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Lançado em meados de 2000, Marvel vs Capcom 2: New Age of Heroes é uma verdadeira salada de frutas, mas que, de alguma forma, funciona. Mesmo com alguns defeitos, o crossover da gigante dos quadrinhos com a casa dos jogos de luta trouxe um bom resultado, para o alívio dos jogadores.

Depois da chegada de X-Men vs Street Fighter, Marvel vs Street Fighter e Marvel vs Capcom, os fãs já aguardavam ansiosos pelo próximo hit da série de crossovers. Lançados entre 1996 e 1998, o trio de jogos serviu como resposta para o crescente sucesso de The King of Fighters, coroado com o ápice da Saga Orochi. A segunda metade da década de 1990 foi, sem dúvidas, um período glorioso para os fãs de jogos de luta.

É fã da série de Crossovers? Então ouve esse podcast que nós gravamos falando sobre todos os jogos da franquia!

I Wanna Take You For a Ride

Apesar de ainda carregar muito do DNA da série, MvC2 também rompeu com alguns pontos-chave da fórmula criada pela Capcom. Parte disso se deve a mudança de hardware, uma vez que o jogo não foi lançado para as já tradicionais placas CPS. Em vez disso, a Capcom optou por usar a placa NAOMI, abrindo espaço para gráficos tridimensionais, uma novidade na franquia.

Marvel vs Capcom 2 é um dos jogos de luta mais bonitos de todos os tempos

A outra parte das mudanças foi para simplificar o sistema de jogo, reduzindo os botões de ataque de 6 para apenas 4, tornando MvC2 mais fácil e acessível para jogadores menos experientes. Além disso, o sistema de combos também passou por mudanças drásticas, permitindo que os golpes se conectassem com mais facilidade. Para completar, o número de personagens de cada lado da arena também aumentou: em vez de batalhas em duplas, agora a porradaria seria disputada em trios. E mais: os lutadores que estão de fora podem ser acionados como strikers, aumentando a variedade de opções durante os combates.

Você pode chamar os personagens reservas como strikers

Essas transformações tornaram as partidas mais plásticas e dinâmicas, mas também abriram brechas para combos infinitos e apelações.

Um elenco inflado

X-Men vs Street Fighter trouxe 17 personagens selecionáveis. Em Marvel vs Street Fighter, esse número aumentou para 18 (contando Norimaro e desconsiderando os personagens secretos, que são apenas versões turbinadas do elenco original). Marvel vs Capcom enxugou um pouco e fechou com 17 lutadores (considerando Roll e Shadow Lady e ignorando os demais personagens secretos).

Se somarmos o total de personagens desses três jogos (e olhe que alguns vão se repetir, como é o caso de Ryu e Wolverine), chegamos a uma contagem de 52 personagens. Mas Marvel vs Capcom 2 foi além, com um total de 56 lutadores à disposição do jogador. Isso é, depois de desbloquear a maioria deles. Primeiro, vamos à lista:

Pelo lado da Marvel:

Blackheart, Cable, Captain America, Colossus, Cyclops, Doctor Doom, Gambit, Hulk, Iceman, Iron Man, Juggernaut, Magneto, Marrow, Omega Red, Psylocke, Rogue, Sabretooth, Sentinel, Shuma-Gorath, Silver Samurai, Spider-Man, Spiral, Storm, Thanos, Venom, War Machine e Wolverine (este em duas versões, com garras de adamantium ou de osso).

Pelo lado da Capcom:

Akuma, Amingo, Anakaris, B. B. Hood, Captain Commando, Cammy, Charlie, Chun-Li, Dan, Dhalsim, Felicia, Guile, Hayato, Jill, Jin, Ken, M. Bison, Mega Man, Morrigan, Roll, Ruby Heart, Ryu, Sakura, Servbot, Sonson, Strider Hiryu, Tron Bonne e Zangief.

Ah! Marcamos em negrito os personagens que fizeram sua estreia nesse jogo, ok? Alguns desses personagens fizeram ponta como strikers, mas não como lutadores selecionáveis. Além disso, estamos considerando apenas a série Crossovers, ignorando que alguns lutadores vieram de X-Men: Children of Atom e de Marvel Super Heroes.

A tela de seleção oferecia 3 opções após a seleção de cada personagem do trio: Alpha, Beta e Gamma. Essas variações influenciavam na ação do personagem quando era chamado como striker.

Ruby Heart, Amingo e o chefão, Abyss, foram criados exclusivamente para este jogo, sem participações relevantes em outros jogos da série. Abyss, aliás, que é um chefão bem ruim, sem personalidade ou propósito dentro da história. Depois de Apocalypse e Onslaught, esperávamos ver mais um dos grandes vilões da Marvel no final desse jogo. As opções eram muitas, tornando a escolha ainda mais infeliz.

Abyss possui 3 formas, que não valem por uma

Nas versões de Arcade e Dreamcast, o roast começa com apenas 24 personagens selecionáveis. Os outros 32 podem ser adquiridos na lojinha do jogo, com pontos que você recebe a cada jogatina. Também é possível comprar cores extras de roupas para todos os personagens.

Aspectos técnicos

Visualmente, Marvel vs Capcom 2 é um jogo bonito, além de um baita espetáculo luminoso. Essa é a síntese do que deve ser um arcade de sucesso: bonito, chamativo e barulhento!

Os cenários em 3D trouxeram um ar de novidade para a série, mas pecavam na falta de personalidade. Nos jogos anteriores, rolava uma pegada mais próxima dos quadrinhos, algo impossível de ser simulado em polígonos. Pelo menos naquela época.

Além disso, as arenas não parecem ter um propósito, servindo apenas de pano de fundo para as lutas. Não são cenários temáticos, não possuem ligação com nenhum personagem ou com a história. Mas são bonitos, e isso não dá pra contestar.

As músicas seguem o mesmo exemplo, sem que nenhuma seja memorável. Sem drama, sem conexão com os personagens, sem nada. Na real, a única música que ficou grudada na cabeça dos jogadores por todos esses anos foi o tema da tela de seleção de personagens, que você pode ouvir no vídeo abaixo.

Os personagens são, em sua maioria, gráficos reciclados de jogos anteriores. Não estamos condenando a prática, mas fica aqui como observação. É um ponto positivo, na verdade, imaginar que a Capcom já vinha criando esse estilo visual mais cartunesco desde a época de X-Men e Street Fighter Alpha, permitindo que os personagens pudessem se encontrar, sem gerar nenhum conflito visual.

Tron Bonne foi uma escolha ousada e divertida por parte da Capcom

Em síntese, Marvel vs Capcom 2 é um jogo marcante, por bons e maus motivos. Um elenco recheado e um jogo convidativo para jogatinas de dois jogadores é sempre bem-vindo. Além disso, fechou bem a série original de crossovers entre Capcom e Marvel, que só seria retomada em 2011, com Marvel vs Capcom 3.

O lado ruim da coisa foi ver que a simplificação dos comandos empobreceu as jogatinas, permitindo que os combos, que antes eram o ápice das lutas, terminassem como elementos obrigatórios e tão decisivos nos combates.

Longplay (World of Longplays)

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Eidy Tasaka

Redator e diagramador freelancer, apaixonado por jogos e revistas antigas, incentivado por um pai que sempre nutriu os mesmos vícios. Fã de RPGs japoneses e jogos de plataforma, divide seu tempo entre o Jogo Véio e as poucas horas de sono que possui.

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