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Lançado no dia 21 de novembro de 1990, no Japão, Super Mario World foi o símbolo de uma geração de ouro dos videogames. A fantástica aventura de Mario pela terra dos dinossauros, que marcou o surgimento do Super Nintendo, levou fantasia, diversão e desafio para os jogadores que se deixaram levar pela magia da Nintendo e encararam a inesquecível jornada de um encanador em busca de sua amada princesa. Vamos relembrar esse clássico?

O peso do sucesso

Foi durante a década de 1980 que Mario se tornou um dos principais heróis dos games. Primeiro, o encanador que já foi carpinteiro ajudou a salvar a indústria após o Crash de 1983. Em seguida, foi protagonista de uma trilogia de sucesso no NES, nosso querido Nintendinho, tornando-se um dos grandes responsáveis pelo alto faturamento da Nintendo na geração 8-bit e encerrando o ciclo do console com um dos melhores games já produzidos, o conceituado Super Mario Bros. 3.

Com o estrondoso sucesso comercial de Super Mario Bros. 3 — que vendeu quase 18 milhões de cópias —, um novo jogo da série já se tornava uma das maiores expectativas do mundo dos videogames no final dos anos 80, principalmente por parte dos fãs da Nintendo que viam o Mega Drive da Sega ganhar espaço no mercado com excelentes conversões dos arcades e todo o seu poder dos 16-bit.

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Super Mario Bros. 4 era uma obsessão. Jogadores e mídia especializada não paravam de especular sobre a nova aventura de Mario. Será que seria tão memorável quanto a anterior? A Nintendo tardaria, mas não falharia. Após três anos de desenvolvimento, com uma equipe de 16 pessoas, entre elas Shigeru MiyamotoTakashi Tezuka e Koji Kondo, o aguardado Super Mario Bros. 4 era lançado.

Sou eu, Mario

Intitulado Super Mario Bros. 4 no Japão e Super Mario World nas Américas, o quarto jogo da série principal do Mario marcaria definitivamente o início de uma nova era dos jogos eletrônicos, sendo lançado junto do novo console da Nintendo na época, o Super Nintendo, concorrente direto do Mega Drive na Guerra dos Consoles da geração 16-bit.

Quando chegou às prateleiras, Super Mario World trazia a fórmula consagrada no Nintendinho por seus antecessores. O game era uma aventura 2D, no estilo plataforma, no qual o jogador precisava atravessar os desafios de um cenário até alcançar o ponto final, utilizando as habilidades de Mario.

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O jogo não trazia nada que já não tivesse sido visto nos jogos anteriores, é verdade. A ideia era simples. Mas a execução é que foi magistral, começando por a fábula que dá vida ao mundo mágico de Super Mario World, um dos jogos essenciais da história dos videogames.

Era uma vez na ilha dos dinossauros

Vida de herói não é fácil. Derrotar vilões e resgatar princesas dá uma canseira. Por isso, depois de salvar o Reino dos Cogumelos da investida dos Koopas comandados por Bowser; Mario, Luigi e Peach (Princesa Toadstool) resolveram tirar férias em um lugar tranquilo, chamado de Ilha dos Dinossauros.

Pensando que aproveitariam o sol e o mar da ilha paradisíaca, os irmãos Mario são surpreendidos: Peach havia sido raptada mais uma vez. Desesperados, Mario e Luigi saem a procura da princesa, contudo, acabam encontrando inesperadamente um enorme ovo no meio da floresta, que logo se quebrou, revelando um lindo dinossauro chamado Yoshi.

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Também muito preocupado, Yoshi conta que seus companheiros foram trancados por terríveis tartarugas em ovos iguais ao que ele estava. Deduzindo que as tais tartarugas eram na verdade Bowser e a sua turma, Mario convoca Luigi e Yoshi para, juntos, partirem através da Ilha dos Dinossauros em busca de seus amigos. E assim começa uma das mais belas e inesquecíveis jornadas do Super Nintendo.

Mais do que uma ilha, um mundo

Super Mario World é formado por um mundo complexo e cheio de vida. Nele, o jogador agora pode desbravar diversas regiões interligadas por rotas cheias de segredos através de um mapa gigantesco, com 96 passagens ao longo de nove mundos, sendo sete normais e dois especiais. Mario precisa superar campos, florestas, cavernas, fortalezas e tudo que ameaçar a sua missão de salvar a princesa.

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A tarefa não era fácil, pois Bowser contava com uma infinidade de novos ajudantes, como Amazing Flyin’ Hammer Brother, Banzai Bill, Blargg, Blurp, Bob-omb, Bony Beetle, Chargin’ Chuck, Dino Rhino, Dry Bones, Magikoopa, Mega Mole e tantos outros. E esses são só os menos perigosos. A coisa complicava mesmo quando Rezno, The Big Boo, e os Koopalings entravam em ação.

