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Os pilotos da revista Progames

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Se você cresceu lendo as clássicas revistas de videogame das décadas de 1990 e 2000, certamente lembra de Baby Betinho, Marjorie Bros, Marcelo Kamikaze, Lord Matias, entre outros personagens fictícios que assinavam as matérias dessas publicações.

Mas alguns desses pilotos tiveram uma “carreira” relâmpago no mercado editorial gamer brasileiro, como é o caso dos pilotos da revista ProGames.

O Nascimento da ProGames

Em 1993, chegava às bancas a primeira edição da revista ProGames. A publicação era uma parceria entre a Editora Escala e a rede de locadoras ProGames, que resultou em três edições históricas que foram a base para a criação da clássica revista Gamers que conhecemos tão bem.

Aliás, nós temos um texto assinado pelo criador da ProGames, o Ivan Battesini. Leia aqui!

Além das tradicionais colunas de notícias, cartas, análises e dicas, alguns detalhes chamam bastante a atenção nessas três edições, como a seção para lojistas, os quadrinhos do Capitão Ninja e os pilotos criados pela publicação para assinarem as análises dos jogos.

Na época, não era comum que os redatores e o editor assinassem as matérias das revistas de videogame com os seus próprios nomes. O Chefe da SuperGamePower que o diga. Desde a sua primeira edição, o editorial ficou a cargo do Capitão Ninja, personagem criado pelo artista Marcelo Cassaro, conhecido por seu trabalho em Tormenta e Holy Avenger.

Na primeira edição, o Capitão Ninja se apresenta como repórter, e disse estar trazendo a “revista de games mais variada e engraçada (e com os pilotos mais apelões) que você vai encontrar por aí.”

Esses pilotos, aliás, foram recrutados pelo Capitão Ninja de uma forma bastante inusitada, como ele revela no seu primeiro editorial: “foi dureza sequestrar nossos pilotos da escola, mas eles testaram pra vocês todos os novos lançamentos”.

Mas você lembra quem eram esses pilotos?

O time

Na primeira edição da ProGames, fomos apresentados a seis pilotos que analisavam e davam as notas paras os jogos. Sem muitos detalhes das suas personalidades, conhecemos Wolferrá, Senhor Off, Chu-Chi, Mister-X, T-90 e Daikon.

Cada um deles possui um visual bastante sugestivo, dando a entender quais tipos de jogos eles curtem apenas com base nos seus acessórios e pose.

Em cada jogo, os pilotos davam uma breve crítica e atribuiam uma avaliação com base em expressões que variam entre ótimo, bom, regular, ruim e péssimo. Eram avaliados quatro critérios: gráfico, som, desafio e diversão. A média deles dava a classificação final.

Na primeira edição, contudo, ainda não existia muita diferenciação entre as personalidades de cada piloto. Mas isso mudaria na edição seguinte.

Com estilo

Na segunda edição da revista ProGames, fomos apresentados definitivamente aos pilotos, com direito a ilustração colorida e descrição das suas personalidades. Inclusive, o título da página até parece uma leve alfinetada nos concorrentes.

CADA REVISTA TEM OS PILOTOS QUE MERECE…

Olha só o time de pilotos e críticos da ProGames. Como eles mesmos dizem: “tem cada figura…”

Chu-Chi

Originário das ilhas Chong Chong, esses baixinho invocado só quer saber de jogos de porrada! Dizem as más línguas, que é o irmãozinho mais novo do Blanka, mas ele alega que aquela cabeleira toda é só para detonar os games mais cabeludos.

Wolferrá

Este general alemão nasceu em meio a guerra dos videogames, parou no tempo e acredita que jogos bons são só os de estratégia de guerra, como Desert Strike, Super Battletank, Jungle Strike e outros.

Se acha o general da banda, mas não passa do pentelho do time. Apesar da sua cara de mau, é um cara legal e vai ter o maior prazer em responder sua carta. (N.E: Mas essa pose não dá, né?)

Mister X

Tem pinta de agente secreto, mas usa aquele casado só pra ter mais bolsos onde carregar cartuchos. Gosta de jogos complicados, bem cabeça, com muito mistério, embora não dispense uns tirinhos de vez em quando. Seu jogo preferido é The Super Spy, do Neo Geo.

