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Com mais uma excelente Brasil Game Show encerrada, já ficamos na expectativa de quais atrações e jogos poderemos vivenciar na próxima edição do evento. Enquanto isso não acontece, vale a pena relembrar tudo de legal que rolou durante a feira.

Aqui no Jogo Véio, a nostalgia e os jogos de nossa infância sempre são o foco do trabalho, mas também não deixamos passar desapercebidos os games que têm como inspiração as grandes obras do passado. E o lugar certo para achar jogos assim lá na Brasil Game Show foi a Avenida Indie. É sempre bom ver que as aventuras eletrônicas que fizeram nossa infância mais feliz ainda vivem pelas mãos habilidosas dos desenvolvedores brasileiros, verdadeiros desbravadores do mercado nacional. Vamos conferir agora alguns desses games que, carinhosamente, chamamos de Quase Véios:


Adore

Cadabra Games

“Uma mistura de Diablo com Pokémon“, foi uma das frases mais ouvidas por Diogo Carneiro (ilustrador e game designer) durante a BGS. Mesmo tendo suas raízes em Starcraft e MOBAs como League of Legends, um feedback desses não tem como ser ruim. E, de fato, não é! Adore é um RPG de ação com câmera isométrica no qual o personagem principal não possui nenhum ataque nem poder especial.

Em compensação, é capaz de capturar e conjurar criaturas ao longo da jornada, podendo utilizar até quatro delas ao mesmo tempo. Criaturas conjuradas em estátuas espalhadas pelo mapa (daí o nome Adore que, em tradução livre, quer dizer adorar e/ou venerar) são mais fortes, mas gastam gold (moeda corrente no game) que também é utilizado para se curar. As criaturas capturadas, por outro lado, gastam energia na hora da captura para livrá-las da terrível corrupção que assombra o mundo do game. Com mecânicas variadas e interessantes — como direcionar o ataque de seus companheiros e até controlar os monstrinhos diretamente, além dos gráficos caprichados e animações fluídas —, Adore já mostra a que veio e vale a pena ficar no radar de todo gamer que curte jogos indies e de qualidade.

Mesmo sem contar com pixel art, não podíamos deixar de conferir esta nova promessa da cena independente (que ainda não possui data de lançamento). Afinal, qual véio não gosta de capturar criaturas e andar pelos mapas com visão isométrica despachando todos os inimigos que aparecem pelo caminho?

Trajes Fatais

Onanim Studio

Velho conhecido da galera, Trajes Fatais passou por uma reformulação quase que completa, trocando de motor gráfico, entre outras coisas, mas que, nesta edição da BGS, veio com uma versão de jogo bem sólida, apesar dos poucos personagens.

Em sua nova fase de desenvolvimento, agora na Unity, o game conta com uma versão melhorada dos gráficos em pixel art, que fizeram sucesso desde o nascimento do game, e um sistema de luta reformulado. Cada personagem possui quatro golpes, sendo dois deles geradores de Gana, que é a barra de especial em Trajes Fatais. Os outros dois causam mais dano, porém, gastam sua Gana. Com a barra cheia, é possível executar os golpes especiais, que escurecem a tela e enchem de porrada seu adversário. Mas a Gana não serve apenas para causar dano ao inimigo. Ao zerar a barra de energia, a Gana serve como uma sobrevida para o jogador, na qual os golpes recebidos vão reduzindo-a até o lutador ser derrotado. Cabe ao jogador decidir se quer gastá-la com um último e derradeiro especial, que pode virar o jogo, ou ser mais conservador e tentar virar o jogo sem queimar seus últimos suspiros.

Com previsão de entrar em Early Access ano que vem, o stand de Trajes Fatais foi um dos mais concorridos na Avenida Indie e certamente serviu como termômetro para demonstrar que o público ainda está interessado no jogo, mesmo com seu lançamento adiado. Com cenários bonitos, personagens genuinamente brasileiros e gameplay fluído e fácil de aprender, o game promete cada vez mais.

Esquadrão 51

Loomiarts

Um shoot ‘em up em preto e branco inspirado em filmes antigos, que coloca o jogador na pele de um piloto de avião combatendo uma invasão alienígena. Tem coisa mais véia que isso?

