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Space Invaders e a falta de moedas de 100 ienes no Japão

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Abrimos o Diário de Memórias do Véio para relembrar um dos momentos mais curiosos da história dos jogos eletrônicos. Durante a febre do jogo Space Invaders nos arcades japoneses, a utilização das moedas de 100 ienes nas máquinas causou um grande sumiço das moedas no país.

Espaço pixelado

Em junho de 1978, era lançado um dos jogos mais importantes da história dos videogames: Space Invaders. O game foi uma criação do desenvolvedor japonês Tomohiro Nishikado, que inspirou-se nas mecânicas do jogo Break Out, e na temática e ambientação do livro A Guerra dos Mundos e do filme Star Wars. 

Essa mistura da mais pura ficção científica com a jogabilidade precisa e viciante do jogo da Atari gerou uma obra sem precedentes para o mercado de jogos, contribuindo diretamente para o sucesso da mídia no mercado. 

Em Space Invaders, o jogador controla a arma  “Laser Base”, que fica no canto inferior da tela disparando raios em aliens que descem a tela, todos organizados em filas. Quando os inimigos vão sendo derrotados, novos padrões de ataque vão dificultando a vida do jogador. 

A cada nova onda de inimigos, o jogo exige e mais reflexo e habilidade do jogador. E diferente dos jogos modernos, em Space Invaders não existe um último chefe para ser derrotado e marcar o final do jogo. O objetivo era obter a pontuação mais alta possível. Isso fazia com que as mesmas pessoas jogassem o título várias e várias vezes, sempre na busca por superar o recorde anterior.

Para cativar

A ótima jogabilidade, o desafio sempre ascendente, e a estética moderna e futurista cativaram os jogadores por toda a parte. Tudo no jogo era equilibrado. A diversão, o desafio e a recompensa. O jogo foi criado justamente para que o jogador pudesse se sentir habilidoso e desafiado a medida que avançava nas novas telas.

A qualidade do título refletiu no sucesso comercial quase instantaneamente. Segundo o próprio Tomohiro Nishikado, em entrevista para a série GDLK da Netflix, cerca de quatro meses após o lançamento de Space Invaders, ele foi a um dos escritórios da Taito e viu um caminhão entregando dinheiro, e a traseira estava baixa, de tão pesado. Sacos de dinheiro eram descarregados do caminhão, que arrastava no chão.

O caminhão lotado de dinheiro contava com sacos e mais sacos de moedas de 100 ienes, utilizadas para liberar novas partidas em Space Invaders. Essa cena se repetiu por meses. Não restava dúvidas que os japoneses estavam completamente apaixonados pelo jogo, o que rendeu uma enorme quantidade de dinheiro para a Taito, que era a fabricante do jogo no Japão. 

De outro mundo

Tendo como base a cena descrita por Tomohiro Nishikado, é fácil imaginar que na velocidade que o jogo obtinha sucesso, seria cada vez mais difícil conseguir moedas em abundância. Principalmente com os números astronômicos que o game gerava.

No final de 1978, a Taito já tinha instalado mais de 100.000 máquinas e arrecadado mais de US$ 600 milhões apenas no Japão, segundo artigo “Can Asteroids Conquer Space Invaders?”, da Electronic Games em 1981. 

Em estimativa publicada no livro “Game On! Video Game History From Pong and Pac-Man to Mario, Minecraft and More” (Hansen, Dusty-2016), até 1982, o game já tinha arrecadado quase 4 bilhões de dólares.

Mesmo hoje, com os jogos eletrônicos estabilizados como uma mídia forte de entretenimento, esses já são números altíssimos.Para a época, onde os videogames ainda eram uma diversão recente para a garotada, Space Invaders era uma coisa de outro mundo. 

Cadê as moedas?

Com milhões de moedas de 100 ienes sendo usadas em máquinas de Space Invaders em boa parte do Japão, era inevitável que em alguns lugares, principalmente os mais afastados das grandes cidades, as moedas se tornassem escassas. 

Outro fato curioso que pode ter contribuído para a ausência de moedas, é que entre 1978 e 1979, a própria produção de moedas foi menor no Japão se comparado a anos anteriores, como revela o artigo “Space Invaders targets coins”, publicado por Mark Fox em 2012.

Vale destacar, no entanto, que as moedas não desapareceram por completo. Na verdade, as moedas se tornaram menos abundantes. As moedas não ficavam para sempre nas máquinas. Os donos dos fliperamas recolhiam as moedas e, geralmente, as depositavam em bancos. Nos bancos, as moedas voltavam gradativamente a circular, como concluiu Mark Fox em “Space Invaders targets coins”.

O problema era que as máquinas recebiam um número absurdo de moedas por dia. E, até que os bancos distribuissem as moedas novamente ao mercado, uma hora ou outra elas se tornavam escassas por algum período. 

Diário do Véio

Gostou de relembrar desse importante momento da história dos videogames? Tem alguma outra página do Diário do Véio que você gostaria que conhecer? Conta aí para gente nos comentários. 


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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