Ah, os computadores! Sempre tão inteligentes e prontos para nos servir. Basta fazer uma solicitação e apenas em alguns cliques somos recompensados com as maravilhosas informações que tanto desejamos. Já imaginou como seria difícil se as máquinas fossem burras e dependessem dos humanos para entender todas as nossas solicitações?
Bom, seja bem-vindo à realidade! Agora que você está disposto a aprender sobre o real funcionamento de equipamentos eletrônicos a fim de se tornar um mestre na criação de jogos, é importante saber que nossas queridas máquinas são tão rápidas quanto o Flash, mas tão burras quanto uma paçoca.
Quer aprender a virar um programador para jogos? Então se liga nas dicas que preparamos para você. Obviamente não dá para virar um exímio programador da noite para o dia apenas lendo esse texto, mas esperamos pelo menos indicar o melhor caminho para os iniciantes.
Pensando como um computador
Os primeiros passos para entender o que se passa na comunicação entre pessoas e máquinas é analisar como é o processo de interpretação da informação dos computadores. Para iniciarmos tal aprendizado, pense naquele seu amigo lerdo fazendo um sanduíche de presunto para você.
– Não sei fazer um sanduíche de presunto – ele afirma.
Tentando ser prático e objetivo, você diz:
– É fácil. Basta colocar presunto no pão.
Seu amigo volta com um pão coberto de presunto.
– Não é assim! – você pacientemente tenta explicar de maneira melhor. – Coloque o presunto dentro do pão.
Dessa vez, o amigo atrapalhado enfia o dedo na lateral do pão e faz um buraco nele. Após isso, ele encaixa algumas fatias de presunto naquele buraco e o objetivo está cumprido: presunto dentro do pão!
– Nãããão!!! Corte o pão primeiro!
Seu amigo pega uma tesoura e começa a fazer picadinho de pão…
Você pode até pensar que isso é absurdo, caro leitor, pois qual é o ser humano que não sabe fazer um sanduíche tão simples? Mas imagine projetos mais complicados que envolvam processos desconhecidos pelo time que o está executando. As instruções devem ser extremamente detalhadas para não haver quaisquer dúvidas sobre as etapas a serem feitas.
Computadores são iguais seus amigos lerdos: só fazem a coisa certa se forem perfeitamente instruídos.
Fazendo um sanduíche de presunto do modo certo
Imagine que o computador fará um sanduíche de presunto para você. Presunto fatiado, um pão, ketchup, uma faca e um guardanapo estão disponíveis sobre uma mesa, prontos para serem usados. Também considere que o computador possui duas mãos. Vamos começar?
Acompanhe a sequência de passos correta para que nenhum erro seja cometido:
- Pegar pão com mão esquerda
- Pegar faca com mão direita
- Cortar pão ao meio usando faca
- Colocar faca na mesa
- Abrir pão
- Pegar presunto com mão direita
- Colocar presunto dentro do pão aberto
- Mais presunto?
- Sim – volte ao passo 6
- Não – continue para o passo 9
- Se quiser ketchup
- Abrir tampa do frasco de ketchup
- Pegar o frasco com a mão direita
- Despejar um pouco de ketchup no pão aberto
- Colocar o frasco de volta sobre a mesa
- Fechar o frasco de ketchup
- Fechar pão
- Colocar pão sobre o guardanapo
- FIM
Agora seu amigo não poderá errar!
Repare no passo 8. Aquilo é chamado de Estrutura de Repetição. É possível utilizá-la quando uma instrução (ou um conjunto delas) precisa ser repetida várias vezes, até uma condição ser atingida (nesse caso, até o presunto ser suficiente para a pessoa que está fazendo o sanduíche).
No passo 9 temos a famosa Estrutura de Seleção, que impõe condições para que determinadas instruções sejam realizadas. Nesse caso, o sanduíche somente receberá ketchup se a pessoa que o está fazendo quiser. Caso as condições impostas não sejam verdadeiras, quem estiver interpretando o código acima apenas ignorará os passos contidos naquele bloco de informação.
Como treinar algoritmos?
Um algoritmo é uma sequência de passos finita que leva a um objetivo, também em tempo finito, seja ele para fazer um sanduíche de presunto, lançar um foguete ou até mesmo construir jogos. Para dominar a arte dos algoritmos, pegue uma folha de papel, um lápis, trace seus objetivos e comece a construir a sequência de passos para concluir sua tarefa.
Como sugestão, pegue tarefas cotidianas como trocar uma lâmpada, fazer macarrão instantâneo e ir ao mercado. Depois, passe para atividades mais complexas. Pense até mesmo qual é a sequência de passos que o seu personagem de videogame favorito deve seguir para concluir a primeira fase do seu jogo.
Parece uma atividade boba no começo, mas é algo extremamente importante para quem quer aprender a dominar a arte do Game Design – e também muito divertida. Você aprenderá muito por trás de todos os processos que tentará decifrar. Então, mãos à obra!
No próximo ato veremos o funcionamento de jogos simples em interface texto usando apenas lógica, sem nos preocuparmos com linguagens de programação, que também serão abordadas em breve.
Fez um algoritmo e quer conferir se o trabalho está bem feito? Deixe nos comentários sua sequência de passos e o objetivo que os véios dão uma conferida pra ver se você não esqueceu nada. Fique ligado para não perder o próximo texto!