “Bug do Milênio”. Não é só isso, definitivamente.

O espírito Jogo Véio de ser resgata aquela nostalgia gostosa das tardes de verão com os pés descalços jogando bola na rua, porque foi exatamente isso o que eu vivi nos melhores anos da minha vida. Mas pra eu chegar aqui e dizer que é algo bom de verdade, precisa ter muito mais que quilometragem e teia de aranha nas costas.

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Em tempos de Masterchef bombando na TV aberta, um paralelo: jogos antigos e novos, em sua maioria, carecem de “tômpero”, de essência, de algo que o torne memorável para uma geração vindoura de retrogamers que daqui a 20, 30 anos, possam chegar e dizer que o PlayStation 4 redefiniu a história dos jogos, ou que aquele personagem virou um grande ícone da cultura pop, assim como Pacman, Sonic e Mario.

A gente gosta daquilo que é bom, não apenas porque é velho. Como uma música boa de ouvir, como uma pintura que te faça questionar o sentido da vida, como um filme divertido ou um bom punhado de sprites e pixels.


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Eidy Tasaka

Redator e diagramador freelancer, apaixonado por jogos e revistas antigas, incentivado por um pai que sempre nutriu os mesmos vícios. Fã de RPGs japoneses e jogos de plataforma, divide seu tempo entre o Jogo Véio e as poucas horas de sono que possui.

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