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Há 30 anos, o clássico jogo de luta protagonizado por Ryu e suas sapatilhas escarlates espalhavam-se pelo mundo. Jovens tomados pela ansiedade de dar porrada em seus adversários deleitavam-se com os clássicos que foram tomando os arcades após a popularização deste gênero. Sub-Zero e os lutadores do submundo em Mortal Kombat se populaziram. Weaponlord, Samurai Shodown, Eternal Champions, The King of Fighters e outros clássicos foram surgindo e infestando os lares dos gamers ao redor do mundo.

Street Fighter II: The World Warrior ganhou grande destaque com suas várias versões para a placa CPS-1, Mega Drive e SNES. Este sucesso trouxe outros produtos para o mercado, como Street Fighter: The Movie, protagonizado por Jean-Claude Van Damme e Raul Julia, sendo um sucesso para os produtores, pois rendeu três vezes o valor de sua produção, e um desastre para os fãs da série.

Mas não para por aí! Não foi apenas na telinha que Van Damme passou vergonha!

Vergonha alheia nos arcades

Em junho de 1995, esta esquecível aventura chegava aos arcades. Aposto que ninguém gostaria de ser visto jogando esse desastre em algum bar para ser a piada entre os amigos no dia seguinte.

O jogo não difere muito de seus antecessores: basta escolher um personagem e derrotar todos os outros. Você poderá escolher entre os personagens a seguir (entre parênteses os corajosos atores que os interpretaram no filme):

  • Ryu (Byron Mann)
  • Vega (Jay Tavare)
  • Guile (Jean-Claude Van Damme)
  • Sagat (Wes Studi)
  • Ken (Damian Chapa)
  • Honda (Peter Tuiasosopo)
  • Chun Li (Ming-Na Wen)
  • Cammy (Kylie Minogue)
  • Sawada (Kenya Sawada)
  • Balrog (Grand L. Bush)
  • Blade (Alan Noon)
  • Bison (Raul Julia)
  • Akuma (Ernie Reyes, Sr.)
  • Zangief (Andrew Bryniarski)

Obs.: embora o filme conte com o universo expandido de Street Fighter II, vemos uma quase invisível presença de T. Hawk no enredo. Acredito que o índio não tenha ficado tão triste de ficar de fora da festa dos arcades.

Mesmo com todo o respaldo negativo da crítica, os desenvolvedores continuaram passando vergonha lançando uma versão para PS1 e para Sega Saturn dessa monstruosidade.

Por que é tão ruim assim?

Basta analisar a qualidade gráfica e a jogabilidade de Street Fighter: The Movie e as respostas estarão claras como a água.

Gráficos

Ao invés de gráficos pixelizados ou sprites bem desenhados para representar os personagens, os desenvolvedores do jogo simplesmente fizeram os lutadores como cópias fiéis dos atores. Parece que fotos de baixa resolução dos atores foram recortadas e coladas em um cenário modelado em 3D.

Som

Os efeitos sonoros do jogo não são dos piores. Todos os efeitos são bem limpos e facilmente compreendidos. O ponto negativo está na dublagem dos personagens. Não há emoção nenhuma ao se reproduzir os golpes. Basta ouvir Ryu soltando um Hadouken, por exemplo, e você irá entender.

Enquanto em Street Fighter II o grito vem com toda a força do interior do personagem, em Street Fighter: The Movie parece que ele fala com a voz do Bisonho (aquele burro depressivo dos desenhos do Ursinho Pooh).
Como curiosidade, ouça o narrador falando o nome de Ryu – parece que ele diz “Raio”. Tampouco é possível ouvir falas clássicas como o Tiger Robocop e Ataque das Corujas.

Jogabilidade

Os comandos até que são bem responsivos, sendo uma ótima qualidade para um jogo de luta. Entretanto a movimentação dos personagens é ridícula pela falta de sprites. Um chimpanzé dançando tango possui uma melhor movimentação que os lutadores de Street Fighter: The Movie. Em um jogo com gráficos infantilizados como Tibia é aceitável ter uma falta de fluidez nos movimentos, mas em uma tentativa de reproduzir pessoas de verdade, essa falha apenas deixa o jogo pior.

Street Fighter: The Movie – Veredicto

Por uma singela homenagem ao falecido Raul Julia (que fez uma bela atuação), talvez valha a pena assistir o filme. Mesmo com toda a bizarrice do enredo de Street Fighter: The Movie, pode ser divertido ver algumas cenas de pancadaria entre vários atores desconhecidos fazendo cosplay de nossos personagens favoritos do mundo dos videogames. Entretanto, nada justifica jogar Street Fighter: The Movie. Em todos os sentidos, essa será uma péssima escolha.

Caso você seja corajoso o suficiente para encarar o jogo, vá em frente. Porém, não diga que não lhe avisamos!

Vídeo – NÃO ASSISTA!!

Se você apertar o play, significa que é corajoso o suficiente para desperdiçar 20 minutos do seu dia. Assista por sua conta e risco!!

Street Fighter: The Movie (Arcade) Playthrough as Ryu (Fonte: TheInnocentSinful)

https://www.youtube.com/watch?v=X1ED3eTW5hw

Raul Julia – Curiosidades

  • Street Fighter: The Movie foi o último filme da carreira de Raul Julia;
  • Ele morreu em 24 de outubro de 1994, antes mesmo do lançamento do filme;
  • O papel de M. Bison rendeu ao ator dois prêmios Saturn Awards por sua brilhante atuação;
  • A causa de sua morte foi um câncer no estômago, o qual o ator já convivia há algum tempo. É possível ver sua aparência pálida durante o filme;
  • O ator só aceitou o papel por pensar que ele o aproximaria dos filhos, que eram fãs de Street Fighter.
Picture of Lucas Rodrigues

Lucas Rodrigues

Gamer desde que tem memórias de sua infância, a paixão pelos videogames iniciou-se no Mega Drive e teve seu ápice no PS1 com os JRPGs (a franquia Final Fantasy foi a protagonista). Trabalha como analista de sistemas e designer de jogos. Possui mestrado em Imagem e Som em andamento pela Universidade Federal de São Carlos, onde desenvolve pesquisas sobre o mercado independente de jogos brasileiros. Sempre escolheu o Squirtle como pokémon inicial e possui alinhamento Neutral Good.

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