Você muito provavelmente já jogou ou viu alguém jogar Circus Charlie, mesmo sem lembrar do nome do jogo, tampouco da sua capa. Lançado em 1986 pela Konami, o jogo acabou se popularizando com as coletâneas “150 em 1” vendidas pela turma do tapa-olho, mas sem nenhuma posição de destaque, principalmente se vier no mesmo cartucho algum triple A tipo Super Mario Bros., Mega Man ou Castlevania.
Circus Charlie é aquele jogo que você, em um momento de tédio, decide jogar só pra ver como é e acaba vidrado por algum tempo até enjoar. Por se tratar de um jogo com poucas fases (que vão se repetindo sucessivamente), isso acontece relativamente rápido. Mas dá pra se divertir um pouquinho nesse durante!
Simplicidade acima de tudo
O jogo é dividido em cinco fases que vão se repetindo de forma sucessiva e com dificuldade crescente. Na primeira delas, você está montado nas costas de um leão e deve percorrer um pequeno trecho saltando por dentro das argolas em chamas. Tem um limite de tempo pra completar o trajeto, mas muito dificilmente tempo será um grande desafio aqui, principalmente depois que você se acostumar com o tempo de salto e velocidade do palhaço. Eis a listinha das fases:
Fase 1 – Você percorre um trajeto de mais ou menos 100 metros montado em um leão, saltando por dentro de argolas em chamas e coletando os saquinhos de dinheiro que aparecem pelo caminho para aumentar sua pontuação. Nível fácil.
Fase 2 – Aqui você percorre um outro trajeto em cima de uma corda, tendo que saltar por cima de macaquinhos para chegar até o outro lado da corda. Também é bem fácil, principalmente porque quase todos os macaquinhos ficam parados. O único desafio é desviar dos macaquinhos azuis, que vêm correndo em sua direção. Nível fácil.
Fase 3 – O cenário é o mesmo da primeira fase, só que agora você tem que se equilibrar e pular de bola em bola até o final do percurso. Bem fácil, principalmente depois que você domina a distância do salto. O jogo considera essa fase como sendo de nível médio.
Fase 4 – Agora é a vez de andar a cavalo, saltando ou desviando de plataformas suspensas. É possível controlar a velocidade do cavalo para facilitar nas manobras, apenas pressionando para frente ou para trás. Essa fase já é um pouquinho mais complicada. Nível médio para difícil.
Fase 5 – A última fase é também a mais chatinha de todas. Agora o nosso palhaço tem que atravessar todo o picadeiro, pulando de trapézio em trapézio e usando as camas elásticas para se ajustar ao timing das cordas. É possível fazer a corda se balançar mais rápido ou devagar, controlando com o direcional para frente ou para trás. É uma fase de nível difícil.
Completou essas 5? A sexta fase é uma versão um pouquinho mais difícil da primeira, assi como a sétima é da segunda, a oitava da terceira e assim sucessivamente.
Na versão de arcade tem uma fase a mais, e provavelmente uma das mais divertidas, em que você deve saltar pelos trampolins, desviando das cusparadas de fogo dos outros palhaços.
Aspectos técnicos
A proposta do jogo é ser simples mas ao mesmo tempo marcante, e isso os sprites e a trilha sonora conseguem traduzir bem. As músicas são bonitinhas, com destaque para uma versão divertida de “O Danúbio Azul”, valsa de Johann Strauss. Tudo muito simples, mas bem executado.
Longe de ser um primor, mesmo assim Circus Charlie fez parte da infância de muitas famílias brasileiras, já que o seu mote infantil o torna uma experiência bastante saudável, principalmente para crianças que estão tendo os primeiros contatos com um videogame.
Assim eram os jogos há trinta e poucos anos em sua maioria: despretenciosos, sem nenhum requinte de cinema ou necessidade de faer muito sentido. Você é um palhaço, faz coisas de palhaço e sabe-se lá se o jogo tem de fato um fim (eu devo ter ido até a fase 30 e nem cheiro do fim do jogo). A graça aqui talvez seja não ter fim, mais ou menos como um brinquedo de criança. O fim é você enjoar e trocar de jogo, enquanto Charlie continuará em seu mundo mágico de picadeiro, pulando macacos e andando a cavalo.
Circus Charlie também marcou presença nos arcades, no MSX, no SG-1000 e no Commodore 64, sem apresentar grandes mudanças com relação a versão de nintendinho. Vale pela curiosidade e pela nostalgia, já que o jogo pode, inclusive, ser encontrado com facilidade na App Store.
Vídeos
Video Game Pianist toca o tema da primeira fase enquanto faz malabarismo e recita os 60 primeiros dígitos decimais do Pi (!!) – (fonte: Video Game Pianist)