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Objetos de desejo e coleção, as revistas de videogame tiveram um papel muito importante na formação dos gamers que cresceram durante as décadas de 1990 e 2000. Elas traziam informação sobre o mercado, notícias sobre os próximos lançamentos, analisavam os jogos, ajudavam a completar games complexos e até foram a primeira leitura de muitos jovens.

Cercadas de tamanha importância, podemos afirmar que as revistas especializadas ajudaram a escrever a história dos videogames no Brasil, sendo uma excelente fonte de análise sobre o passado gamístico. Pensando nisso, nós do Jogo Véio convidamos você para relembrar alguns capítulos dessa inesquecível história, começando pelas principais aparições de um dos melhores títulos já produzidos na história dos jogos eletrônicos. Falo de Chrono Trigger, RPG produzido pela Squaresoft (hoje Square Enix) e lançado para Super Nintendo em 1995.

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Mais de 20 anos depois de seu lançamento no Super Nintendo, com versões disponíveis para PlayStation, Nintendo DS e até celulares, Chrono Trigger já tem o seu lugar no Hall da Fama dos videogames. Praticamente qualquer um que tenha segurado um joystick na vida sabe da qualidade e da importância do título. Mas como será que ele foi recebido em 1995 pelos jogadores e jornalistas? Será que ele já nasceu clássico? Embarque na Epoch e vamos voltar no tempo.

Nas ondas do tempo

Voltamos até outubro de 1995, quando a revista Super GamePower #19 chegou às bancas com Panzer Dragoon, clássico do Saturn, na capa. Foi nessa edição que muitos jogadores ouviram falar de Chrono Trigger pela primeira vez. Eram apenas duas páginas apresentando o game, mas o suficiente para mostrar que aquele título era diferenciado. O texto escrito pelo personagem Marcelo Kamikaze começava assim: “Depois de Final Fantasy e Secret of Mana, a Square resolve colocar fermento na sua lista de sucessos e lança um novo RPG: Chrono Trigger.”

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As páginas seguem contando um pouco mais do enredo do jogo e mostrando imagens e dicas dos momentos iniciais da aventura. Além disso, os comentários técnicos deixavam qualquer um ansioso: “A trilha sonora é espetacular e cativante. Os efeitos sonoros tem detalhes inacreditáveis. (…) Como dá pra sacar, estamos diante de mais um game da Square que dá mais do que conta do recado. Ainda bem que a fantasia não terminou com Final Fantasy e ficou viajando nas ondas do tempo”.

Como bom jogo que se preze, Chrono Trigger também recebeu um detonado nas páginas da SuperGame Power. Foi na edição nº 21, provavelmente depois de centenas de cartas enviadas à redação. Da página 57 à 65, os leitores da SPG receberam um detonado cheio de dicas, macetes e orientações para terminar o jogo sem problemas. E para finalizar com estilo, ainda deram espaço para uma pequena análise. Nas palavras do Marcelo Kamikaze, “Chrono Trigger entra para a lista de RPGs bem sucedidos da Square, ao lado de Final Fantasy e Secret of Mana”. No final, o jogo recebeu nota máxima, 5/5.

Nasce um clássico

Chrono Trigger se manteve em alta nos meses seguintes, mas longe de ser unanimidade. Por se tratar de um título novo e de um gênero tão distinto, o game teve dificuldade para receber o espaço que merecia nas revistas da época. Na Gamers, por exemplo, o título só teve o primeiro destaque em janeiro de 1996, na edição nº 6, que trazia The Mask e Wrestlemania na capa.

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Mesmo sendo citado em apenas uma página (nº 9), a aventura de Crono e seus amigos foi extremamente bem recebida pela publicação, que elogiou os “gráficos inacreditáveis”, os “efeitos em Mode 7”, o “som impressionante”, a “jogabilidade e a animação dos personagens bem acima da média dos outros RPGs”, e os “dez finais diferentes”. Para completar, após as notas, a crítica dizia: “Um dos melhores RPGs de todos os tempos, jogue e comprove.”

Afirmação

Encoberto pela enxurrada de jogos que surgiam durante a transição da geração 16-bit para a 32/64-bit, Chrono Trigger aos poucos foi recebendo a atenção que merecia das revistas de videogame. Em novembro de 1998, a Nintendo World #3, uma revista criada para falar essencialmente do Nintendo 64 e dos portáteis da Nintendo, abriu espaço para comentar sobre a jornada de Crono e seus amigos, elencando os motivos que fazem de Chrono Trigger um verdadeiro clássico do Super Nintendo: “Peça emprestado, alugue ou peça para alguém trazer de fora. Você nunca mais verá o seu SNES com os mesmos olhos!”

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Um pouco depois, em maio de 2000, a Super GamePower #74 relembrava Chrono Trigger na coluna Flashback, comemorando o relançamento do jogo para PlayStation em 1999 e, como o próprio título da matéria dizia, celebrando “um verdadeiro sucesso das antigas”.

Parte da história

Chrono Trigger, desde seu lançamento, foi um jogo aclamado pela crítica. Com análises positivas, rapidamente se tornou um clássico, mesmo sendo lançado durante a transição de gerações. Talvez poucos tiveram a oportunidade de jogá-lo na época do lançamento, seja por já terem trocado de console, ou por causa do grande número de outros títulos de renome sendo lançados no mesmo momento. Contudo, a qualidade atemporal do game sobressaiu, tornando-o, como provam as revistas da época, um clássico eterno.


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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