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A longa lista de jogos de ação e shmups rendeu ao Mega Drive a fama de ser o console mais próximo de um arcade na década de 1990. A primeira leva de títulos teve clássicos como Altered Beast, Space Harrier e Golden Axe, todos vindos diretamente dos fliperamas para a sua TV.

Em dezembro de 1990, desenvolvido pela Telenet Japan (mesma empresa que trouxe El Viento, Valis, Earnest Evans e diversos outros jogos clássicos do Mega) e publicado pela Renovation, Gaiares chegou ao mundo com a proposta de inovar e acrescentar novas camadas de desafio ao já consagrado gênero dos ‘jogos de nave’. Mesmo sem ser um grande sucesso de vendas, é possível dizer que o jogo cumpriu sua missão com grande êxito.

Desafiador, sem ser injusto

Gaiares foi um dos primeiros cartuchos de 8mb do Mega Drive, devidamente bem empregados em gráficos super coloridos e uma trilha sonora super empolgante, com um quê de thriller espacial e arranjos que só o Mega Drive foi capaz de nos proporcionar.

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O primeiro grande ponto positivo por trás do jogo está no nível de dificuldade moderado, tendendo ao difícil (mas não ao impossível). Você vai suar bastante e tentar decorar o padrão de cada inimigo, mas também vai precisar contar com uma boa dose de reflexos e habilidade nos controles. Em alguns momentos (em quase todos depois da fase 2, na verdade) você até vai pensar em desistir, mas não vai conseguir: a teia Gaiares já terá feito a sua cabeça! E você vai perseverar ao longo das oito fases, até terminar o jogo e salvar a Terra dos alienígenas.

O segundo ponto alto de Gaiares é o bom uso do satélite TOZ System que você tem atrelado à sua nave desde o começo do jogo, no melhor estilão R-Type de ser. Em vez de utilizá-lo apenas como uma orbe de ataques secundários, em Gaiares você pode arremessá-lo contra os inimigos para assimilar seus poderes. Sendo assim, se você avistar um inimigo que usa raios laser, bastará lançar seu satélite contra ele e ele prontamente irá absorver a arma para você.

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Essa mecânica torna o jogo muito mais divertido e desafiador, já que agora você tem um motivo importantíssimo para se preocupar em decorar padrões de ataque, em vez de apenas descer a lenha no botão de tiro. Absorver (e masterizar) as armas certas pode fazer uma grande diferença na hora de enfrentar os chefes.

Trama genérica / aventura original

Como em boa parte dos jogos dessa época, a trama é bem rasteirinha: você está no controle do piloto Dan Dare e precisa derrotar invasores alienígenas que querem se utilizar da sujeira em nosso planeta para construir armas capazes de ameaçar toda a harmonia da galáxia. Só que essa história é entregue ao jogador com uma roupagem de luxo, com cenas em estilo anime logo no comecinho e no final do jogo, o que já conta como um bom diferencial.

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Aliás, na parte visual Gaiares não deixa a desejar em nenhum momento: os cenários são bonitos e bastante detalhados, indo desde a negritude sem fim do espaço sideral até ondulações psicodélicas de todas as cores, quase como um caleidoscópio dentro da sua televisão.

Chuvas de tiros e inimigos por todos os lados não causam lentidão, além de os chefes e inimigos serem surpreendentemente grandes e assustadores. Diga-se de passagem, o character design de todos os inimigos é bem legal, mesmo que alguns deles pareçam ter sido extraídos de outros títulos do gênero. São os clichês dos jogos antigos! Destaque total para o chefe da sexta fase, que mais parece uma amazona extraída diretamente de “Os Cavaleiros do Zodíaco”, com armadura e tudo!

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As músicas de Gaiares se alternam entre verdadeiros épicos e outras que não são tão boas quanto, mas que não chegam a comprometer em nada, e se encaixam perfeitamente em todos os níveis do jogo. Não entendam errado: eu realmente não disse que o jogo tem músicas ruins, e sim que algumas são muito acima da média, enquanto outras não parecem se arriscar tanto.

Gaiares tem boa jogabilidade e fases bem desenhadas, encorajando que você jogue a aventura por diversas vezes sem enjoar, principalmente se você é daqueles que gosta de decorar cada pedacinho das fases, até passar com perfeição absoluta. É como eu disse no comecinho do texto: o jogo pode até ser difícil (como quase todos os jogos de nave eram naquela época), mas não chega a ser injusto ou capado. Vai exigir muito mais perseverança que paciência, o que é um bom negócio.

Para “facilitar” um pouco a vida dos jogadores, é possível controlar a velocidade da nave e ajustá-la ao seu nível de habilidade. O modo ‘Max’ é frenético e pouco recomendado, a menos que você já tenha muita experiência no jogo. Vale pelo desafio!

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Considerações finais

Gaiares dificilmente entraria na lista de melhores shmups de todos os tempos, a não ser que você seja um entusiasta do console de 16 bits da Sega. Na humilde opinião deste que vos escreve, esse é um cartucho obrigatório para se ter em qualquer coleção que se preze, pois muito além dos seus próprios valores enquanto jogo, estamos falando de um precioso pedaço da história dos videogames e dos jogos de nave.

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Vídeos

Gaiares – longplay (Fonte: World of Longplays)

Gaiares – Todos os Chefes sem sofrer dano (Fonte: Shadowserg)


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Eidy Tasaka

Redator e diagramador freelancer, apaixonado por jogos e revistas antigas, incentivado por um pai que sempre nutriu os mesmos vícios. Fã de RPGs japoneses e jogos de plataforma, divide seu tempo entre o Jogo Véio e as poucas horas de sono que possui.

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