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Por sorte, Mario contava com diversas habilidades e poderes para encarar esses desafios. Além do que já sabia (correr, pular, nadar, atirar bolas de fogo e se abaixar), Mario era capaz de planar com a sua nova capa (Cape Feather), arremessar objetos, saltar girando, montar no Yoshi e interagir com o cenário de diversas formas, como se pendurando em cordas e grades.

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Yoshi, aliás, é uma das mais aclamadas adições a série. Pensado por Miyamoto desde o primeiro Super Mario Bros., mas tecnicamente impossível de ser concebido pelas limitações do NES, foi no Super Nintendo que o fiel companheiro dos irmãos Mario veio ao mundo. Trazendo novas possibilidades de jogabilidade e acrescentando uma dinâmica completamente nova as fases, podemos dizer que Yoshi foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso do jogo,

Tantas habilidades traziam uma variedade de jogabildiade poucas vezes vistas até aquele momento. Na verdade, a aventura de Mario era quase incomparável na época, ditando as regras para os jogos de plataforma que tanto marcaram presença na geração 16-bit. e pensar que o Miyamoto disse teve o desenvolvimento apressado para sair junto com o Super Nintendo. Já pensou o que eles ainda poderiam fazer com mais tempo?

A saga do encanador

A saga de Mario e Luigi — que podia ser encarada por até dois jogadores, cada um controlado um dos irmãos Mario por vez — para resgatar a princesa e salvar os Yoshis começava pela Yoshi’s Island (World 1), percorrendo lindos campos verdes e montanhas sorridentes até o castelo protegido por Iggy Koopa. Eram nesses estágios iniciais que o jogador era apresentado às novas mecânicas da série e a nova geração 16-bit que se iniciava ali.

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O objetivo em Yoshi’s Island era preparar o jogador para os desafios que seriam apresentados em seguida. Nas poucas fases iniciais, a experiência servia como uma forma de treinamento para as mecânicas do jogo. Com um pouco de vontade, qualquer um poderia pegar o controle e passar de duas ou três fases sem dificuldade. Mas era essa acessibilidade intencional que tornava o jogo atrativo. A cada nova fase finalizada, o jogador queria passar da próxima, que gradativamente tinham o seu grau de dificuldade elevado, como bem mostra o segundo mundo.

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Em Donut Plains (World 2), o jogador já se deparava com novos caminhos. Diferente de seus antecessores que apresentavam mapas lineares, era aqui que descobríamos que o jogo era diferente, permitindo rotas alternativas e escondendo muitos outros segredos. O planalto das rosquinhas trazia fases aquáticas, as Casas Fantasmas e até um cantinho para repor o estoque de itens, além, claro, de apresentar a pena que dava uma capa voadora a Mario para ajudar na luta contra Morton Koopa Jr no castelo.

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Vanilla Dome (World 3) e Twin Bridges (World 4) seguiam com novidades, como as Fortalezas protegidas por Reznors, rotas alternativas, diversos novos inimigos e mais dois Koopalings: Lemmy Koopa e Ludwig von Koopa. São nesses mundos que passamos pelas desafiadoras cavernas cheias de toupeiras e morcegos, e pelas fases com nome de comida, como Ponte da Manteiga (Butter Bridge), Ponte do Queijo (Cheese Bridge Area), Montanha do Biscoito (Cookie Mountain) e o Lago da Soda (Soda Lake).

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Com praticamente meio caminho andado, o jogador era verdadeiramente exigido nos dois próximos mundos. Em Forest of Illusion (World 5), o caminho para as fases seguintes simplesmente não existe, sendo preciso descobrir passagens secretas para continuar no jogo em meio às ilusões da densa floresta de Roy Koopa Já em Chocolate Island (World 6), as montanhas de chocolate colocavam à prova a precisão do jogador, exigindo muita habilidade. Para completar, Wendy O. Koopa não deixaria por menos a sua derrota, obrigado Mario a passar por um terrível navio fantasma antes de chegar as proximidades do castelo de seu inimigo.

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Cavernas, Casas Fantasmas, plataformas suspensas, espinhos e muita lava são os desafios do Valley of Bowser (World 7), a casa de Bowser. Velocidade, agilidade, precisão e até sorte são necessários para vencer Larry Koopa e seguir para o épico confronto final contra o rei do koopas depois de passar pela sua fortaleza. É aqui que toda a saga se justifica e que todos os desafios superados são recompensados. Pois o confronto é magnífico, com direito a um trilha sonora grandiosa e um duelo tenso e demorado, suavizado apenas pelo abraço agradecido da princesa Peach e o sorriso dos Yoshis depois da luta.