T-90

Este é o parente menos famoso dos robôs C-3PO e R2-D, de Guerra nas Estrelas, mas aventuras espaciais não é com ele. É totalmente fanático por RPG – quanto mais complicado melhor! Dizem que ele tem um co-processador especial para esse tipo de jogo. Em compensação, seu chip de voz está com defeito e só sabe dizer “Baby, can i hold…”

Senhor Off

Este valente guerreiro samurai é fissurado em games de luta e personagens orientais, seu jogo de cabeceira é Dragon Ball Z. Nunca fala nada, dizem que ficou mudo quando mostrou a língua para o Guile enquanto ele soltava um Sonic Boom…

Daikon

Grande mestre do Babotsu, arte marcial que requer uma dieta de nabos. Quando criança, este jovem piloto foi encontrado pelos seus pais numa horta, agarrado a um nabo. Nosso correspondente tem uma tática infalível para confundir os inimigos (e também o redator da revista): fala, fala, fala e não diz nada” Ah, morou 5 anos na Cochinchina!

Com essas hilárias descrições, ficava mais fácil para o leitor se identificar com os personagens e criar mais apreço pelas suas personalidades e críticas. Mas não deu nem tempo se apegar a todos, pois ser piloto da ProGames não era garantia de continuidade no “trabalho”.

A própria edição trouxe um divertido comentário sobre isso, dizendo, no rodapé da página de apresentação do time, que “tá pintando um novo crítico no pedaço. Esse mês o malandro detonou Time Gal, mas mês que vem vai trampar que nem um condenado. Não percam!!!“.

Como um meteoro

A terceira edição da ProGames já chegou às bancas com um monte de novidades. A primeira delas era que a revista passaria a se chamar “GAMER’S”. Segundo o editorial do Capitão Ninja, “a Editora Escala e a Rede ProGames continuarão produzindo a revista, e ainda melhor, com seções novas, piadas novas.”

Mas algumas mudanças já chegaram nessa edição. E afetou diretamente o time de pilotos. Logo no título da matéria, está escrito:

APERTEM OS CINTOS: OS PILOTOS SUMIRAM!

O time de pilotos da proGames sofreu uma drástica reduzida na sua edição final. Segundo a matéria, “vocês que ambicionam pilotar para a PROGAMES, pensem bem! É um trabalho arriscado, alguns pilotos não sobreviver para figurar nesta terceira edição“. Mas, com todos os perigos, ainda assim pintou gente nova no pedaço.

Do time anterior, permaneceram o Daikon, o Chu-Chi e o Wolferrá. Mister-X, T-90 e o Senhor Off foram despedidos. Ou, melhor, foram substituídos pelo novo piloto citado na edição passada.

A “nova aquisição da PRO-GAMES” era Edward Champ, que após “conquistar trocentos campeonatos”, ele e o seu “inseparável boné estrearam nesta edição esbofeteando soldados romanos em Ateriz, patrulhou Cosmo Police, latiu Family Dog, esculachou Mazing Saga e finalizou Final Fight CD“.

Infelizmente, a trajetória de Edward Champ foi curta na ProGames. Assim como a dos seus colegas fictícios. Após essa terceira edição, chegava às bancas a edição 0 da GAMERS, chamada de GAMERS Especial. Essa edição era uma “pequena amostra do que está por vir”, tendo sido lançada enquanto a verdadeira edição 01 ficava pronta.

Tanto na edição de “pré-estréia” quanto na primeira edição que chegou semanas depois, em 1994, apenas o Capitão Ninja estava de volta. E, além de assinar o editorial, ganhou ainda mais espaço para o seus quadrinhos. Porém, os antigos pilotos não conseguiram sobreviver a mudança da revista e se tornaram pequenas lendas para aqueles que se divertiram com a breve passagem pela ProGames.

E você, caro leitor? Lembrava desse time? Quais os seus pilotos favoritos das revistas de videogame? Você também sonhava em ser piloto de uma revista de videogames? Conta aí pra gente nos comentários?

Scans das revistas utilizadas nesta edição:
Datassette / Retroavengers


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Ítalo Chianca

Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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