Fãs e não fãs do gênero certamente vão curtir destruir espaçonaves alienígenas com suas máquinas voadoras por cenários com muita ação e, principalmente, muitos tiros. Durante nossa breve missão, pudemos ser surpreendidos e derrotados por discos voadores (alguns enormes) vindos de todos os lados. Um verdadeiro caos aéreo. A estética inspirada nos filmes da década de 1950 foi retratada fielmente e pode ser conferida por meio dos diálogos, cutscenes e animações. Se O Dia em que a Terra Parou, clássico de 1951, fosse transformado em um game, seria muito parecido com Esquadrão 51.

Com lançamento estimado para o primeiro trimestre de 2019, a versão final do game contará com seis fases e quatro aeronaves distintas, além de multiplayer cooperativo local para dois jogadores, já que derrubar discos voadores em dupla é muito mais legal.

Josh Journey

Provincia Studio

Mais um gênero clássico marcando presença na BGS: beat ‘em up. Pelas mãos dos talentosos irmãos Iuri e Guilherme Araújo, criadores do Provincia Studio, especializado em animações e ilustrações, nasceu Josh Journey. Um beat ‘em up marcado pelas belas animações e movimentos dos personagens que se aventuram por paisagens coloridas e cheias de perigo.

Em Josh Journey, você deve batalhar pelos cenários com muitos inimigos com o objetivo de destruir totens malignos que surgiram em todas as províncias, emanando criaturas cruéis e violentas que tornaram a vida dos habitantes um pesadelo. Em nosso tempo com o game, jogando com o guerreiro Josh e a feiticeira Melina, deu para ter noção do que nos espera quando o jogo finalmente for lançado: um gameplay de primeira, com muitos combos entre os personagens e centenas de inimigos a serem derrotados. Com origem em um curta metragem feito pelo estúdio, o preciosismo visual continua em alta em Josh Journey e todos os gráficos foram desenhados a mão, com momentos em que a câmera se afasta mostrando todo o cenário e sua exuberância.

Mesmo sem data de lançamento prevista, vale a pena manter Josh Journey e seu mundo fantástico no radar. Um beat ‘em up para até quatro jogadores em que as habilidades dos heróis se complementam, abrindo caminho com muita porradaria e trilha sonora de primeira.

Try. Die. Repeat.

Criado em apenas sete dias durante uma game jam, Try. Die. Repeat. é um game de plataforma feito em pixel art e desenvolvido por apenas uma pessoa, Rodolfo Valezin. A versão apresentada na BGS é um upgrade dessa primeira versão, apresentando cenários e puzzles mais elaborados.

Neste game que lembra bastante Super Meat Boy, a morte é essencial para o seu progresso. Toda vez que o personagem morre, sua cabeça fica no cenário, podendo ser puxada e empurrada. Sem elas (sim, elas, já que você precisa morrer várias vezes) alguns obstáculos tornam-se intransponíveis. Seja para se livrar de um perigo ou apenas para pular grandes distâncias, a morte será sua melhor companheira. Durante a demo, deu para ver que sua cabeça tem mil e uma utilidades: alcançar escadas, fazer peso para ativar botões, criar plataformas e até proteger contra lasers mortais.

Desafiador na medida certa e com uma trilha sonora estimulante, Try. Die. Repeat. é um prato cheio para quem gosta de jogos de plataforma cheios de puzzles e obstáculos a serem ultrapassados.

Gravity Heroes

Studica Solution

Um game 2D feito em pixel art no qual quatro heróis, conhecidos como Gravity Heroes, devem combater hordas e mais hordas de inimigos através de arenas diversas. Até aí tudo bem, nada demais, não é? Mas a grande sacada do game é que, ao toque de um botão, você pode alterar a gravidade do seu personagem, tornando-o um verdadeiro escalador de paredes.

No mundo de Gravity Heroes, humanos e robôs inteligentes conhecidos como sintéticos, vivem em harmonia, sem grandes conflitos. Até que recentemente, multiplas ocorrências de grupos de robôs atacando a população têm sido registradas. Cabe a você e seus amigos investigarem e resolverem a situação. Tivemos a oportunidade de jogar uma partida em dupla e a diversão foi garantida. Os inimigos variados e os perigos da própria arena fazem com que você precise trocar de gravidade a todo instante, tornando as partidas intensas e cheias de ação. Mesmo com controles fáceis e intuitivos, a troca de gravidade demora um pouquinho até se acostumar, mas depois que você fica confortável com os controles, o jogo brilha com seu combate dinâmico.