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Super Mario World poderia ser um conto de fadas moderno, tamanha a fantasia proporcionada pelos seus mundos mágicos, que, aliás, não acabava com o fechar das cortinas. Para os que buscavam um desafio extra, ainda era possível encarar mais dois mundos especiais, o Star World — acessível através de estrelas espalhadas pelos mundos do jogo — e o Special World, disponível após a conclusão do Star World e repleto das mais difíceis fases do jogo.

Eternas canções

Tão marcante quanto as fases que desbravamos ao longo da jornada, a trilha sonora de Super Mario World é lembrada até hoje como uma das mais inspiradas e completas dos videogames. Compostas por Koji Kondo, artista por trás de temas das séries Super Mario, Star Fox, The Legend of Zelda entre outras, as canções do game aproveitam a capacidade do console para, através de diferentes camadas sonoras, criar a atmosfera necessária para convencer o jogador de que aquele mundo virtual existe, nem que seja na nossa fantasia.

De acordo com o desenrolar da trama, a trilha sonora se adapta, alterando gêneros e ritmos, de acordo com o ambiente do jogo. A própria música tema sofre modificações de acordo com o estágio, começando pelo estilo Ragtime do primeiro mundo, que contagia o jogador com uma batida leve e divertida, fazendo com que o mesmo apenas passeie pelo estágio, já que são poucos os desafios dessa primeira etapa. Porém, quando o jogador está em estágios mais complexos como os subterrâneos, a música tema assume nova postura, com um tom menor e o acréscimo de novos instrumentos, como alguns que simulam o som de tubos e canos, passando a sensação de estarmos em um lugar desconhecido.

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Ainda sobre a adaptação sonora da canção tema, a descontraída música principal é transformada em uma bela valsa, com novos compassos para se adequar ao movimento lento de Mario debaixo d’água em fases submersas. Cada música consegue transmitir a sensação do ambiente em Super Mario World. Por exemplo, experimente ouvir o tema dos castelos sem a imagem do jogo. A sensação de aflição e perigo são imediatas.

Outra alternância sonora surge quando Mario monta em Yoshi. Quando a dupla está em ação, a canção ganha batuques para destacar a participação do selvagem dinossauro. Além disso, em fases nas quais o jogador precisa saltar por plataformas sobe abismos, a canção Athletic cuida em acelerar o ritmo, passando toda a sensação de urgência do estágio.

A qualidade sonora de Super Mario World é tão evidente, que até os sons que deveriam passar despercebidos se tornaram marcantes, como o barulho do pulo, da montada no Yoshi, do momento que Mario pega as moedas e até o cogumelo. Aposto que você lembra de cada um desses efeitos.

Sem igual

Com uma jogabilidade diversificada e simples, gráficos com sprites bem definidos e coloridos, cenários cheios de camadas e profundidade, trilha sonora de excelente qualidade e cheia de composições marcantes, e dezenas de estágios bem construídos e divertidos, Super Mario World foi uma excelente estreia para o Super Nintendo, apresentando para os gamers uma aventura desafiadora e repleta de possibilidades.

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São inúmeras passagens secretas, dezenas de itens, incontáveis inimigos e fases que instigavam o jogador a completar o jogo passando por todas as 96 saídas (algumas fases têm mais de uma saída, o que causou confusão nas revistas de videogame da época). Super Mario World fez história, demonstrando todo o potencial do Super Nintendo, sendo, inclusive, a primeira grande experiência de muitos jogadores com os videogames, que assim como eu, foram se transformando em gamers, aprendendo a jogar videogame com Super Mario World.

Considerações finais

Foi controlando Mario pela Ilha dos Dinossauros que aprendi a segurar um controle e guiar um personagem através de um ambiente virtual. Como não lembrar das dezenas de horas jogadas na locadora do Tadeu com o meu irmão, ele com Mario e eu com Luigi? E o desespero para completar a Special Road e as suas fases de outro planeta? Ainda lembro da surpresa que foi descobrir os Yoshis coloridos na Star Road. E aquela mudança de cor depois de conseguir completar o jogo? Grandes momentos.

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Se sou um apaixonado por videogames hoje, devo quase tudo a esse jogo. Mas e você, caro leitor, qual a sua história com esse clássico? Conte aí pra gente nos comentários. Aposto que Super Mario World também marcou a sua vida.

Vídeos

Super Mario World – Longplay (Fonte: World of Longplays)

Picture of Ítalo Chianca

Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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