Pesquisar
Close this search box.

Demon’s Crest, ação e exploração de qualidade no SNES

compartilhe!

Jogos de plataforma coloridos e protagonizados por mascotes carismáticos eram uma parte significativa da biblioteca do Super Nintendo. Sair desse modelo poderia significar certo prejuízo nas vendas. Mas quando algum título chegava às prateleiras fugindo do previsível de forma competente, as chances de chamar a atenção do público eram muito maiores.

Capítulo de uma lenda

Esse foi o caso de Demon’s Crest, jogo produzido pela Capcom e lançado para o 16-bit da Nintendo em 1994, trazendo uma interessante mistura de elementos de ação, plataforma, exploração e RPG.

No Japão, o game foi lançado com o título Demon’s Blazon

Demon’s Crest é o terceiro jogo de uma série spin-off de Ghosts ‘n Goblins. O primeiro título, Gargoyle’s Quest, foi lançado para Game Boy em 1990. E o segundo, Gargoyle’s Quest II, chegou às lojas em 1993, com versões para Nintendinho e Game Boy.

Jogue Gargoyle’s Quest, de Game Boy

No Super Nintendo, o game explorou bem as características do console e aprimorou os elementos dos títulos anteriores, criando um dos jogos mais conceituados da geração.

Das profundezas

Segundo uma lenda muito antiga, contada tanto no reino dos humanos quanto no reino dos demônios, existem seis poderosos cristais que, quando reunidos por um único portador, dão a ele um poder ilimitado na forma de um novo cristal do infinito. Com esse poder, qualquer um pode dominar todos os reinos.

Certo dia, misteriosamente, os cristais lendários surgem no reino dos demônios, causando uma verdadeira guerra em busca do poder ilimitado. Cada cristal corresponde a um elemento: fogo, terra, água, ar, tempo e céu. E assim, depois de uma longa jornada, um demônio chamado Firebrand conseguiu obter cinco desses cristais.

Na busca pelo poder que lhe faltava, o demônio venceu um poderoso dragão pelo poder do céu. Porém, ele saiu do confronto bastante ferido. Foi nesse momento de fraqueza, que Phalanx, um antigo rival de Firebrand, o emboscou, roubando quase todos os cristais e utilizando-os para governar os reinos.

Firebrand conseguiu ficar com um fragmento do cristal do fogo, que foi estilhaçado durante o confronto. E é com esse poder restante que o demônio parte em uma nova jornada em busca dos cristais e de se vingar de seu eterno rival, dando início, assim, aos acontecimentos de Demon’s Crest

Selo de qualidade Capcom

Além de contar com demônios e criaturas das trevas no enredo, Demon’s Crest traz uma atmosfera bastante peculiar, com destaque para a ambientação macabra, com direito a construções, florestas, castelos e ruínas antigas que lembram as famosas representações do mundo das trevas na literatura medieval.

Se o visual obscuro não é o suficiente, a trilha sonora, que conta com diversos arranjos melancólicos de piano e órgão, completam a atmosfera assustadora.

Por trás do visual mais contido, Demon’s Crest é um jogo de plataforma e ação na sua essência, com progressão lateral e inimigos surgindo de todos os cantos.

Mas ele vai além do que se via nos títulos tradicionais da época, trazendo elementos de metroidvania (antes mesmo da denominação ser cunhada), como as diferentes formas e ordens de explorar os cenários, e até elementos de RPG, como a possibilidade de melhorar as habilidades do personagem.

Essas melhorias podem ser feitas de diferentes maneiras, como coletando itens escondidos pelo cenário e, principalmente, com os cristais conquistados durante o jogo.

Cristais do poder

Cada cristal traz uma habilidade única para o demônio, que altera a sua aparência e modifica a forma do personagem interagir e progredir pelas fases. 

O cristal do fogo, disponível desde o início da aventura, dá ao personagem a habilidade de atacar com bolas de fogo. Além do ataque padrão, Firebrand também se agarra nas paredes e consegue pairar no ar, mesmo que brevemente. 

