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Abrimos o Baú de Relíquias do Véio para relembrar Moonwalker, um dos grandes clássicos do Master System com o melhor da música e da dança de Michael Jackson, o rei do pop, no 8-bit da Sega.

Trilogia

Quando o filme Moonwalker chegou aos cinemas em 1988, trazendo uma elegante e excêntrica mistura de clipes musicais, quase ninguém podia imaginar que logo em seguida o longa seria adaptado para alguns dos jogos mais marcantes lançados para os consoles da Sega.

Primeiro, saiu um game pouco conhecido para PC, trazendo algumas sequências inusitadas, como a fase inspirada no curta de Speed Demon. Mas, logo em seguida, depois de um contrato milionário de exclusividade da Sega com o rei do pop, o filme foi adaptado para os arcades e os dois consoles de mesa da casa do Sonic.

A casa do rei

Assim como na versão de Mega Drive, em Michael Jackson’s Moonwalker, lançado para Master System em 1990, o jogador controla Michael Jackson, com o figurino do clipe Smooth Criminal, em fases de plataforma 2D com direito a saltos, socos, chutes e movimentos que só o rei do pop fazia.

A história é simples, como no filme. Michael Jackson precisa resgatar as crianças sequestradas pelo Mr. Big e os seus capangas. O objetivo do jogo é centrado no resgate das crianças que ficam escondidas pelos cenários. Ao encontrar todas em cada fase, o jogador é levado para uma batalha especial contra novos inimigos.

Toda a ação se desenvolve em progressão lateral — com exceção da batalha final —, com diversos elementos típicos dos jogos de plataforma da época, como inimigos aos montes, escadas para subir e descer, objetos quebráveis e itens escondidos.

Estilo pop

Todos os cenários são inspirados nos clipes do astro, assim como os seus golpes. É possível chutar o ar, socar, arremessar o chapéu — no melhor estilo Kung Lau de Mortal Kombat — e, claro, destruir hordas de inimigos com o especial que coloca todo mundo para dançar até a morte.

Outros golpes/passos completam o “arsenal” do jogador, como deslizar no corrimão, fazer o famoso Moonwalker e até parar na pontinha dos pés. Tudo com muita fluidez e elegância, seja na movimentação do personagem, na disposição dos estágios, ou até mesmo nos combates coreografados.

Lado A

O jogo começa no Club 30, palco do lendário clipe de Smooth Criminal. Com direito a jogadinha de moeda na vitrola, mesas, cadeiras e sinucas, o cenário é representado em pormenores, com cores vivas e sprites detalhados.

Depois de salvar as crianças escondidas entre portas e janelas, é a vez de encarar um estacionamento barra pesada ao som de Beat it, música que misturou como poucas a melodia pop com os riffs pesados do rock — destaque para o solo de guitarra monstruoso do Eddie Van Halen na versão original. Nessas fases urbanas, temos elevadores, carros estacionados e vários gângsteres pelo caminho.

O terceiro mundo é um cemitério, clara referência o premiadíssimo clipe Thriller. Aqui, jogamos ao som da eletrizante Another Part of Me, do álbum Bad, enfrentando zumbis dançantes que surgem de suas criptas.

Lado B

O mundo seguinte é uma caverna horripilante cheia de entradas secretas e criaturas subterrâneas. A trilha fica a cargo de Billie Jean, outro sucesso do disco Thriller, de 1982. E por falar em Thriller, a canção possivelmente seria tema desse estágio, mas problemas com direitos autorais na canção — Michael divide os créditos da composição com Rod Temperton — fizeram a música ficar de fora da versão final.

Penúltimo mundo do jogo, o laboratório do Mr. Big é uma fortaleza fortemente protegida por lazeres, portais de teletransporte e guardas armados. Mas, ao som de Bad, é só chegar no estilo para, enfim, enfrentar o maior desafio do jogo na batalha final.

A batalha final consiste em dois momentos igualmente cruéis e desafiadores. No primeiro, Michael Jackson se transforma em um robô, disparando tiros nos inimigos ao estilo Wild Guns. Aqui é preciso derrotar 30 capangas para seguir até a batalha final.

Agora em forma de nave, Michael Jackson enfrenta quatro canhões que desaparecem e atacam sem parar. Essa batalha é um pesadelo, com tiros vindo de todos os lugares, é uma loucura só. Desviar e atacar como se não existisse amanhã. Mas, ao vencer, somos agraciados com um show particular do próprio rei do pop.

Clássico em 8-bit

Michael Jackson’s Moonwalker é uma aventura curta, com fases que exigem habilidade e paciência para explorar, e um chefe final para poucos. Mas, a jogabilidade divertida, os ótimos gráficos e a trilha sonora com alguns dos maiores sucessos da carreira do cantor tornam a jogatina bastante prazerosa, mesmo para aqueles que se frustrarão na luta contra o Mr. Big.

O game é surpreendente, principalmente por conseguir transportar de forma muito competente o jogo do Mega Drive, com destaque para a alta qualidade sonora e os gráficos que tiram o máximo proveito das capacidades do Master System. Um clássico!

Longplay

Revisão: Rafael Belmonte

Picture of Ítalo Chianca

Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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