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Sabe quando tentamos lembrar de algo que marcou muito a nossa infância, mas tudo que conseguimos são pequenos flashs? São assim as minhas memórias com o Mega Drive, saudoso console da Sega que rivalizou com o Super Nintendo durante a Guerra dos Consoles da geração 16-bit, e que será relançado ano que vem.

Lembro tão claramente da primeira vez que entrei em uma locadora, sentei em uma cadeira de plástico branca, segurei um controle e ajudei um encanador gordinho a salvar a sua amada princesa, que tenho raiva de mim mesmo por não conseguir recriar, em minhas memórias, os momentos que passei com aquele outro videogame que nem mesmo o nome eu sabia na época.

Desejo de criança

A minha primeira lembrança do Mega vem do meu pai me levando até a casa de um garoto que alugava o próprio Mega Drive no final de semana. Eu era muito pequeno, e tudo que consigo lembrar é do barulho de várias TVs ligadas simultaneamente, misturado com o som de conversas e risadas de outros garotos. Eu ficava doido para jogar, mas como o meu pai fazia questão de dizer: eu era pequeno demais para jogar.

Fui crescendo e inevitavelmente me envolvendo com o mundo dos games. Aos quatro anos, já estava curtindo Super Mario World graças ao dono da locadora que disse ao meu pai que eu deveria aprender a jogar Mario, pois era mais simples. Só depois é que eu poderia jogar no Sega, como chamavam o Mega Drive por aqui.

locadora sega

Joguei Mario e me apaixonei. Passei praticamente um ano inteiro até conseguir concluir a jornada. Mas e o Mega que eu tanto queria jogar? Pois é, envolvido com a turma do Reino do Cogumelo, tudo que eu lembro do “videogame dos adultos” são relances de quando eu dava uma rápida espiada na TV do lado e via um porco espinho (só descobri que Sonic é um ouriço muitos anos depois) cortando a tela em alta velocidade.

Quando eu estava grande o suficiente para jogar no Mega Drive, o console já não fazia mais parte do acervo da locadora. Consigo lembrar da frustração do dia que cheguei pedindo para jogar Moonwalker, e o dono da locadora dizendo que havia vendido todos os Mega para comprar um PlayStation. Pior mesmo era ver o pôster do Sonic na parede e lembrar que eu não tinha tido tempo de jogá-lo,

Mega amigo

Também sem muita clareza nas lembranças, viajo até a minha segunda memória com o Mega Drive. Era final da década de 1990, quando um novo aluno chegava, no meio do ano, na minha turma da escola. O nome dele era Bruno, filho do novo pastor da cidade. Não faço ideia de onde eles vinham, mas sei que foram morar perto da casa dos meus pais.

Como qualquer garoto que chega em uma nova cidade, Bruno estava com dificuldades para fazer novas amizades. Vendo o garoto brincar sempre sozinho na rua, a minha mãe teve a ideia de me obrigar a brincar com ele. Eu, resistente, não gostei muito da ideia no inicio, mas aceitei o desafio. Chamei o garoto para jogar bola, mas ele disse que preferia brincar em casa. Nessa, ele perguntou se eu sabia jogar videogame. Resultado: já éramos melhores amigos.

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Ansioso para jogar, lembro de voltar em casa correndo para avisar que iria jogar videogame na casa do Bruno. Com aquele sorriso de quem diz ‘eu sabia que seriam amigos”, a minha mãe só pediu para que eu não voltasse muito tarde. Mas voltar tarde era tudo que eu mais queria depois que descobri que o videogame do Bruno era um Mega Drive.

Sem nunca ter jogado no console, lembro de ficar extasiado com a qualidade dos jogos. Sonic 2, Moonwalker, Road Rash, Vectorman, Virtual Bart, Mortal Kombat e tantos outros jogos desconhecidos, que não faço mais ideia do nome, fizeram a minha alegria durante dias de descoberta e diversão.

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Passava horas jogando com Bruno. Meu Super Nintendo nunca havia ficado tanto tempo parado. Mas, parece que o destino não queria que eu jogasse no 16-bit da Sega, pois logo o pai do meu amigo foi transferido para outra cidade. Lembro bem do momento da despedida. Foi difícil dar adeus. Não ao Bruno, dele pouco ainda lembro. Mas do Mega Drive. Esse, nunca mais eu vi e nunca mais joguei.

Paixão a distância

São com esses momentos curtos e lembranças incompletas que guardo um carinho especial pelo Mega Drive. Mesmo ficando do lado da Nintendo na Guerra dos Consoles, sempre admirei, mesmo distante, as virtudes do meu rival. Era uma paixão difícil de explicar. Pouco joguei, quase não vi jogarem, mas sabia que tinha algo especial ali, mesmo não querendo admitir.

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Lia escondido na locadora as análises dos jogos do Mega para que os meus amigos não vissem que eu tinha interesse pelo rival. Contar para alguém na época que eu tinha jogado Mega Drive? Nem pensar. Esse segredo eu guardei até hoje.

Não lembro claramente dos jogos, nem das fases, muito menos da exata sensação que é jogar Mega Drive. Lembro sim, de que vi meus amigos se divertindo muito com o console, como tenho visto hoje meus colegas de redação vibrarem com o retorno do console graças ao relançamento da TecToy. Já são quase 15 anos sem segurar o famigerado controle de três botões do Mega Drive, onde tudo que eu tenho são vagas lembranças de um videogame que apenas admirei a distância, mas que consigo sentir o tamanho da admiração de seus fãs até hoje.

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Será que ainda terei a chance de jogar os clássicos do Mega Drive no próprio console? Só o tempo dirá.


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Ítalo Chianca

Gamer que cresceu jogando com seus irmãos, lendo revistas sobre games e frequentando as antigas locadoras de videogame, hoje divide o seu tempo livre entre as jogatinas e os textos sobre games que costuma publicar no Jogo Véio e nos seus próprios livros (Videogame Locadora, Os videogames e eu, Papo de Locadora, Game Chronicles e Gamer).

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