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Com um ritmo frenético, muito violência, um locutor enlouquecido, combos alucinantes e o “selo Rare de qualidade”, relembramos de Killer Instinct Gold, um dos jogos de luta mais marcantes do Nintendo 64.

Origem

Depois do sucesso para os arcades, e logo em seguida portado para o Super Nintendo, a Rare deu prioridade na produção de uma sequência do seu jogo de luta que misturava elementos de Street Fighter e Mortal Kombat. Ao que tudo indica, os primeiros esboços de Killer Instinct II foram pensados ainda para o 16-bit da Nintendo. Mas, com a aproximação do “Ultra 64”, a Rare logo migrou para a próxima geração.

O desenvolvimento de Killer Instinct II então passou a levar em consideração as características técnicas do novo console da Nintendo, que usaria a tecnologia gráfica da Silicon Graphics e os seus poderosos 64-bit. O jogo, portanto, já foi produzido no arcade com a intenção de ser convertido da maneira mais simples para essa plataforma. E assim foi.

Killer Instinct II chegou aos arcades em 1996, publicado pela Midway. O game trazia um fantástico sistema de combos, vários personagens do jogo anterior, e gráficos pré-renderizados de muita qualidade, com destaque para o nível de detalhes dos cenários e a ótima movimentação dos personagens.

Com tanto esmero, o game fez sucesso nos arcades e já era um dos mais aguardados para o Nintendo 64, principalmente por ter sido prometido para o lançamento do console. Infelizmente, o novo Killer Instinct não saiu junto com o N64, mas em novembro de 1996, agora com o título de Killer Instinct Gold, chegou às prateleiras com algumas diferenças em relação à versão original e mais um monte de novidades.

Ultra Jogo

Killer Instinct Gold foi lançado poucos meses depois de seu lançamento para os fliperamas, tornando-se a primeira experiência de luta da maioria dos jogadores do 64-bit da empresa.

A história do jogo segue os acontecimentos do título anterior, no qual, com a morte de Eyedol, toda a Ultratech é enviada 2000 anos ao passado, levando junto vários lutadores, e fazendo surgir Gargos, um velho oponente de Eyedol, que precisa ser derrotado para trazer as coisas de volta ao normal.

O game era familiar o bastante para quem vinha das gerações anteriores e trazia algumas das melhorias que se esperava de um novo console. As lutas aconteciam em perspectiva 2D, com os comandos bastante semelhantes aos de Street Fighter II: três botões de soco e três de chute, e a famosa meia lua e outras combinações comuns.

Já os visuais, que logo saltavam à vista dos jogadores, eram bastante trabalhados, com uma riqueza de detalhes enorme, principalmente nos personagens. Uma evolução brutal se comparado com o título do Super Nintendo.

Visualmente, Gold trazia algumas diferenças em relação ao jogo do arcade devido a limitação de armazenamento dos cartuchos do Nintendo 64. A primeira é em relação aos cenários. Enquanto no original os planos de fundo eram pré-renderizados, quase como quadros emoldurados, no Nintendo 64 as construções das fases eram em 3D, permitindo, inclusive, novos ângulos e zoom durante as lutas.

Os personagens, contudo, continuavam pré-renderizados, como nos arcades, mas tiveram alguns frames de movimentação retirados ou alterados, reduzindo um pouco a fluidez. Mas nada que atrapalhasse a boa jogatina, tão característica da série. Pelo menos não para os menos exigentes.

Alucinante

Uma das maiores qualidades de Killer Instinct são os seus combos frenéticos. Memorizando algumas combinações de ataques, é possível emendar sequências que acabam com o adversário em instantes. Cada quantidade de golpe gera um tipo de combo diferente. Dá até pra soltar “fatalities” que acabam com o inimigo quando a segunda barra de energia está piscando em vermelho.

Os combos que tiram mais da metade do life, felizmente, podem ser parados por um comando que marcou a série, o famoso Combo Breaker. Uma ótima, senão a única, opção para bloquear a tentativa de combo do adversário.

 

Mas os ‘ULTRAAAAA COOOOOMBOOOOS” não seriam tão especiais sem a narração empolgada do locutor do jogo. Se o combate é frenético, a narração torna tudo ainda mais intenso. Duvido que você, caso tenha jogado, não tenha gritado junto: “CO COCO COMBO BREAKEEEER”.

Requinte

A parte sonora também recebeu um cuidado extra no Nintendo 64. As canções possuem uma ótima qualidade, principalmente por estarem num cartucho limitado. Tem até trilha cantada, para a alegria dos lutadores. E, para quem quiser ouvir as composições com a qualidade de CD, a trilha do jogo foi lançada posteriormente em disco— como no primeiro título, para o Super Nintendo.

Para tornar a ação ainda mais destruidora, uma barra de especial foi adicionada ao jogo. Com ela cheia, dá pra soltar golpes especiais, que são versões mais poderosas das magias do personagem. Tantos os combos quanto os especiais, estão um pouco mais simples de serem reproduzidos e mais ágeis, tornando a luta muito dinâmica.

É só escolher um dos 11 lutadores disponíveis (Black Orchid, Fulgore, Glacius, Jago, Sabrewulf, Spinal, T.J. Combo, Kim Wu, Maya, Tusk e o chefe Gargos,) e sair na porrada em um dos modos de jogo.

Diversão na medida

Quem esperou ansioso para a chegada de Killer Instinct Gold no Nintendo 64 foi “agraciado” com diversos modos de jogo. Além do tradicional modo arcade, também estão presentes no cartucho modos de treinamento, de luta entre times, eliminação por movimentos finalizadores e as opções gerais.

Um dos destaques vai para o treinamento avançado, no qual o jogador aprende diferentes combos e especiais. Essa é uma excelente opção para se familiarizar com os comandos do jogo, principalmente pela disposição dos botões do controle, que usa até os botões C.

Clássico

Killer Instinct Gold fez bastante barulho quando foi lançado no Nintendo 64. Pela ausência de outros jogos do gênero para o console, esse foi um cartucho quase obrigatório para os jogadores na época. Se curtia jogos de luta, tinha que ter Killer Instinct.

Alguns jogadores, contudo, não gostaram das mudanças feitas em relação ao título original, principalmente em relação ao gameplay, que sofreu modificações na forma de jogar e aplicar os combos. Contudo, para quem nem desconfiava que existia uma versão mais poderosa, o jogo se tornou um clássico do console, com ótimas canções, jogabilidade divertida, personagens incríveis e todo o poder técnico da nova geração.

Infelizmente, mesmo sendo um dos jogos mais vistos em coleções de Nintendo 64, o game parece não ter vendido tão bem, pois, depois dele, a Rare não lançou mais jogos para a série, encerrando de forma brusca a trajetória da franquia nos videogames. Pelo menos até o seu retorno inesperado.

O retorno

Quando poucos fãs esperavam, Killer Instinct ressurgiu. Desenvolvido pela Double Helix Games, Iron Galaxy Studios e Rare, e publicado pela Microsoft Studios, a série retornou aos holofotes, dessa vez com um excelente game para Xbox One, chamado apenas de Killer Instinct.

Além do novo game, as versões de Killer Instinct para arcade e Super Nintendo, e Killer Instinct II e Gold também foram lançados para a plataforma da Microsoft, trazendo de volta os combos mais alucinantes dos videogames para uma nova geração de jogadores.

Agora só nos resta relembrar esse clássico e torcer para que novos jogos mantenham vivo o legado dessa série que marcou gerações.

Revisão: Rafael Belmonte

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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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