Com previsão de lançamento para Steam e Playstation, e posteriormente para Xbox e Switch, Gravity Heroes fez bastante sucesso durante a BGS, mostrando que a nostalgia sempre estará em alta, com seus gráficos pixelados e todo o cuidado que a equipe de desenvolvimento teve para tornar a experiência tão retrô quanto ela pode ser.

Yokai Killer: Shuten Doji

Dark Paladin Studios

Em Yokai Killer: Shuten Doji, o 2D se mistura com 3D de maneira muito interessante dando profundidade ao já conhecido pixel art, resultando em uma identidade visual única e agradável de se ver.

Neste representante do estilo metroidvania, a temática é oriental. Você é Raiko, um samurai a mando do líder do clã que, durante sua missão de resgate, cai em uma emboscada e se vê sozinho em uma caverna cheia de criaturas sobrenaturais, todas do folclore japonês. Apesar de estar em estágio alpha ainda, o game já apresenta uma jogabilidade muito boa, na qual os movimentos do samurai são rápidos e muito responsivos. O gameplay no estado atual consiste em um botão de ataque, um de pulo e um de esquiva, essencial para o sucesso durante os combates. A variedade de criaturas durante nossa aventura foi grande, mostrando o excelente trabalho de pesquisa sobre a cultura japonesa que a equipe desempenhou.

Com bastante feedback do público durante o evento, o time de desenvolvimento já está trabalhando em diversas melhorias, tornando Yokai Killer uma ótima promessa para o ano que vem.

Lenin – The Lion

Neste RPG sem combate, Lenin, o leão albino do título, vem chamando atenção há um tempo, já que o game trata de assuntos sérios e profundos como depressão e auto aceitação.

Por ter nascido albino e diferente dos outros leões, Lenin batalha para descobrir seu lugar no mundo, onde nem a própria família o compreende. Em sua vila, constantemente sofre bullying dos outros moradores, o que o leva a um quadro depressivo que pode piorar ou melhorar, dependendo das escolhas do jogador durante o jogo. Lenin – The Lion conta com inúmeros puzzles e questões do cotidiano que, dependendo da forma como são conduzidas, levam a diferentes finais como todo bom RPG.

Já existe uma demo disponível nas plataformas Game Jolt e itch.io, com previsão de lançamento ano que vem no Steam, quando o game finalmente estiver finalizado. Com influência de jogos como Earthbound e Undertale, este RPG certamente nos levará a uma reflexão sobre a vida e como enfrentamos os obstáculos apresentados por ela.

Insania

Alecfu Studio

Fugindo um pouco do pixel art para vivenciar a nostalgia dos primeiros games de terror, chegamos a Insania. Um game em primeira pessoa que se passa em um hotel abandonado e cheio de tensão no ar.

E tensão é justamente o objetivo da equipe que abriu mão dos famosos jump scares para criar uma atmosfera de suspense contínua. Muita exploração e solução de puzzles serão necessários para progredir pelo local e revelar seus segredos. Durante nossa experiência com o game, pudemos vivenciar isso em primeira mão quando uma série de quebra-cabeças com caixas precisou ser resolvida para que conseguíssemos avançar. Até que por um belo descuido, caímos em um buraco e chegamos ao fim de nossa aventura. A sensação era de que a qualquer momento algo aconteceria, o que certamente maximizou nossa atenção ao desbravar o velho hotel.

Com inspirações em games como nosso velho conhecido Silent Hill, Insania agora busca sucesso em uma campanha de financiamento coletivo no site IndieGoGo, para que possa ser finalizado e chegar às nossas ansiosas mãos.


Com uma lista dessas, está mais do que provado que nostalgia e jogos indies andam de mãos dadas no mundo dos videogames e tem espaço em eventos de grande porte, como é a Brasil Game Show.

Pela movimentação do público na Avenida Indie, sempre cheia, o futuro dos games que resgatam nossas lembranças de infância está mais do que garantido. E pelas mãos talentosas de inúmeros brasileiros que buscam deixar sua marca na indústria, sobrepujando todas as dificuldades inerentes ao desenvolvimento de games no Brasil, esse futuro tem tudo para ser brilhante.


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Eduardo Paiva

Gamer desde sempre, redator desde agora. Jogou de Top Gun, Enduro e Pitfall até Dragon Age, Assassin’s Creed e GTA V. Formado em Ciência da Computação, ainda não desistiu do sonho de desenvolver seu próprio jogo e se aprofundar nesse complexo processo de criação.

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