Surrupiamos mais uma vez a caixa de sapato com as fitas do Véio para jogar Spider-Man and Venom: Maximum Carnage, clássico da porradaria dos anos 90 lançado para os consoles da geração 16-bit, entre eles o Mega Drive, que foi onde me diverti para escrever essa análise.
Direto dos quadrinhos
Desenvolvido pela Software Creations e publicado pela Acclaim Entertainment, Maximum Carnage chegou às prateleiras em 1994. O jogo, que foi lançado em um lindo cartucho vermelho, era baseado na série em quadrinhos Carnificina Total, sucesso do Homem-Aranha publicado em 14 volumes pela Marvel Comics na primeira metade da década de 1990.
O título, assim como nos quadrinhos, mostra a luta do Homem-Aranha, ao lado de Venom, para deter todo o caos e destruição provocados pelo Carnificina depois que ele fugir da prisão e convocou uma turma sanguinária para aterrorizar as ruas de Nova York.
Com essa premissa, contada através de cutscenes retiradas das próprias HQs, o jogador embarca num beat’em up frenético, desafiador e tecnicamente competente, mas sem grandes novidades para um gênero que foi utilizado à exaustão até aquele momento.
HQ em movimento
Maximum Carnage é um “briga de rua” comum em sua essência: socos, chutes, agarrões, arremessos de objetos, inimigos surgindo de todas as direções, lutas contra chefes. Porém, por cima desses conceitos está uma ótima ambientação, gráficos interessantes, personagens icônicos e uma trilha sonora avassaladora.
O jogo inteiro parece uma HQ em movimento. Os traços dos personagens, os cenários, os objetivos. Até os balões de conversa e ação estão lá. E tudo isso feito com sprites grandes, detalhados e com boa movimentação. Com exceção de alguns inimigos, é difícil reclamar dos visuais do jogo durante a longa jornada que você seguirá ao controlar o Homem-Aranha ou Venom — a escolha do personagem altera algumas fases do jogo, por isso uma segunda jogatina é bem-vinda para conhecer tudo que o game tem a oferecer.
Controlar os dois “heróis” é um dos grandes atrativo de Maximum Carnage. Enquanto o spider é mais ágil, Venom é mais forte. A jogabilidade, contudo, pouco muda entre os dois: você pode socar, escalar paredes, atirar teias e objetos, proteger-se, puxar inimigos e se balançar nas teias pelo cenário. Tudo isso com respostas rápidas do controle e ótima movimentação.
Desafio de respeito
A simplicidade de dominar os controles, contudo, pode enganar os jogadores mais desavisados que acreditarem que basta sair andando e apertando o botão de soco freneticamente para concluir o jogo. Se você fizer isso, dificilmente chegará na metade da aventura — o que aconteceu comigo na primeira vez que joguei.
Em Maximum Carnage, é preciso ter cautela no combate. Mesmo os inimigos comuns, quando aparecem em fases mais avançadas, apresentam um comportamento agressivo, buscando cercar o jogador ou atacar em grupos. E a situação fica ainda mais complicada nos chefes. Incansáveis e frenéticos durante todo o confronto, é bom estar preparado para sofrer com a dificuldade de alguns desses inimigos. O próprio Carnificina quando aparece toca o terror geral.
Uma das formas de sofrer menos nos chefes é utilizar os itens especiais que convocam os heróis ajudantes para ataques mais poderosos. Se de um lado o Carnificina tem o auxílio de Shriek, Carniça, Duende Demoníaco e a Contraparte-Aranha, do outro os protagonistas contam com a ajuda do Capitão América, Gata Negra, Punho de Ferro, Manto e Adaga, Deathlok, Morbius, Flama e Nightwatch. Encontrar esses itens — alguns em salas secretas — e gerenciar o seu uso serão fundamentais para o sucesso no jogo.
Aumenta o som
Uma das maiores qualidades de Maximum Carnage está na sua inspirada trilha sonora. As canções do jogo, tocadas pela banda americana Green Jellÿ, são compostas por temas pesados, no melhor estilo rock and roll urbano, com guitarras distorcidas, baixo forte e bateria marcante — infelizmente, reproduzidas sem a qualidade de uma banda de verdade devido a limitação dos games em cartucho da época.
A combinação de ação incessante com música pesada é o que torna o jogo ainda mais cativante. E, para completar, os amantes do bom e velho rock ainda podem ouvir uma versão — não creditada — da música The Mob Rules, do Black Sabbath. É só aumentar o volume da TV de tubo e curtir.
Maximum Carnage
Trazendo para os videogames uma adaptação de qualidade de uma das sagas de maior sucesso do Homem-Aranha nos quadrinhos, Spider-Man and Venom: Maximum Carnage é uma ótima opção para os gamers que curtem uma pancadaria em 16-bit.
Com bons gráficos, jogabilidade simples e uma trilha sonora para ouvir até quando não se está jogando, o título entrega uma experiência desafiadora e marcante, sendo uma ótima opção de jogo para ter na coleção e, sempre que possível, sair no comando do Homem-Aranha e do Venom para acabar com a carnificina total em Nova York.