Cristal da Terra

Habilita as investidas, que permitem a Firebrand quebrar e empurrar pilares ao preço de não pode voar.

Cristal do Ar

Faz o demônio planar livremente muito mais alto, alcançando trechos do cenário antes inacessíveis, além de poder cortar árvores com rajadas de vento. 

Cristal da Água

Torna possível a exploração debaixo d’água, permitindo que o jogador respire e nade em trechos submersos. 

Cristal do Tempo

Torna Firebrand mais poderoso e resistente a danos, ideal para enfrentar os chefes do jogo, além de permitir voltar no tempo. 

Cristal do Paraíso

Conquistado apenas após completar o game com todos os outros itens, é a forma surpresa de Firebrand, tornando o demônio capaz de dominar todas as habilidades anteriores e ainda poder concentrar seu ataque normal. 

Possibilidades mil

O jogador também pode usar magias, poções e talismãs durante a jogatina para enfrentar inimigos, recuperar a vida e melhorar atributos de ataque, defesa e sorte. Mas quando se tem habilidades tão poderosas e úteis quanto as adquiridas pelos cristais, dificilmente você vai querer se valer de outra coisa.

O mesmo já não pode ser dito das poções. Prepara-se para recuperar a energia de vida sempre que for necessário, pois o jogo é dureza em diversos momentos. Os talismãs também são companheiros úteis na jornada. Embora difíceis de encontrar, alguns servem para conseguir mais ouro e até reduzir a quantidade de dano sofrida. 

Sobre a exploração das fases, elas são divididas em seis áreas, acessadas pelo enorme mapa, com um bonito efeito rotacional 3D vindo direto do Mode 7, no qual o jogador pode navegar livremente e escolher o seu destino.

Mas não pense que é só completar cada uma das fases uma única vez e terminar o jogo. Para progredir na aventura e liberar todos os itens e habilidades, é preciso explorar cada estágio sempre que adquirir uma nova habilidade dos cristais, pois existem trechos acessíveis apenas com determinados poderes. 

Arestas trevosas

Infelizmente, a maneira de alternar entre as habilidades e usar os itens não é muito prática. Diferente da série Mega Man X, que permite ao jogador trocar de arma com os botões de ombro, L e R, em Demon’s Crest é preciso acessar o menu sempre que for escolher uma nova forma para Firebrand.

Outro ponto negativo é a constante queda de frames em momentos com muitos inimigos na mesma tela. Infelizmente, essa é uma situação bastante comum na maioria das fases. 

Um lar nas sombras

Os estágios são relativamente curtos se forem encarados de forma linear. Mas poder retornar e encontrar passagens, itens e até chefes novos torna tudo mais divertido.

Alguns inimigos colocados de forma estratégica em locais mais complicados, porém, podem tornar alguns trechos bem irritantes. Mas se você curte um desafio que fica entre Castlevania e Mega Man, certamente vai adorar encontrar formas de superar os obstáculos e, principalmente, descobrir os padrões nos chefes no final de cada ato. 

Explorar cada fase a exaustão e derrotar todos os chefes é opcional. Em alguns momentos você realmente terá que retornar para conseguir um item importante para seguir no jogo. Mas saiba que obter todos os itens é importante para liberar um dos três finais diferentes desse que é um dos melhores jogos lançados para Super Nintendo.

Obrigatório

Com ótima variedade de jogabilidade e mecânicas de jogo, diversos segredos para descobrir, habilidades para dominar, ótimo visual  e uma interessante mistura de elementos aplicados a um jogo de plataforma e ação, Demon’s Crest é, sem dúvidas, um dos melhores jogos do Super Nintendo.

Demon’s Crest foi capa da revista Ação Games Nº 75, de janeiro de 1995

Caso você não tenha mais o 16-bit da Nintendo, nem se preocupe, pois existem diversas maneiras oficiais de jogar essa obra, pois o game foi relançado para Nintendo Wii, Nintendo 3DS e para o Nintendo Switch através do sistema de assinatura online da Nintendo. É só escolher a plataforma e se divertir.

Picture of Ítalo Chianca

Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

Veja também

Espaço da Velharada